Mundo Lusíada
Após o Sindicato dos trabalhadores das embaixadas em Portugal anunciar que decidiu cancelar a paralisação prevista para setembro, os funcionários consulares no Brasil divulgaram uma nota lamentando o ocorrido.
Segundo o secretário-geral adjunto do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, das Missões Diplomáticas e dos Serviços Centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (STCDE), Alexandre Vieira, a decisão de suspender a entrega do pré-aviso resulta de uma reunião marcada para 05 de setembro, no Palácio das Necessidades, com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
“É lamentável, inadmissível, e de grande estranheza essa postura dos dirigentes do STCDE, sendo que não é a primeira vez que toma esse tipo de atitude, sem antes marcar uma assembleia geral com todos os funcionários dessa categoria, para ouvir as opiniões dos seus associados” diz a nota enviada ao jornal Mundo Lusíada.
“Basta o MNE marcar uma reunião para negociar o que já vem sendo discutido em todos os seus sentidos há nove anos, para o STCDE cancelar o PRÉ-AVISO DE GREVE, sem nenhuma garantia que, em mais uma reunião entre tantas outras que já ocorreram, vai ser resolvida essa situação dramática, vergonhosa e desesperadora que todos nós, trabalhadores da Embaixada e dos Consulados de Portugal no Brasil, que estamos vivendo há vários anos”.
Os funcionários dos consulados portugueses no Brasil estão recebendo seus salários em moeda local, ao câmbio de R$2,638 desde 2013, sendo os únicos funcionários dessa categoria no mundo fora da tabela salarial em euros.
Para os funcionários, segundo a nota, ainda é lamentável que um dos dirigentes do STCDE fazer uma declaração dizendo que a decisão “foi consensual” em não avançar com o aviso prévio de greve.
“Todos nós, trabalhadores associados ou não ao STCDE, repudiamos e não aceitamos essa atitude dos dirigentes do STCDE, por tomar decisões que não condizem, não expressam os interesses e nem a vontade da maioria absoluta dos seus associados”.
Para os funcionários dos consulados no Brasil, a direção do STCDE deveria ter mantido e entregue o pré-aviso de greve, mesmo após ter sido convocada a reunião, alterando apenas o seu início, que seria dia 05, podendo assim manter a greve em caso de não haver solução concreta na reunião marcada para o dia 05/09/2022.
“É lamentável e de grande indignação e frustração, mas essa atitude dos dirigentes do STCDE, que após todos os esforços de união e mobilizações de todos os funcionários da Embaixada e dos Consulados de Portugal no Brasil, com o apoio dos competentes órgãos de imprensa e redes sociais para divulgar o pré-aviso de greve, anunciado e publicado pelo STCDE, que seja cancelada pelos dirigentes do STCDE, sem qualquer consulta aos seus associados”.
Um dos dirigentes do sindicato ainda teria declarado para uma colega do Consulado de Portugal em Fortaleza que “quem decide tudo somos nós” referindo-se ao sindicato em Lisboa.
“Os Sindicatos foram criados para representar as classes trabalhadoras, respeitando cada um dos seus sócios, lutando pelas suas reivindicações e, principalmente, as decisões tomadas e votadas em assembleias e vencidas pela maioria” defendeu a nota. “O sindicato tem a obrigação de estar sempre acima dos interesses individuais e, principalmente, dos seus dirigentes” concluiu.