Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada
Há algumas semanas, o nosso jornal está num verdadeiro périplo pelas casas portuguesas do Rio de Janeiro. Aqui na cidade maravilhosa está uma das maiores concentrações da comunidade portuguesa no Brasil. Várias famílias fizeram as suas histórias por aqui. Cresceram, tiveram filhos e hoje acompanham incrédulos aos problemas financeiros de Portugal pelos meios de comunicação.
Aliás, Portugal precisa muito de ajuda. Precisa sofrer uma reeducação em torno dos gastos públicos, já que uma grande parte da população goza de benefícios estatais para sobreviver. Famílias inteiras enfrentam o desemprego e a miséria. Sim, Portugal tem muita miséria. Uma pobreza diferente da vista aqui no Brasil, mas mesmo assim há os desabrigados, os moradores de rua e os que necessitam da ajuda alheia para poderem comer o pão sagrado de cada dia.
E o que se vê nas casas que representam Portugal aqui no Rio de Janeiro também preocupa. Várias dessas casas vivem momentos tristes da sua história. Problemas financeiros atrapalham o bom funcionamento dessas instituições, que contam com pouco – ou nenhum – apoio por parte do governo brasileiro e português. Apesar de contarem com centenas de sócios, e de não poderem cobrar taxa de manutenção, uma vez que isso afastaria ainda mais as pessoas, as casas típicas regionais não conseguem sair do vermelho.
Para amenizar esse sofrimento, essas casas promovem eventos de grande e médio porte, como almoços e shows, com grandes nomes do cenário musical luso-brasileiro. O preço parece ser salgado, mas o importante mesmo é o convívio. Temos presenciado nos eventos aos quais comparecemos um verdadeiro mar de gente querendo se divertir e matar as saudades da santa terrinha, das aldeias que foram deixadas para trás e de toda a sua cultura. Essas iniciativas são importantes para fazerem com que essas casas tenham dias melhores, podendo, pelo menos, “bancar” as suas despesas diárias. Até por que há famílias de funcionários envolvidas.
Embora em pequena escala, as casas contam com a ajuda de algumas empresas sedeadas no Rio, muitas administradas por portugueses. Outras fontes de rendimento são os cursos oferecidos nesses locais, onde se pode aprender a dançar folclore – uma atividade gratuita -, além de ter aulas de natação, entre outras atividades que geram receitas para essas instituições.
Por essa razão, algumas casas, como é o exemplo da Casa de Viseu e da Casa de Espinho, pensam na chamada fusão para, em vez de competirem entre si, juntarem forças para seguir adiante. Essa pode ser uma forma inteligente de sair da inércia e de refazerem as pazes com o sucesso. Casas lotadas não faltam na cidade, mas é preciso ter em mente e aceitar que a comunidade portuguesa é cada vez menor, com menos representantes. Esses locais ainda hoje funcionam como um divisor de águas, entre a vida que se construiu fora do país de origem e a saudade da sua terra natal.