Da Redação
Na última quarta-feira, o Palmeiras homenageou a comissão técnica portuguesa pelos quatro anos de clube completados nesse dia 30. Abel Ferreira, João Martins, Vitor Castanheira, Carlos Martinho e Tiago Costa receberam das mãos da presidente Leila Pereira e do vice-presidente Paulo Buosi quadros em alusão à marca alcançada.
“É um momento extremamente especial para fazer mais do que uma homenagem, mas sim um agradecimento. É uma comissão técnica que vem fazendo história no nosso clube. Muito obrigado por tudo que vocês conquistaram e ainda vão conquistar conosco. Foram tantas emoções e momentos inesquecíveis. Passamos momentos de extrema felicidade e outros difíceis, mas, o mais importante: sempre juntos. Somos profundamente gratos, e que a permanência de vocês seja eterna enquanto dure. E vai durar bastante”, agradeceu a presidente Leila Pereira.
Anunciados no dia 30 de outubro de 2020 em meio à pandemia da Covid-19, Abel e sua comissão somam 313 jogos, 180 vitórias, 77 empates, 56 derrotas, 534 gols marcados e 251 gols sofridos. A estreia foi com vitória sobre o Red Bull Bragantino por 1 a 0 pela Copa do Brasil (dia 5 de novembro de 2020) e, até o momento, são dois títulos da CONMEBOL Libertadores (2020 e 2021), dois do Campeonato Brasileiro (2022 e 2023), três do Campeonato Paulista (2022, 2023 e 2024), um da Copa do Brasil (2020), um da Supercopa do Brasil (2023) e um da Recopa Sul-Americana (2022).
Essa é a comissão mais longeva da história do clube em tempo e partidas seguidas, à frente da comandada por Oswaldo Brandão, com 283 jogos em três anos, sete meses e 19 dias entre entre 1971 e 1975. “É o clube onde estou há mais tempo, pois sou um homem de projetos. São 18 anos de casamento e dez de namoro, se juntar dá quase 30 anos com a minha esposa. No futebol também foi isso. São poucos clubes (como jogador): Penafiel, Vitória de Guimarães, Braga e Sporting. Como treinador, idem: Sporting, Braga, PAOK e Palmeiras, o que estou há mais tempo”, comentou Abel.
“Me identifico aqui e minha comissão técnica também, porque temos tudo, somos ouvidos, fazemos parte do processo. A nossa presidente Leila sabe muito bem aquilo que quer, uma pessoa com convicções fortes e ideias claras, que nos ajuda a ter um rumo e a saber para que trabalhamos. Sabe o esforço que fazemos para entregar o melhor e que, no futebol, tem o ganhar e o perder”, continuou o treinador, mostrando gratidão também à Família Palmeiras. “Há imagens que ficam gravadas na cabeça e uma foi a homenagem dos nossos torcedores com a caravela e a imagem da bandeira portuguesa no estádio. Foi extraordinário. Não tenho palavras para descrever a emoção que senti no momento. Muito obrigado a todos os torcedores, nunca pensei ser tão bem recebido e acarinhado fora do meu país como fizeram comigo”, relembrou.
Abel Ferreira é o único treinador na história do futebol brasileiro a ter no currículo os títulos da Libertadores, do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil, do estadual, da Recopa Sul-Americana e da Supercopa do Brasil. E apenas Abel, Felipão e Cuca conseguiram ser campeões da Libertadores, do Brasileiro, da Copa do Brasil e estadual por um mesmo clube – Felipão atingiu o feito pelo Grêmio, e Cuca o realizou pelo Atlético-MG. Treinador estrangeiro com mais títulos no futebol brasileiro, com dez, seguido pelo uruguaio Felix Magno, com oito, Abel traçou uma linha do tempo do seu período no Alviverde até o momento e enalteceu todo os jogadores que passaram pela sua batuta.
“Há gente que acredita no destino. Outros, que traçamos nossos próprios destinos. Eu acredito no feeling, na ambição, nos sonhos, sempre de olhos bem abertos. Quando atravessamos o Atlântico para vir a esse desafio, em um clube tão vencedor como o Palmeiras, foi um orgulho. Passam flashes espetaculares, o primeiro dia que chegamos aqui, com máscaras, a forma como fomos recebidos e como rapidamente nos conhecemos, passando ao gol no Maracanã. Até hoje muitas coisas se passaram, muitas alegrias, tristezas também, porque fazem parte do futebol, mas há uma coisa que ponho acima de tudo e de todos, que são todos os jogadores que passaram por mim desde o primeiro dia. Sem eles, esses quatro anos seriam impossíveis. O apoio da direção é sem dúvida incondicional, mas não me canso de reforçar que os verdadeiros protagonistas e aqueles que nos ajudam a atingir os resultados são os jogadores. São eles que fazem acontecer. A nossa missão é ensiná-los, ajudá-los e prepará-los para a alta exigência de um clube como o Palmeiras. Seja onde for, contra quem for, jogamos sempre para ganhar. Meu muito obrigado a todos os jogadores que tive a oportunidade de treinar”, destacou.
Identificado com o ‘estilo de vida Palmeiras’, o português tentou explicar o sentimento pelo clube. “É algo que você vai aprendendo conforme vai vivendo e sentindo o amor que cada palmeirense tem pelo clube. Começa no clube social, vendo os jogos, a prática esportiva, você vai sentindo o ambiente e a família que existe em torno dos palmeirenses. Sem dúvida que nisso o Brasil é mágico, as pessoas são apaixonadas pelos seus clubes, e no Palmeiras nós sentimos na pele essa paixão, esse carinho, esse amor, essa obsessão. Dizer a um palmeirense o que é ser palmeirense é desnecessário, e a quem não é palmeirense não vale a pena. Só sentindo e estando aqui dentro vamos entender de fato a verdadeira essência de ser palmeirense. Por isso, disse há alguns anos que é um estilo de vida”, concluiu.
Abel é o treinador com mais títulos da história do Palmeiras (dez, ao lado de Oswaldo Brandão), além de ser o único a conquistar ao menos um troféu estadual, nacional e internacional e o único a conquistar ao menos um título em cinco temporadas seguidas.