A paixão pelo vinho atraiu-os ao Douro, e em quase cinco anos, brasileiros adquiriram três quintas

Empresários brasileiros Rubens Menin (E) e Cristiano Gomes (D), adquiriram três quintas, construíram uma adega e um centro logístico, Santa Marta de Penaguião, 8 de fevereiro de 2023. O Douro foi escolhido depois de visitaram regiões vitivinícolas de vários países e o objetivo que os uniu foi “produzir grandes vinhos e colocá-los no mundo”. Foto PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA

Da Redação com Lusa

A paixão pelo vinho atraiu-os ao Douro e, em quase cinco anos, os empresários brasileiros Rubens Menin e Cristiano Gomes adquiriram três quintas, construíram uma adega e um centro logístico, investindo 40 milhões de euros e criando 36 empregos.

“Foi feita muita coisa, mas mais importante o vinho, o vinho bom. Tudo isso sem o vinho bom ia ficar um gosto amargo”, afirmou à agência Lusa Rubens Menin, empresário brasileiro de 66 anos que possui um portfólio de negócios que vai desde a banca, construção civil à comunicação social.

O Douro foi escolhido depois de visitaram regiões vitivinícolas de vários países e o objetivo que os uniu foi “produzir grandes vinhos e colocá-los no mundo”.

Para o efeito, criaram a Menin Wine Company (MWC), que detém duas marcas: a Menin Douro Estates e a H.O.

De acordo com os empresários, quase cinco anos depois da primeira aquisição no Douro, foi concretizado um investimento de 40 milhões de euros, constituída uma equipa de 36 pessoas e nos 140 hectares de vinha foram colhidas, na vindima 2022, 320 mil garrafas de vinho.

“É parte da nossa filosofia privilegiar durienses. Em toda a equipa devemos ter três pessoas que não são do Douro”, afirmou Cristiano Gomes, 65 anos, empresário com carreira na área financeira.

O ideal seria terem já uma equipe com 50 pessoas, mas o responsável aponta a falta de mão de obra como um “ponto crítico” na região demarcada.

Os empresários começaram por adquirir em junho de 2018 a Quinta da Costa e Sol, em Gouvinhas, Sabrosa, à qual anexaram, depois, a vizinha Quinta do Caleiro.

Nesta propriedade recuperaram a vinha velha que estava abandonada, construíram uma adega, com parte enterrada para se inserir na paisagem e onde se usa a gravidade e modernos processos de vinificação, estão a recuperar a casa principal da quinta e os acessos.

No Regia Douro Park, em Vila Real, construíram um centro logístico, para os serviços administrativos, armazenamento de vinhos engarrafados e rotulagem antes da expedição.

O local é considerado estratégico porque fica “equidistante” das quintas em Gouvinhas e Cumieira e é servido pelas principais autoestradas da região, a A4 e a A24.

Preservar e homenagear a história do Douro é um objetivo do grupo pelo que, segundo Cristiano Gomes, a empresa criou a H.O com a aquisição em 2021 da quinta Horta Osório, propriedade com vários hectares de vinha e uma adega moderna na Cumieira, em Santa Marta de Penaguião.

“O compromisso que encontramos foi manter o H.O, fazendo plena referência à família Horta Osório que construiu durante 300 anos aquilo que hoje é nosso”, explicou.

No total, a empresa possui 18 hectares de vinhas velhas onde, segundo Rubens Menin, são colhidas as uvas para “os vinhos de topo da empresa”.

Cristiano Gomes acrescentou que todo o vinho da MWC (12 referências na H.O e 11 na Menin) é produzido apenas com uvas próprias. Os enólogos que colaboram com a empresa são João Rosa Alves e Tiago Alves de Sousa.

“Hoje o Brasil é o nosso maior mercado, mas nós não abrimos mão de ter uma posição muito clara aqui no mercado português. Nós entendemos que o nosso papel é sermos sobretudo um vinho português e não um vinho feito para brasileiros”, salientou.

A empresa quer conquistar novos mercados e, por isso, está a recrutar um comercial para “ampliar as vendas para outros países da União Europeia e eventualmente o Reino Unido”.

Como projetos futuros estão o aumento de produção de vinho, que poderá chegar às 600 mil garrafas, e a aposta no enoturismo, com Rubens Menin a destacar o cenário ideal para os turistas em Gouvinhas, com a encosta em socalcos e a vista sobre o rio.

A propriedade possui dois quilômetros de frente ribeirinha e, ali, os empresários querem reabilitar o apeadeiro ferroviário de Gouvinhas, desativado na década de 80 do século passado, bem como o cais fluvial.

“Nós só não avançamos ainda porque o ambiente regulatório de Portugal é muito difícil. Muitos órgãos para aprovar isso, então tem sido penoso”, afirmou Cristiano Gomes.

Para ajudar a comunidade, a MWC criou o programa de desenvolvimento local que apoia instituições através da aquisição de bens ou da realização de obras.

Para a edição de 2023, foram apresentadas 15 candidaturas e os beneficiários serão conhecidos no final de março.

“A gente não pode estar feliz se não tem uma comunidade feliz”, salientou Rubens Menin.

 

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