Da Redação
Com EBC
A morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes na noite de 14 de março, no Rio de Janeiro, motivou atos em todo o Brasil e em capitais de outros países nesta quinta-feira. Segundo estimativa do PSOL, partido da parlamentar, foram organizadas mais de 20 manifestações no país. Foram realizados atos também em Lisboa, Porto, Buenos Aires, Montevidéu, Berlim, Londres, Amsterdã e Nova York.
No Rio, uma multidão esteve no centro da cidade, na Cinelândia, para homenagem à vereadora e ao motorista e cobram que os responsáveis sejam punidos. Manifestantes acenderam velas na Câmara dos Vereadores e também penduraram faixas com dizeres como: “Marielle Gigante” e “Não nos calarão”.
O prefeito Marcelo Crivella anunciou que dará o nome da vereadora Marielle a uma escola municipal em Pedra de Guaratiba, na zona oeste do Rio. A escola que terá o nome de Marielle Franco está com cerca de 70% da obra concluída e será inaugurada nos próximos meses. A unidade abrirá vaga para mais mil alunos na rede pública municipal, aumentando para quatro mil o número de crianças atendidas no complexo escolar da Estrada do Magarça, em Pedra de Guaratiba.
Milhares de pessoas ocuparam no início da noite de 15 de março o vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). As seis faixas de rolamento em frente ao prédio do museu foram bloqueadas ao tráfego de carros. Discursos comovidos se alternaram a gritos de palavras de ordem como “Marielle, presente”.
O ato na capital paulista também contou com a participação das percussionistas do instituto cultural Ilú Obá de Min, que tocaram tambores em homenagem a vereadora assassinada. Em seguida, a manifestação seguiu em passeata pelas ruas do centro da capital paulista.
Em Brasília, o ato começou às 17h e reuniu mais de 300 pessoas na Praça Zumbi dos Palmares, tradicional palco de manifestações no centro da cidade. Representantes de diversos movimentos sociais e partidos estiveram presentes para prestar homenagens, destacar a luta histórica de Marielle e cobrar apuração do crime.
Segundo Jacira Silva, diretora do Movimento Negro Unificado (MNU), a violência contra negros não é nova, mas a morte de Marielle e de Anderson significou o ápice de uma escalada que se amplifica no contexto da intervenção federal na segurança pública do Rio.
Na capital Curitiba, o ato teve início às 18h30 e tomou a Praça Santos Andrade, no centro. Segundo estimativa dos organizadores, aproximadamente 2.500 pessoas estiveram presentes. Os participantes se revezaram em mensagens de luto e enfatizaram a necessidade de lutar contra a violência contra a população negra e as mulheres.
“A gente sabe que não temos representação nas casas legislativas. A morte da Marielle foi machista e racista porque sabemos que ninguém quer mulheres e negros no poder. Que a vida dela e do Anderson não tenha sido em vão, quem ousou apontar o dedo na cara do poder”, afirmou Waleiska Fernandes, do coletivo Partida.
A direção do PSOL avaliou a realização dos atos como uma reação importante ao crime e como um chamado para que não fique impune. A legenda vai continuar chamando novas mobilizações em parceria com outros movimentos sociais.
Exterior
A imprensa europeia voltou também os olhos para o Brasil por causa da morte da vereadora e seu motorista. “A onda de violência que sacode o Rio de Janeiro subiu mais um degrau”. É assim que começa a matéria do periódico espanhol El País, que noticia a comoção no Brasil pela morte da vereadora .
O jornal português Público informou como o caso do assassinato de Marielle Franco chegou ao Parlamento Europeu, pela voz do eurodeputado português Francisco Assis, do Partido Socialista.
Em nota enviada ao Público, Assis disse que questionou a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, sobre “como pretende a União Europeia influenciar as autoridades brasileiras para que este chocante assassínio seja investigado até às últimas consequências”, e “para que seja garantida a segurança das populações e dos ativistas que pugnam pelos direitos humanos das mesmas”.
O El Mundo também fez referência ao twitter que Marielle publicou um dia antes de ser assassinada, e que soou como uma premonição. Na mensagem, ela pergunta “Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”
O inglês The Guardian deu destaque aos protestos que estão sendo organizados em todo o Brasil. “Marielle Franco foi uma política inovadora, que se tornou uma voz para as pessoas desfavorecidas nas pequenas favelas, que são o lar de quase um quarto da população do Rio de Janeiro, onde a pobreza, a brutalidade policial e os tiroteios com traficantes de drogas são rotineiros”.
Deputados europeus também pediram a suspensão do acordo UE/Mercosul até que termine as investigações do crime.