Mundo Lusíada com Lusa
Uma sessão evocativa do Dia da Restauração, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, foi pela manhã presidida pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e contou também com a participação do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Ribeiro e Castro, além do presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lembrou neste dia os ciganos que “deram a vida” pela independência nacional e lamentou a discriminação de que têm sido alvo em Portugal.
“Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio Rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem evocativa do Dia da Restauração da Independência.
Na mensagem em que saúda o dia “em que valorosos guerreiros nos deram livre a Nação”, o chefe de Estado destaca o ‘cavaleiro fidalgo’ Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras e tombaram por Portugal.
“Portugal lembra-os, presta-lhes homenagem e exprime a sua gratidão. Este dever de memória é de elementar justiça e rompe com tanto esquecimento e discriminação de que os ciganos têm, infelizmente, sido alvo no nosso país”.
O Presidente da República, que pela manhã presidiu à sessão evocativa em Lisboa, sublinhou ainda na mensagem o 01 de dezembro como “um dia importante e significativo da História de Portugal, em que o povo português recuperou a sua independência, num movimento no qual, com os conjurados de 40, muitos se implicaram, descontentes com a situação do país, aquém e além-mar, e com as suas condições de vida”.
Também o primeiro-ministro António Costa homenageou a “memória dos que lutaram e contribuíram” para a restauração da independência de Portugal, apelando para a celebração da “soberania” e da “força da bandeira nacional”, numa mensagem evocativa do 1.º de dezembro.
“Celebramos hoje a Restauração da Independência de Portugal, uma data que evoca a afirmação da nossa nação e da nossa soberania. Homenageamos a memória dos que lutaram e contribuíram para essa conquista”, escreveu o primeiro-ministro numa mensagem na sua conta oficial na rede social Twitter.
“A reposição do feriado do 1.º de Dezembro, pelo simbolismo da data, é uma das medidas de que mais me orgulho ter tomado enquanto primeiro-ministro. Valorizemos a nossa História. Honremos a República. Celebremos a soberania e a força da nossa bandeira nacional”, acrescentou.
Por motivos de saúde, o primeiro-ministro não participou na sessão evocativa do Dia da Restauração, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, sendo o Governo representado pela ministra da Defesa Nacional.
O dia 01 de dezembro assinala o golpe revolucionário de 1640 que acabou com o domínio da dinastia Filipina sobre Portugal, retirando o país da alçada espanhola e colocando no trono D. João IV.
Em seu pronunciamento, a ministra da Defesa Helena Carreiras considerou que, perante as ameaças internacionais, deve ser valorizada a independência nacional econômica, social, política e cultural, afirmando ser preciso proteger “diariamente os ganhos da Restauração”.
Em “382 anos volvidos sobre aquele 1.º de Dezembro, Portugal enfrenta hoje um conjunto diferente de desafios. Muito embora a sua independência não se encontre diretamente ameaçada, continua a ser necessário proteger diariamente os ganhos da Restauração”, afirmou.
Para a ministra, isso passa por preservar e cuidar do território “em todos os domínios”.
“Mas a concepção do que é a independência de um país extravasa os meros limites da dimensão militar e material. Abarca o nosso modo de viver e de estar em comunidade, ancorados por valores e princípios que nos norteiam e que nos proporcionam garantias de estabilidade e paz”, alertou.
Segundo Helena Carreiras, estes valores e princípios “têm sido postos em causa por agressões aos pilares da comunidade internacional” em que Portugal se insere.
Esta independência, para a ministra, “encontra o seu sentido não no fechamento, mas na abertura ao outro, não no isolamento, mas na cooperação”.
“Uma independência que se fortalece na afirmação dos valores da democracia, do Estado de Direito e dos direitos humanos, na valorização da diversidade e do pluralismo”, acrescentou.
Afirmando que os “portugueses reafirmaram, a 01 de dezembro de 1640, que queriam ser independentes”, Helena Carreiras afirmou que “as consequências dessa afirmação encontram expressão no dia-a-dia” e encorajam a “recordar como a liberdade de muitos pode ser defendida por poucos, e como a integridade de um país encontra força no contributo de todos”.
Também o presidente da Câmara de Lisboa considerou que o 1.º de Dezembro ensinou que a “classe política tem que dar o exemplo de devoção pelo bem comum”, não podendo fechar-se “sobre si mesma” ou considerar ser “imune à crítica”.”Foram várias as vezes que esta irresponsabilidade foi predominante na nossa longa história. Foram várias as vezes aquelas em que sabemos que os interesses imediatos se sobrepuseram aos interesses nacionais. Por isso é que o 1º de Dezembro é hoje tão importante”, defendeu Carlos Moedas em discurso nas comemorações.
Na opinião do presidente lisboeta, “a grande lição” do dia da Restauração da Independência de Portugal é que “a classe política tem que dar o exemplo de devoção pelo bem comum e de capacidade de liderança”.
“Dar o exemplo protegendo as instituições com visão e ambição. Dar o exemplo ouvindo todos”, defendeu.