Governos de Cabo Verde e Portugal vão partilhar experiência sobre diáspora

Foto reprodução Gov/SECP

Da Redação com Lusa

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Governo português para coordenar a partilha da experiência dos dois países no âmbito das respectivas diásporas.

“Decidimos a criação de um grupo de trabalho conjunto de articulação, de coordenação e de partilha de experiências que ambos os países têm no âmbito da sua diáspora, considerado um ativo estratégico tanto para Cabo Verde como para Portugal”, anunciou Ulisses Correia e Silva, depois de receber, na Praia, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.

“Cabo Verde e Portugal têm reforçado os consensos necessários em matéria da mobilidade plena e para promover maior circulação aos nossos cidadãos no nosso espaço comum da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. Estamos também a desenvolver um trabalho minucioso visando a implementação do projeto de mapeamento de cabo-verdianos e descendentes de cabo-verdianos em Portugal”, acrescentou.

De acordo com informação do ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, residem na Europa quase meio milhão de cabo-verdianos, com dupla nacionalidade, descendentes e de várias gerações, dos quais 360 mil em Portugal.

“O secretario de Estado das Comunidades Portuguesas, senhor Paulo Cafôfo, manifestou-me hoje o engajamento e atenção do Governo português nestas questões”, afirmou ainda Ulisses Correia e Silva, nesta quinta-feira.

O governante português iniciou na quarta-feira, na ilha de Santiago, com a inauguração das novas instalações do Centro Comum de Vistos da Praia – gerido por Portugal e que emite vistos de curta duração para o espaço Schengen em representação de 19 países europeus -, uma visita a Cabo Verde, partindo na sexta-feira para o Mindelo, ilha de São Vicente.

Cabo Verde vai mapear e contar até 2026 a comunidade emigrada para potenciar a atração de investimento e competências para o arquipélago, conforme resolução aprovada pelo Governo no final de março.

O projeto de proposta de resolução que aprova o início do processo de mapeamento da diáspora cabo-verdiana, para fins de produção de estatísticas oficiais, foi aprovado em 28 de março em reunião do Conselho de Ministros e apresentado no dia seguinte pelo Governo.

“Cabo Verde é um país de forte emigração e conhecendo esta realidade o Governo assumiu no seu programa dar uma centralidade especial à diáspora. E essa centralidade é, acima de tudo, do ponto de vista econômico, seja para a atração de investimento, seja para a atração das competências e qualificação da nossa diáspora”, anunciou, em conferência de imprensa, na Praia, a ministra da Presidência do Conselho de Ministros de Cabo Verde, Janine Lélis.

Este mapeamento vai ser conduzido pelo Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde com o apoio das autoridades estatísticas dos países onde a comunidade cabo-verdiana reside.

A população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas o Governo estimou recentemente que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos vive na Europa e Estados Unidos da América (EUA), estando o sistema financeiro do arquipélago dependente das remessas desses emigrantes.

“Nós temos que considerar aquilo que é a contribuição que a diáspora representa para o próprio Produto Interno Bruto, ou seja, a nossa atividade econômica nacional. Nós também temos que considerar aquilo que é o valor das remessas, que representam um grande valor para a nossa economia. E é neste contexto de valorização que se pensou fazer esse mapeamento, que vai acontecer até o final do ano de 2026”, disse ainda Janine Lélis.

O levantamento vai levar em conta todo o universo da emigração do arquipélago e vai arrancar, respectivamente, pelos países com as maiores comunidades cabo-verdianas, casos dos EUA, França, Guiné-Bissau, Luxemburgo, Portugal e São Tomé e Príncipe.

“O que nós queremos, na verdade, é conhecer melhor, conhecer esses perfis, conhecer com detalhe, para que as medidas de política também possam ser promovidas de acordo com esse perfil, para, de facto, agregar valor ainda maior àquilo que é a grande contribuição que a nossa diáspora faz no processo de desenvolvimento”, concluiu a ministra.

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