Líder parlamentar do Chega diz que partido marcou diferença na sessão com Lula

Deputados do partido Chega protestam durante discurso do presidente brasileiro no Parlamento português, 25 Abril. TIAGO PETINGA/LUSA

Da Redação com Lusa

O líder parlamentar do Chega juntou-se hoje à manifestação que o partido organizou no exterior do parlamento para afirmar que o seu partido marcou a diferença ao condenar a presença do Presidente brasileiro em Portugal.

Pedro Pinto esteve acompanhado pelos restantes deputados do partido, que depois contou com também com o líder André Ventura, depois de terminada a sessão solene do 25 de abril.

“Marcamos a diferença. Mostramos que tem de haver tolerância zero à corrupção”, afirmou Pedro Pinto numa breve intervenção diante da cerca de um milhar de participantes na manifestação organizada pelo Chega e que contou com a participação do Movimento Partido da Terra (MPT) e de várias associações de brasileiros em Portugal.

Criticando a presença de Lula da Silva em Portugal, Pedro Pinto recorreu a uma das principais palavras de ordem da manifestação – “Lula, ladrão, o teu lugar é na prisão” – para garantir que a luta do partido contra a corrupção vai continuar sem tréguas.

“Se não lutarmos, qualquer dia ainda veremos José Sócrates (antigo primeiro-ministro português que está acusado pela justiça) a discursar outra vez no parlamento”, afirmou Pedro Pinto.

“Estamos no caminho certo para sermos governo”, terminou o líder parlamentar da terceira força política portuguesa.

“Ventura vai em frente, tens aqui a tua gente”, foi a frase que se começou a gritar após Pedro Pinto, ladeado por vários deputados do Chega, terminar a intervenção.

Partido Chega organizou protesto contra presidente Lula, em Lisboa, que estava no parlamento português, 25 Abril. JOSE SENA GOULAO/LUSA

Os manifestantes, cujo número tem vindo a aumentar, atingindo pouco antes do meio-dia cerca de um milhar,  ocuparam metade da Avenida D. Carlos I, junto ao cruzamento que dá acesso à Assembleia da República.

Se a chegada de Lula da Silva ao parlamento, feita pelo outro lado do edifício, pela Rua de São Bento, onde há uma outra manifestação, mas de apoio ao Presidente brasileiro, passou praticamente despercebida, os protestos subiram de tom quando foi anunciado que o chefe de Estado estava a discursar no hemiciclo.

Mais barulho se fez quando a organização da manifestação referiu que os parlamentares do Chega estavam a empunhar cartazes anticorrupção na altura em que Lula da Silva discursava, o que levou à interrupção da intervenção, com o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, a manifestar indignação perante tal comportamento.

O barulho subiu ainda mais de tom quando se deu o momento da saída da comitiva do Presidente brasileiro do parlamento português.

Apesar de Lula da Silva já ter deixado a Assembleia da República, os manifestantes do protesto organizado pelo Chega continuavam no local, a gritar as mesmas palavras de ordem – “Lula, Ladrão, o teu lugar é na prisão” ou “Tolerância zero à corrupção”, ao som do rufar dos tambores do grupo “Amigos da Borga” –, aguardando que o líder do partido, André Ventura, venha juntar-se, o que só acontecerá depois de terminada a sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril.

Papelão

Já Lula desvalorizou o protesto do Chega durante o seu discurso no parlamento, considerando que as “pessoas quando não têm uma coisa boa para aparecer” fazem “essa cena de ridículo”, um “papelão”.

“Quem faz política está habituado a isso. Eu acho que essas pessoas quando voltarem para casa e deitarem a cabeça no travesseiro vão falar: que papelão nós fizemos”, disse Lula da Silva aos jornalistas, à saída da sala das sessões da Assembleia da República.

O chefe de Estado brasileiro disse que não viu um incidente, mas apenas “10 pessoas ou meia dúzia de pessoas protestarem, o que é a coisa mais natural na democracia”.

“Eu às vezes lamento porque as pessoas quando não têm uma coisa boa para fazer, para aparecer, as pessoas fazem essa cena de ridículo. Eu sinceramente não sei como é que estas pessoas vão chegar em casa, olhar nos seus filhos, nos seus pais e falar que estiveram na assembleia a participar num evento praticamente de homenagem à revolução dos cravos, porque foi para isso que eu vim aqui a convite do Presidente Rebelo”, afirmou.

Depois da sessão de cumprimentos, Lula da Silva considerou que a forma como a delegação brasileira foi recebida em Portugal “é uma coisa extraordinária”.

“Eu só tenho que agradecer ao presidente da Assembleia [da República], ao Presidente Marcelo e ao primeiro-ministro António Costa pelo carinho e tratamento”, afirmou.

Apoiantes do presidente Lula, em Lisboa, 25 Abril. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

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