A melhor maneira de celebrar Saramago é “perpetuar a sua obra” – Costa

O primeiro-ministro, António Costa (3E), acompanhado pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva (2E) , neta de Saramago, Ana Matos (E), e pelo presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, Vitor Guia (D), no descerramento de uma placa comemorativa da plantação de 100 oliveiras do projeto "Cem oliveiras para Saramago”, uma iniciativa da Junta de Freguesia de Azinhaga, da Câmara Municipal da Golegã e da Fundação José Saramago, que começou em 2019 e que pretende homenagear o escritor português na sua terra natal com a plantação de cem árvores, 16 de novembro de 2022. PAULO CUNHA/LUSA

Da Redação com Lusa

Neste dia 16, o primeiro-Ministro português defendeu, na Azinhaga, que a melhor maneira de assinalar o centenário do nascimento de José Saramago é “perpetuar a sua obra”, uma forma de “perpetuar as causas por que lutou e as gentes a quem resolveu dar voz”.

António Costa participou na cerimônia que assinalou a plantação da centésima oliveira numa rua da Azinhaga, aldeia natal do escritor, no concelho da Golegã (Santarém), iniciativa da junta de freguesia e da família de Saramago, iniciada em 2019, com o objetivo de celebrar a passagem do centenário do nascimento do Prêmio Nobel da Literatura.

“É muito importante nós não esquecermos Saramago, porque esquecermos Saramago é esquecermos todos aqueles que, tendo nascido em alguma Azinhaga, não chegaram ao prêmio Nobel, mas são aqueles que permitiram ao Saramago contar a história que fez dele o primeiro Prémio Nobel da literatura portuguesa”, afirmou.

A oliveira a que António Costa juntou hoje algumas pazadas de terra, a última a ser plantada, no início da Rua Victor Manuel da Guia, tem o nome da avó de Saramago, Josefa Caixinha, e fica em frente à que leva o nome do avô, Jerónimo Meirinho, no largo do “Lagarto Verde”, onde se encontra um painel com um excerto das “Pequenas Memórias”.

A ladear a rua, cada oliveira representa uma personagem das inúmeras obras de José Saramago.

Costa salientou que o escritor “quis contar a história das pessoas que não podiam contar a sua própria história e em cada um desses personagens, daqueles que existiram mesmo, como os seus avós, ou daqueles que ele ficcionou, todos aqueles que não podia nomear, a verdade é que ele quis contar” a história da Azinhaga e de “todas as Azinhagas em qualquer local do mundo”.

O presidente da Junta de Freguesia da Azinhaga, Victor Guia, que se tornou amigo de Saramago, explicou que a ideia das “100 oliveiras para Saramago” partiu do genro do escritor, Danilo Matos, como uma forma de “aquietar o desgosto” que expressou nas suas memórias pelo desaparecimento do olival da sua aldeia.

A neta de Saramago, Ana Matos, lembrou a importância da aldeia natal para a “formação espiritual” de um escritor nascido numa “família de camponeses sem terra” e que teve sempre presente “o compromisso político” na sua vida e na sua obra.

A cerimônia contou, ainda, com a leitura de um excerto do discurso pronunciado por José Saramago a 07 de dezembro de 1998 na Academia Sueca e a interpretação musical de um poema de José Saramago por Nuno Barroso.

Presidente – vida e obra de Saramago

Também o presidente Marcelo Rebelo de Sousa destacou hoje a “grande ligação” entre a vida e obra de José Saramago, nas comemorações do centenário do seu nascimento, na Escola Secundária José Saramago, em Mafra.

“Há uma grande ligação entre a vida e obra” do escritor, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, perante uma plateia de mais de uma centena de alunos, defendendo que José Saramago “foi militante das suas causas, da sua vida e da sua obra”.

Depois de ler dois excertos do romance “Memorial do Convento”, inspirado na construção do Palácio Nacional de Mafra, o chefe de Estado questionou os jovens sobre os motivos pelos quais o escritor deixou marca e a sua obra foi lida por tanta gente.

Marcelo Rebelo de Sousa, que contou ter sido convidado pelo escritor para o lançamento do seu livro “Ensaio sobre a Cegueira”, considerou que Saramago “quis escrever para ser entendido”, por isso “escreveu como se fala, numa linguagem coloquial”, sem pontos.

O Presidente da República sublinhou a “persistência”, “consistência” e “determinação do escritor e falou de como Saramago “se preparava para a escrita” das suas obras, efetuando um verdadeiro “trabalho oficinal”, para ser rigoroso em “contar a verdade” na sua história.

Incitando a ler os jovens da Escola Secundária José Saramago, em Mafra, no distrito de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “quanto mais lerem, maior é o conhecimento e a maneira de falar com os outros”.

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