Da Redação com Lusa
Neste dia 16, o primeiro-ministro considerou que a mais recente estimativa do Banco de Portugal (BdP), revendo em alta de 1,8 para 2,7% o crescimento econômico em 2023, é resultado de uma transformação estrutural da economia portuguesa.
Esta posição foi transmitida por António Costa no final de uma visita à multinacional Schréder, em Carnaxide, concelho de Oeiras, empresa apontada como líder mundial em soluções inteligentes no mercado da iluminação.
No seu breve discurso, o líder do executivo referiu-se à evolução das qualificações em Portugal ao longo dos últimos 30 anos e associou-a à projeção agora avançada pelo BdP sobre o crescimento da economia portuguesa em 2023 e em 2024.
“O BdP publicou hoje as novas previsões para o crescimento econômico deste ano. Tinha previsto 1,8% e aumentou para 2,7%, o que representa uma grande subida nas perspetivas de crescimento econômico para 2023”, sustentou.
No entanto, de acordo com António Costa, mais importante que esta estimativa de crescimento, “é sinalizar que esse crescimento assenta numa mudança estrutural da economia portuguesa”.
“O primeiro fator que o BdP enfatiza é o das qualificações”, declarou, tendo ao seu lado o ministro da Economia, António Costa Silva, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, e o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais.
Ciclos políticos
Já o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu hoje que a economia portuguesa revela resiliência e tendências que a tornam quase imune a flutuações dos ciclos políticos e econômicos, ainda que defenda a importância da previsibilidade.
Mário Centeno respondia às perguntas dos jornalistas durante a apresentação do “Boletim Económico” de junho, divulgado hoje, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
“Os países com mais sucesso econômico e social no mundo são aqueles cujas economias são resilientes e tem tendências e transições assentes, que as tornam quase imunes às flutuações dos ciclos econômicos e ciclos políticos. Portugal mostra hoje tendências compatíveis com isso, talvez num dos raros momentos na sua história”, afirmou.
Momentos antes, Mário Centeno sublinhou que o cenário apresentado hoje pelo BdP – no qual melhorou as previsões de crescimento e da inflação deste ano – “não é nem otimista, nem benevolente com a economia portuguesa”.
“É um cenário muito exigente para todos os que querem que a economia portuguesa cresça e convirja com a área do euro. É um cenário que exige estabilidade financeira e das políticas econômicas e por estabilidade entendam previsibilidade”, assinalou.
O BdP prevê que a economia portuguesa vai crescer 2,7% em 2023, 2,4% em 2024 e 2,3% em 2025 e uma redução da taxa de inflação de 5,2% este ano para 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025.
O responsável pelo regulador bancário português recordou que a zona euro está em recessão técnica, “podemos talvez usar apalavra estagnação”, mas “também é verdade” que as previsões antecipam “que a convergência entre Portugal e a área do euro continua”.
“As previsões que hoje aqui apresentamos é o crescimento econômico dos portugueses. É obra dos portugueses e só existe por causa dos portugueses”, afirmou.
O responsável do supervisor realçou que “os dois motores de crescimento econômico” que o BdP projeta “para os próximos dois anos voltam a ser as exportações e o investimento”.
“O consumo privado não é a principal fonte de crescimento da economia portuguesa. Não é, nem tem sido neste período de convergência”, sublinhou.
“Esta não é a mesma economia que tínhamos há alguns anos e arrisco dizer que é uma melhor economia” defendeu Mário Centeno.