Da Redação
O Pátio da Galé, em Lisboa, foi palco da sétima edição dos Prêmios AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, evento que distingue e premia anualmente as melhores empresas, instituições, estabelecimentos e personalidades no setor de restaurantes, alojamento e promoção turística em Portugal.
Nesta edição foram recebidas mais de 300 candidaturas. Em cada uma das 13 categorias a concurso foram selecionados cinco finalistas pelo Comitê de Seleção, composto por 43 membros especialistas e profissionais das áreas da restauração, hotelaria e gastronomia, bem como jornalistas, críticos e gastrônomos reconhecidos.
Perante uma plateia de centenas de convidados, A Brasileira do Chiado arrecadou o galardão “Estabelecimento com História”, uma categoria que distingue lojas históricas pelo nível de relevância, reconhecimento e contributo a nível regional e nacional e pelo contributo para o setor.
Com mais de cem anos de História, A Brasileira é classificada, desde 1997, como imóvel de interesse público. Em 2017, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu-lhe o galardão «Lojas com História», em função do interesse cumulativo da sua atividade, bem como da existência e preservação de elementos patrimoniais materiais, culturais e históricos.
A Brasileira faz hoje parte do Historic Cafés Route da Europa, e onde se criou um dos hábitos mais enraizados na cultura portuguesa, tomar um café, e onde nasceu o termo «bica», segundo informa a direção.
Pela sua localização privilegiada no coração do Chiado num café histórico, arquitetura e decoração originais, “contribui para elevar o setor a um patamar de excelência que dignifica o turismo em Portugal, um estatuto que se afirma com a relevante distinção que agora recebeu” divulgou o estabelecimento.
“Esta distinção é a prova de que cultura e economia podem e devem fundir-se para benefício mútuo, pois ambas melhoram quando conjugadas de forma inteligente. A cultura chega a mais pessoas, adquirindo mais valor à medida que mais corações vai tocando e a economia atinge uma dimensão transcendental” divulgou a direção da A Brasileira pelas redes sociais.
História
Inaugurada a 19 de novembro de 1905, num espaço que antes foi uma camisaria, A Brasileira foi criada por Adriano Telles, um ex-emigrante português no Brasil, que ali casou com a filha de um dos maiores produtores de café da região de Minas Gerais.
Regressado a Portugal, iniciou a venda do café, uma bebida até então desconhecida e pouco apreciada pelo gosto amargo que o caracterizava. Atento às questões que impedissem os seus clientes de apreciar o café do Brasil, implementou a ideia de criar um estabelecimento que permitisse provar a qualidade do produto, distribuindo-o gratuitamente, à chávena, como forma de divulgação.
A decoração faustosa do interior fez d’A Brasileira um espaço onde se reuniam os ilustres da época: advogados, médicos, professores, escritores e artistas. Também se reuniram revolucionários que participaram na instauração da república, em 1910.
A Brasileira do Chiado tornou-se um dos cafés mais concorridos de Lisboa na época e foi o cenário de inúmeras tertúlias intelectuais, artísticas e literárias. Escritores e artistas de renome como Fernando Pessoa ou Almada Negreiros encontravam n’A Brasileira do Chiado a inspiração para conceitos e ideias paradoxais.
A assiduidade de Fernando Pessoa motivou a inauguração, nos anos 1980, da estátua em bronze da autoria de Lagoa Henriques, que representa o escritor sentado à mesa na esplanada do café.
Até hoje, é um dos espaços mais emblemáticos de Lisboa para todos os visitantes, inclusive brasileiros.