Portugal decreta luto nacional pelas vítimas de queda do helicóptero no Douro

Operação de busca dos desaparecidos na queda de um helicóptero no rio Douro, próximo da localidade de Samodães, Lamego, que transportava seis passageiros, nomeadamente um piloto e uma equipa de cinco de cinco militares da Unidade de Emergência Proteção e Socorro (UEPS) que regressava do combate a um incêndio no concelho de Baião, Peso da Régua, 30 de agosto de 2024. ESTELA SILVA/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

 

O Governo português decretou um dia de luto nacional para sábado, em homenagem aos militares da GNR que morreram neste dia 30 num acidente com um helicóptero de combate a incêndios que caiu no rio Douro, em Lamego.

“Em consonância com Sua Excelência o Presidente da República, o Conselho de Ministros aprovou esta sexta-feira, 30 de agosto, por deliberação escrita, através da rede informática do Governo, o Decreto que declara Dia de Luto Nacional a 31 de agosto, sábado”, pode ler-se num comunicado do Conselho de Ministros.

Na nota de imprensa, o Governo lembrou o “trágico acidente” que “provocou a perda irreparável de vidas humanas, militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), pertencentes à Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR”.

“Perante o ocorrido, o Governo decide decretar um dia de luto nacional, como forma de pesar e de solidariedade de toda a população nacional, homenageando os militares da GNR que prestavam serviço público ao País quando foram vítimas deste trágico acidente”, acrescentou.

O helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro pelas 12:50 de hoje, próximo da localidade de Samodães, Lamego, e transportava um piloto e uma equipe de cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) que regressavam de um fogo no concelho de Baião.

O piloto da aeronave foi resgatado com vida, apenas com ferimentos ligeiros.

Até ao momento foram localizados os corpos de quatro militares da GNR, continuando desaparecido um outro elemento, e as buscas continuam. As causas do acidente ainda não são conhecidas.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), organismo do Estado Português, tem uma equipe no terreno e que está a investigar o acidente.

O helicóptero acidentado, do modelo AS350 – Écureuil, é operado pela empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé, Algarve.

Dia triste

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa divulgou, numa nota em que acordou com o Governo que fosse decretado um dia de luto nacional no sábado. Tanto o Presidente como o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deslocaram-se ao local.

“Hoje é um dia muito, muito triste para Portugal. É com profundo pesar, consternação e muita solidariedade que apresentamos às famílias dos quatro militares que padeceram neste trágico acidente, uma referência de todo o apoio que é possível numa ocasião como esta. Quero também transmitir a nossa solidariedade à Guarda Nacional Republicana pela ocorrência deste acidente e pelas suas consequências”, afirmou Luís Montenegro, numa unidade hoteleira, em Lamego, distrito de Viseu, acompanhado da ministra da Administração Interna.

O primeiro-ministro assegurou que “está a ser tudo feito” pelas entidades responsáveis pela busca e salvamento, enaltecendo a forma como responderam ao alerta, acrescentando que o Governo vai decretar, no sábado, um dia de luto nacional, decisão tomada em concordância com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também hoje esteve em Lamego, mas que não prestou declarações.

“Em consonância com a proposta do Governo, sua Excelência o Senhor Presidente da República anuiu que fosse decretado dia de luto nacional, amanhã [sábado], em homenagem à dedicação, ao brio, à entrega destes homens, e neles todos os quantos todos os dias ao serviço de várias Instituições da República Portuguesa prestam apoio e socorro às pessoas e à proteção dos bens dos portugueses”, justificou Montenegro.

O primeiro-ministro foi confrontado pelos jornalistas com as críticas por ter subido a bordo de uma lancha dos bombeiros e acompanhar as operações.

“Tive a ocasião de poder verificar no local toda a magnitude desta operação, mas sobretudo foi-me permitido estar com os mergulhadores, que estão também eles a desempenhar uma missão muito perigosa. Quis transmitir-lhes também o nosso apreço pelo esforço que estavam e estão a fazer neste momento para tentar encontrar o corpo que falta”, justificou o Montenegro.

O líder do governo lembrou que o rio Douro, nesta ocasião do ano, “tem uma grande dificuldade de visibilidade e as operações de mergulho são bastante complexas e perigosas”.

“É minha obrigação e responsabilidade, em nome do povo português, estar ao lado daqueles que também arriscam a sua vida, mesmo nesta circunstância trágica, nestas operações. Cumpro a minha obrigação de representar o Governo da República Portuguesa, de representar os portugueses, de poder acompanhar aquilo que foi e é um episódio muito triste e de poder enaltecer o trabalho de todas as Instituições e dos seus responsáveis que estão aqui a dar tudo o que têm. São mais de 122 operacionais que estão neste momento em execução de tarefas e de missões”, destacou o primeiro-ministro.

Questionado se a sua presença não podia desviar as atenções do essencial, da busca e resgate dos ocupantes, Luís Montenegro refutou essa possibilidade.

“Sinceramente creio que a presença de primeiro-ministro não foi motivo de nenhuma perturbação nas operações de busca. Fazer disso crítica ou caso, francamente, acho que é um desrespeito pelas Instituições. Já não digo por mim, porque eu sou muito pouco importante a esse respeito. Mas as Instituições que eu represento como primeiro-ministro, o povo português que eu represento, estas mulheres e estes homens da Guarda Nacional Republicana, dos bombeiros, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, das Forças Armadas, da Marinha, do Exército, da Força Aérea, merecem que os responsáveis pelas tutelas destas áreas possam estar ao seu lado. Não tive nenhuma intervenção nem pretendo ter do ponto de vista operacional, mas tenho um enorme respeito por aquilo que estes homens e mulheres estão a fazer”, argumentou Luís Montenegro.

De Viseu

Os cinco ocupantes do helicóptero são naturais de Lamego, Moimenta da Beira e Castro Daire, no distrito de Viseu, e têm entre 29 e 45 anos, disse a porta-voz da GNR. Mafalda Oliveira disse aos jornalistas que os cinco ocupantes, quatro deles já localizados e retirados do rio Douro, têm entre 29 e 45 anos.

Segundo referiu, os familiares dos ocupantes “estão todos avisados e estão a ser devidamente acompanhados por psicólogos” das diferentes autoridades militares e civis.

Fonte da proteção civil disse à agência Lusa que as cinco vítimas são naturais do distrito de Viseu: três do Município de Lamego, um de Moimenta da Beira e um de Castro Daire.

O piloto da aeronave, que sofreu ferimentos leves, é natural de Vila Real e tem 44 anos.

Momentos antes, pelas 19:00, em declarações aos jornalistas, o comandante da Marinha, Silva Lampreia, disse que “a aeronave partiu-se em duas partes e os outros dois [ocupantes que ainda não tinham sido detetados] foram encontrados junto à cauda da aeronave para jusante da posição onde ela caiu”.

Dos cinco militares da Unidade de Emergência, Proteção e Socorro (UEPS) da GNR que estavam dentro do helicóptero acidentado falta localizar um. Dois deles foram encontrados dentro da aeronave, e os outros dois junto à cauda do aparelho.

Também o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) adiou a cerimônia militar de comemoração do dia da instituição que iria decorrer na terça-feira na sequência da morte de militares da GNR.

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