Avião da FAB parou em Portugal antes de seguir missão de repatriação de brasileiros no Líbano

Mundo Lusíada com agencias

 

O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) cedida para a Operação Raízes do Cedro decolou da Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro (RJ), no início desta quarta-feira (02/10), com destino a Beirute, no Líbano, tendo feito uma escala em Lisboa. A viagem do Brasil até Portugal teve duração de 9 horas e 20 minutos, e a aeronave pousou na capital portuguesa às 14h10 (horário local), cumprindo rigorosamente o cronograma da missão.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) contabiliza cerca de 3 mil brasileiros que desejam deixar o Líbano, em meio à escalada das operações militares das Forças Armadas de Israel. É o número de pessoas que procuraram a Embaixada em Beirute com pedido de repatriação. A maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente está justamente no Líbano. Ao todo, 21 mil brasileiros vivem no país, avançou a Agencia Brasil.

Os ataques aéreos israelenses a várias regiões do Líbano provocaram, desde o último dia 17, a morte de mais de 1 mil pessoas, incluindo dois adolescentes brasileiros e seus pais, assim como um saldo de milhares de feridos. A situação em Beirute, a capital do país, é descrita como “tensa e terrível” por brasileiros que estão na região, com risco de guerra total.

O processo de repatriação dos brasileiros começa nesta quarta-feira, a FAB utiliza uma aeronave KC-30, com a previsão inicial de repatriar 220 brasileiros que estão em solo libanês, a partir do aeroporto de Beirute, que ainda permanece aberto. O voo faz escala para reabastecimento em Lisboa, tanto na ida quanto na volta. Outros voos ainda não foram confirmados, mas devem ocorrer ao longo dos próximos dias.

A autorização para a operação foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o Brasil fará a repatriação de brasileiros do exterior “em todo lugar que for preciso” e lamentou o comportamento do governo de Israel ao atacar o Líbano.

Além dos tripulantes operacionais, a tripulação será composta por militares da área de saúde (médico, enfermeiro, psicólogo), que estarão prontos para prestar o apoio necessário durante a missão.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a colônia brasileira no Líbano tem tido contato permanente com a embaixada brasileira. “Já estamos com uma lista que estamos preparando. Nesse primeiro voo serão cerca de 230, 240 pessoas no máximo. É a capacidade do avião, mas haverá outros na medida da necessidade”, explicou.

Portugueses

Já em Portugal, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação admitiu que poderão ser necessárias mais operações de repatriamento de portugueses do Líbano, após a retirada de 28 cidadãos nacionais e 16 familiares que chegaram no sábado a Lisboa, avançou a agencia Lusa.

“Há muitos detalhes nestas operações que nós não podemos revelar, que se prendem com o sucesso da operação, mas sobretudo com a segurança das pessoas” que foram retiradas do Líbano, e “ao garantir a segurança desta operação estamos a garantir a segurança de eventuais operações futuras”, afirmou Nuno Sampaio.

O governante falava no aeródromo militar de Figo Maduro, em Lisboa, após a aterragem, às 20:30 de sábado, de um avião KC-390 da Força Aérea Portuguesa (FAP) com 28 portugueses residentes no Líbano e 16 familiares diretos de outras nacionalidades, incluindo oito crianças, que solicitaram ajuda para sair do país.

“Há sempre essa possibilidade, tendo em conta que há pessoas que têm que organizar a sua vida. (…) Isto é sempre uma situação dramática, uma pessoa ter que deixar um país numa situação de guerra e há muitas pessoas que podem não querer ter deixar para trás a sua vida e podem, noutro momento, ter que sair”, acrescentou Sampaio.

Em comunicado conjunto, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional indicaram que “todos os passageiros foram transportados em segurança para o Chipre numa aeronave Falcon-50 da FAP” e que embarcaram sábado à tarde “num avião KC-390 da FAP com destino a Lisboa”.

A operação, salientou o secretário de Estado, permitiu que todos os “portugueses no Líbano que demonstraram vontade de sair do país às autoridades portuguesas” tenham chegado “com sucesso a Portugal”, felicitando a articulação com as Forças Armadas, em particular da Força Aérea, “que demonstraram a capacidade de resposta” num “terreno bastante delicado”.

“Não é a mesma coisa fazer este tipo de missão em tempo de paz e fazer com a situação que neste momento se vive no Médio Oriente e, em particular, no Líbano”, frisou.

Questionado se estão identificados mais portugueses no Líbano que possam precisar de ser repatriados, Nuno Sampaio respondeu apenas que “neste momento” são 28 os cidadãos nacionais e seus familiares diretos que foram retirados.

“A qualquer momento teremos sempre, como foi demonstrado agora, a capacidade de resposta para acolher outras situações que possam surgir, não é uma dimensão muito maior e é uma dimensão para a qual nós teremos capacidade de resposta”, assegurou.

O secretário de Estado explicou que “há sempre também nestas alturas solidariedade entre os países, em particular entre os países da União Europeia (UE)” e que “Portugal é sempre solidário com os outros países” e já houve situações no passado em que cidadãos portugueses também tiveram que ser retirados “através de meios de outros países, e isso pode também eventualmente acontecer no futuro”.

A ONU estima que mais de 1,7 mil pessoas tenham sido mortas no Líbano, incluindo mais de 100 crianças. Outras 346 mil foram forçadas a deixar suas casas. A escalada atingiu um ponto crítico quando o Irã lançou cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em resposta às mortes de líderes do Hezbollah e do Hamas.

 

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