Já o ministro das Infraestruturas e da Habitação disse que o aeroporto de Lisboa poderá ter de recusar voos no próximo ano, com a recuperação do turismo, apelando para um novo aeroporto.
Mundo Lusíada com Lusa
Nesta terça-feira, a presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), Tânia Cardoso Simões, defendeu no parlamento português que os constrangimentos que se têm verificado nos aeroportos, sobretudo em Lisboa, têm como razão principal a “falta de recursos humanos”.
Numa audição, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, a presidente da entidade abordou os “constrangimentos de curtíssimo prazo” que estão a afetar o funcionamento dos aeroportos, tendo em conta o aumento do tráfego aéreo, mais cedo do que era esperado.
“A maior dificuldade para este verão é de fato a falta de recursos humanos e gostava de sublinhar que é uma situação absolutamente comum a toda a Europa”, referiu, destacando que os atrasos começam no centro da Europa e que vão “em bola de neve” até aos países periféricos.
Tânia Cardoso Simões destacou ainda que a ANAC está a falar com o Governo e outras entidades públicas para encontrar solução, sublinhando que é essencial tomar a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa.
“Nos próximos cinco anos temos de viver com a capacidade que temos, com soluções pontuais para se conseguir evitar atrasos”, realçou.
A presidente da ANAC destacou ainda que a entidade também está a braços com falta de pessoal. “Neste momento temos sete concursos para 13 lugares e pedimos para nos aceitarem um reforço de quatro pessoas, que ainda são incorporáveis no orçamento atual que temos”, salientou, indicando que ainda assim estes reforços “não chegam”.
“As pessoas têm de se multiplicar. Temos uma força fantástica, mas isto não é eterno”, salientou.
Quanto a questões levantadas pela falta de técnicos de manutenção de aeronaves, a presidente da ANAC disse que não tinha “conhecimento de que haja problemas ao nível da manutenção de aeronaves de operadores nacionais”, destacando que mesmo as entidades que fazem ‘outsourcing’ são obrigadas a apertados requisitos de segurança. “Não vou dizer que não temos nós próprios falta de técnicos”, reconheceu, mas garantiu que “as equipas põem a segurança em primeiro lugar”.
Recusar voos
Já o ministro das Infraestruturas e da Habitação disse hoje que o aeroporto de Lisboa poderá ter de recusar voos no próximo ano, com a recuperação do turismo, apelando a um consenso alargado sobre a construção do novo aeroporto.
“Este ano, recusar voos ainda não. No próximo ano muito provavelmente atingiremos, esperamos nós, o melhor ano de sempre, que foi antes da pandemia, e aí começaremos novamente a ter problemas de recusa de voos”, disse Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas, ao lado do presidente da câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
Pedro Nuno Santos, que indicou que “nos próximos dias” o Governo dará “mais informação sobre o aeroporto”, admitiu que as perturbações esperadas para o próximo ano serão agravados, uma vez que já se sentem desde maio “de circulação, de fluidez e tempos de espera.
“Temos um problema que é estrutural, com um aeroporto que está esgotado e que precisa de uma resposta”, defendeu mais uma vez, considerando ser necessário que o país seja capaz de conseguir um consenso alargado para a sua concretização, de forma a assegurar que cada vez que muda um governo ou um ministro “não andamos para trás”.
Para Pedro Nuno Santos, “é importante trabalharmos nesse consenso, numa boa solução”.
Quando questionado sobre as longas filas de espera no aeroporto de Lisboa, o governante vincou que “o Ministério da Administração Interna já apresentou um plano de contingência, que vai estar em execução na sua plenitude a partir do início do mês de julho e esperamos que desse ponto de vista das filas ajude alguma coisa”.
Também Carlos Moedas voltou a defender que “Lisboa precisa de um novo aeroporto”.
“Temos de ter esse novo aeroporto. Esse novo aeroporto depende de uma escolha que é feita técnica e não política. Estaremos do lado da solução da construção do novo aeroporto. Essa é a decisão política: não deixar passar mais dez anos sem decidirmos. Temos de decidir”, disse.
Os tempos de espera na área das chegadas do aeroporto de Lisboa ultrapassaram no domingo as três horas, devido à “insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento”, disse a ANA Aeroportos.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) esclareceu esta segunda-feira que no domingo ocorreu no aeroporto de Lisboa um pico de passageiros nas chegadas, provenientes de cerca de 3.000 voos, o que provocou “demoras acentuadas no controlo de fronteira”.
A inspetora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) Ana Vieira também frisou que as longas filas refletem o aumento exponencial do turismo e uma infraestrutura desadequada para o número de passageiros.
“Muito honestamente, não estávamos preparados para este aumento exponencial de turismo e de passageiros, e a própria infraestrutura, como o senhor ministro da Administração Interna já disse, também não está adequada a esta realidade”, disse a inspetora Ana Vieira em declarações aos jornalistas no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, na sequência de várias notícias abordando longas filas e de horas de espera para os passageiros que chegam a Lisboa.