Riqueza e diversidade apresentadas pelo grupo Vasco da Gama na Marejada

Por Lucélia Fernandes
Para Mundo Lusíada

Com a ausência do Grupo Pauliteiros de Malhadas, de Miranda do Douro, Portugal – devido a problemas de patrocínio da GALP, coube ao Grupo Folclórico Vasco da Gama da cidade de Santos (SP) a tarefa de representar o folclore de Portugal que se dança e canta fora do Estado de Santa Catarina.
Com a sua sede no Clube de Regatas Vasco da Gama, o grupo foi fundado há sete anos e tem como responsável Paulo Costa, folclorista há 27 anos, que já pertenceu ao Verde Gaio e é um luso-descendente como a esposa e também ensaiadora Luciana Costa: “somos afilhados do Grupo Folclórico Minhoto do saudoso Fernando Rachas e temos muito orgulho disso. Num total de 42 componentes, com idade entre os 3 meses e os 84 anos, temos poucos portugueses, alguns luso-descendentes e outros, nem por isso”, afirma Paulo em entrevista concedida ao Mundo Lusíada no Hotel Marambaia-Cabeçudas de Itajaí, poucos minutos antes de se deslocarem no ônibus, alugado pelo Grupo, que os levaria ao Centreventos para a 8ª e última apresentação na Marejada.
“Trouxemos cinco trajes para nos  apresentarmos: Luxo, Afife, Trabalho, Nazaré, e Barcelos. Hoje, como é a nossa despedida subiremos ao palco com trajes de Nazaré, tudo a ver com a cidade também praiana de Itajaí. Consideramos importante essa variação de trajes e também de repertório numa série de apresentações. Muita gente que tem ido ao Palco Vila dos Sabores para nos assistir se surpreende com isso. Gosto também de explicar ao público alguns destaques na indumentária da Noiva, Mordoma, Senhorinha e Traje de Dó, que no século XVIII era utilizado no Minho pelas mulheres enlutadas ou portadoras de alguma notícia de falecimento, quando alguém via algum moça por perto trajada de Dó, já sabia que vinha má notícia. O que trouxemos é o de quatro rosas lilases, mas temos um outro com seis rosas”, explica o folclorista Paulo Costa, “para nós é pouco subir ao palco apenas para dançar e cantar, queremos divulgar a cultura e os costumes de Portugal”, afirma. “Todos esses cinco jogos de trajes, para homens e mulheres, incluindo meias e socas custam entre 500 e 700 euros cada um e já temos mais um sendo confeccionado, de Camponeses do Ribatejo. Quem faz a manutenção deles é a dona Carmina, a presidente do Grupo que trata deles todos como se fossem vestidos de gala e na realidade, são”, conclui.
E o público presente na Marejada não poupou aplausos em mais estas atuações. Na Tocata o Grupo apresenta: Luis (violão), Mateus (acorden/concertina), Lucas (concertina), Carlos Anacleto (pandeiro), João de Sousa (castanholas), Lucas II (bumbo), Lucas III (contrabaixo) e Paulo Costa e José Canais (vocal). A cantadeira Dona Odete e o David da Concertina fazem igualmente parte da Tocata mas não estiveram presentes em Itajaí.
O repertório privilegia canções do norte de Portugal, como Malhão Alegre, Vira da Fronteira, Fandango de Vila Verde, Meadela Meadela, Vira de Serzedelo, Chula de Viana,Comboio da Beira Baixa e Rusga da Despedida. “Hoje, com trajes de Nazaré, incluímos também Vira da Praia e da Apúlia, Fandango a Dois Passos e Festa na Aldeia”, explica Paulo Costa.
Em 2010 o grupo fez 33 apresentações, dentre elas no Festival Internacional de Folclore em Nova Petrópolis, Taquari e na Expo de Ijuí. No próximo dia 29 de Outubro estarão na Expo de São Roque e a 20 de novembro no Arouca São Paulo Clube a convite do Vilas de Portugal. Filiado ao IOV (Organização Internacional de Folclore), no próximo ano o Vasco da Gama se apresentará em Santiago do Chile representando o folclore de Portugal existente no Brasil. Nessa digressão por terras chilenas, irão 35 componentes do grupo.
Os ensaios acontecem todos os domingos no Teatro Municipal de Santos das 15h30 as 18h30 e no Clube de Regatas Vasco da Gama. Como parceiros e patrocinadores tem a Secretaria de Turismo e a Prefeitura Municipal de Santos e Armando Viagens: “não é muita coisa mas dá para manter o grupo com qualidade visual e artística. Somos um grupo de familiares e amigos, com as nossas divergências, lógico, mas com uma abnegação inabalável nesse sentido de passar aos que nos vão assistir um pouco da grandeza de Portugal”, conclui Paulo Costa, já na saída do palco e a caminho do ônibus que os levaria de regresso a casa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *