Europa atinge meta de 80% para armazenamento de gás mais cedo

Da Redação com Lusa

A presidente da Comissão Europeia anunciou, esta terça-feira, que a União Europeia (UE) já atingiu a meta de 80% de armazenamento de gás, prevista para 1 de novembro próximo, falando em “boas notícias” para reduzir a dependência da Rússia.

“Precisamos de nos afastar dos combustíveis fósseis russos e conseguir fontes fidedignas e confiáveis, principalmente para encher os nossos armazéns, e aqui existem boas notícias [pois] atingimos já uma média na União Europeia de preenchimento do armazenamento de 80%”, anunciou Ursula von der Leyen, discurso numa cimeira sobre Segurança Energética em Copenhaga, na Dinamarca.

E sublinhou: “Basicamente já atingimos a quantidade que acordamos para este ano, mas sabemos que ainda vamos aumentar o preenchimento do armazenamento”.

Ainda assim, Ursula von der Leyen vincou que a dependência da UE face aos combustíveis fósseis russos “só acabará se se investir maciçamente em energias renováveis”.

“É por isso que estamos aqui hoje e que propusemos aumentar ainda mais a nossa meta de 2030 para as energias renováveis até 45%”, adiantou a líder do executivo comunitário.

Dados da organização europeia Gas Infrastructure Europe, consultados pela agência Lusa, revelam que o preenchimento das reservas de gás da UE está hoje a 79,94%, com Portugal a ter o seu armazenamento totalmente cheio (100%).

Numa altura em que se teme corte no fornecimento do gás russo à UE, estão em vigor no espaço comunitário novas regras para armazenamento de gás, prevendo que as instalações na UE estejam pelo menos 80% preenchidas até 1 de novembro próximo, devendo os países esforçar-se para chegar aos 85%.

A ideia é evitar uma ruptura no inverno, já que os armazéns subterrâneos de gás (que existem em 18 dos 27 Estados-membros) disponibilizam aprovisionamento adicional em caso de forte procura ou de perturbações no abastecimento, reduzindo a necessidade de importar gás adicional ao, habitualmente, fornecerem 25-30% do gás consumido na estação fria.

No final de março passado, a Comissão Europeia propôs uma obrigação mínima de 80% de armazenamento de gás na UE para o próximo inverno, até início de novembro, para garantir fornecimento energético, percentagem que deverá chegar aos 90% nos anos seguintes.

Face a tais obrigações, Portugal e Espanha criticaram a obrigação de armazenamento subterrâneo de gás na UE acima dos 80%, pedindo a inclusão das “circunstâncias específicas da Península Ibérica” e a contabilização do gás natural liquefeito (GNL).

Previsto está agora que o armazenamento subterrâneo de gás no território dos Estados-membros seja abastecido em pelo menos 80% da sua capacidade antes do inverno de 2022/2023 e a 90% antes dos períodos de inverno seguintes.

Coletivamente, o objetivo é o de a UE encher 85% da capacidade de armazenamento subterrâneo de gás em 2022.

Estipulado está também que os países da UE possam “cumprir parcialmente” o objetivo de 90%, contabilizando as reservas de GNL ou combustíveis alternativos armazenados nas instalações.

E, uma vez que só 18 países têm instalações de armazenamento no seu território, os Estados-membros sem instalações de armazenamento devem ter acesso às reservas de outros.

Dos 27, só a Grécia, Chipre, Irlanda, Eslovênia, Lituânia, Finlândia, Estônia, Malta e Luxemburgo não têm infraestruturas para armazenamento de gás.

As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.

Aumento de Preço

A Galp anunciou hoje que o aumento do preço do gás natural, em outubro, rondará os oito euros, para o escalão mais representativo de clientes, refletindo o “custo de aquisição em linha” com os preços no mercado internacional.

“O aumento em causa rondará os oito euros para o escalão mais representativo de clientes da Galp”, indicou a empresa numa nota aos clientes, enviada à Lusa, após ter anunciado, na semana passada, que iria atualizar os preços do gás natural, a partir de 01 de outubro.

Segundo a energética, “o novo preço reflete o aumento do respetivo custo de aquisição em linha com a evolução do preço deste produto no mercado internacional”.

A Galp disse ainda reconhecer “o impacto que o atual contexto do mercado está a provocar na fatura dos seus clientes”. E já tinha apontado a “volatilidade” como razões para a atualização.

Este anúncio aconteceu depois de a EDP Comercial ter dito à Lusa que vai aumentar o preço do gás às famílias em média em 30 euros mensais, mais taxas e impostos, a partir de outubro, devido à escalada de preços nos mercados internacionais e após um ano sem atualizações.

A Galp tinha atualizado o preço do gás natural em 01 de julho, com um aumento de cerca de 3,60 euros para o escalão mais representativo.

Os preços do gás natural para os consumidores em mercado regulado também irão aumentar em outubro, em 3,9% em relação ao mês anterior, segundo anunciou a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), em junho.

Assim, em 01 de outubro irá registar-se um aumento de 8,2% para o ano 2022-2023, face ao ano anterior (2021-2022) adiantou a ERSE, ressalvando que “tendo presente as atualizações da tarifa de energia ao longo de 2022, os consumidores em mercado regulado irão observar em outubro de 2022 um aumento médio de 3,9% face ao mês anterior”.

Estas atualizações dizem respeito às tarifas de venda ao segmento doméstico (consumos inferiores ou iguais a 10.000 m3/ano) que ainda estão no mercado regulado.

Em julho, os preços também foram alvo de uma atualização, aumentando 3,3%. Assim, a partir do mês passado, a fatura de um casal sem filhos com consumo anual de 138 m3 aumentou 0,33 euros, sendo que para um casal com dois filhos (consumo anual de 292 m3) o aumento médio é de 0,70 euros. Em outubro, no primeiro caso há um acréscimo de 0,48 euros e no segundo 0,87 euros em média, face a setembro, segundo a ERSE.

No dia seguinte ao anúncio da EDP, o Governo português anunciou que vai propor o levantamento das restrições legais existentes, para permitir o acesso às famílias e pequenos negócios ao mercado regulado.

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