A paixão pelo vinho português na Diáspora

Prova de vinho, Alentejo. Foto Turismo Portugal

Por Daniel Bastos

O vinho português, um elemento indissociável da tradição, história e cultura nacional, continua ano após ano a projetar a imagem do país no mundo, a gerar riqueza, aliando gastronomia e turismo, e a dinamizar a economia com maior intensidade exportadora. Como salientou recentemente a ViniPortugal, entidade gestora da marca Wines of Portugal, através da qual é feita a promoção internacional do vinho português, as exportações de vinhos lusos ultrapassaram 212 M€ no primeiro trimestre de 2022.

Países como a França, Estados Unidos da América, Canadá, Brasil ou Reino Unido, nações que albergam algumas das mais relevantes comunidades da diáspora lusa, são simultaneamente dos maiores consumidores de vinhos portugueses, e alforge de espaços inaugurados por emigrantes ou lusodescendentes dedicados à descoberta e degustação do vinho nacional além-fronteiras.

Ainda no decurso deste ano, o escanção franco-português Micael Morais, antigo escanção no restaurante Tomy & Co, do chef Tomy Gousset, distinguido em 2019 com uma estrela Michelin, abriu no bairro parisiense de Batignolles, um dos mais afamados da capital francesa, a CasAlegria. Um espaço, que o lusodescendente, que serviu, por exemplo, o antigo presidente francês Nicolas Sarkozy, e esteve perto de conquistar o título “Master of Port”, um concurso em França especializado no vinho do Porto, transformou numa embaixada dos vinhos portugueses em Paris.

No caso do vinho do Porto, um dos mais conhecidos e tradicionais vinhos portugueses, desde 2015 que a capital francesa tem no Portologia, primeiro bar totalmente dedicado ao vinho do Porto em Paris, um espaço incontornável para saborear um dos mais famosos símbolos da portugalidade no mundo. Fundado pelo empresário lusodescendente Julien dos Santos, com raízes e vinhas na Região Demarcada do Douro, o Portologia é um espaço icónico na capital francesa de degustação e garrafeira, com cerca de mil referências de vinhos do Porto e do Douro.

A devoção ao vinho do Porto foi também o leitmotiv que impeliu há duas décadas o emigrante português na Suíça, Jorge Correia, a abrir no cantão de Valais, o maior cantão vinícola helvético, a loja Torga’s. Reconhecido como um embaixador do vinho do Porto na Suíça, o emigrante natural de Sernancelhe, distrito de Viseu, possui na cave do espaço inspirado em Miguel Torga, um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa do século XX, mais de duas mil garrafas do vinho originário da região vinícola do Douro.

Estes espaços vinícolas, e muitos outros que estão atualmente a serem dinamizados no seio da diáspora lusa, evidenciam a razão do vinho português ser considerado um dos melhores do mundo, e um genuíno e inconfundível símbolo da portugalidade. Como enaltecia o poeta francês Charles Baudelaire, considerado o pai do simbolismo, o “vinho é parecido com o homem”.

 

 

Por Daniel Bastos
Escritor português

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