Da Redação com agencias
18 de julho é o Dia Internacional Nelson Mandela. Representantes de todo o mundo juntam-se nas Nações Unidas para homenagear o Prêmio Nobel da Paz e ícone que foi o primeiro presidente da África do Sul democrática entre 1994 e 1999.
Foi na mesma sala da Assembleia Geral que o símbolo da luta contra o regime segregacionista do apartheid foi ovacionado em 1994 em seu primeiro discurso como primeiro chefe de Estado negro de seu país, que estava inaugurando a era democrática e não racial.
Nelson Mandela agradeceu à comunidade internacional em nome de milhões de sul-africanos porque o respeito pela dignidade humana também inspirou a atuação global e levou a garantir a recuperação da dignidade de seu povo.
Madiba já tinha sido recebido no órgão em 1990, pouco depois de ser libertado após 27 anos de prisão.
Em mensagem de vídeo pelo Dia Internacional Nelson Mandela, o secretário-geral António Guterres disse que o mundo homenageia um gigante da atualidade.
Para o chefe da ONU, Mandela foi um líder de coragem incomparável, com grandes realizações, além de ser um homem de dignidade serena e profunda humanidade. O chefe da ONU aponta a marca de Nelson Mandela como homem que promoveu a cura de comunidades e foi mentor de gerações.
Guterres disse ainda que ele continua sendo uma bússola moral e referência para todos. Ele lembrou ainda que Madiba percorreu o caminho da liberdade e da dignidade “com determinação de aço e com compaixão e amor”.
Nesse trajeto, ele “demonstrou que cada um tem a capacidade – e a responsabilidade – de construir um futuro melhor para todos”.
Num contexto de múltiplas crises globais, o líder das Nações Unidas destacou que o modelo do ícone sul-africano ainda é relevante.
Guterres diz que se que o mundo de hoje é caracterizado pela guerra, sobrecarregado por emergências e marcado pelo racismo, pela discriminação, pela pobreza e por desigualdades, além de ser ameaçado pelo desastre climático. Ele destacou que se deve encontrar esperança no exemplo de Nelson Mandela e inspiração em sua visão ao apelar a ação no dia a dia em honra ao legado do ex-líder sul-africano.
Para Guterres, a atuação global no presente requer que fale abertamente contra o ódio e defenda os direitos humanos ou abrace a humanidade rica em diversidade, igual em dignidade, unida em solidariedade.
O secretário-geral termina a mensagem destacando que o mundo una esforços por uma situação mais justa, compassiva, próspera e sustentável para todos.
Foi em 2009 que a ONU proclamou a data para homenagear o legado de Nelson Mandela por meio de eventos de voluntariado e serviço comunitário.
A celebração chama o mundo à ação e a explorar o “poder individual para transformar o mundo e para a capacidade de causar impacto”. Além de político, Mandela também foi filantropo.
Democracia e liberdade
O príncipe Harry de Inglaterra alertou hoje na ONU para a existência de “um ataque global contra a democracia e a liberdade” e exortou todos os cidadãos do mundo a mobilizarem-se para o enfrentar.
Harry, na cerimônia do Dia Internacional de Nelson Mandela, pediu que se tome o legado do histórico líder sul-africano como exemplo e nunca se desista na defesa de valores e princípios.
“Podemos escolher: ou ficar apáticos e cair no desespero e rendermo-nos à gravidade do que estamos a enfrentar, ou fazer o que Mandela fazia todos os dias”, disse Harry no plenário da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
O duque de Sussex recordou como o histórico Presidente sul-africano, que passou 27 anos na prisão pela sua luta contra o regime ‘apartheid’ [segregação racial], sempre foi capaz de “encontrar a luz”, mesmo nos momentos mais sombrios, e trabalhar incansavelmente por aquilo em que acreditava.
Harry reconheceu que a situação no mundo é atualmente especialmente difícil, com uma pandemia em andamento, com as mudanças climáticas a “causarem estragos” e com certos grupos usando “mentiras e desinformação” para prejudicar a maioria.
“Da horrível guerra na Ucrânia à reversão dos direitos constitucionais aqui nos Estados Unidos, estamos a testemunhar um ataque global à democracia e à liberdade”, insistiu, numa referência à recente decisão do Supremo Tribunal Federal dos EUA sobre o direito ao aborto.
O filho mais novo do príncipe de Gales, herdeiro do trono britânico, garantiu que hoje vê o espírito de Mandela refletido naqueles que se mobilizam para proteger o meio ambiente; nos jovens ativistas a favor da igualdade e da justiça, ou no trabalho de organizações como World Central Kitchen, iniciativa do ‘chef’ espanhol José Andrés para combater a fome e com a qual a sua fundação colabora.
Num discurso que durou cerca de 15 minutos, Harry destacou o seu amor por África, lugar onde afirma ter-se sentido mais próximo de sua mãe, Diana de Gales, e onde soube que havia conhecido a sua “alma gémea”, Meghan Markle, que o acompanhou na na sede da ONU.
O casal entrou na sede das Nações Unidas a sorrir e de mãos dadas para participar na cerimónia em memória de Mandela, no qual participaram vários altos funcionários da organização e representantes nacionais, juntamente com outras personalidades como o presidente da câmara de Nova Iorque, Eric Adams.