Da Redação com Lusa
Os quase 990 mil casos confirmados em abril e maio representam 21% das infecções desde o início da pandemia de covid-19, mas as 1.455 mortes nesses dois meses constituem cerca de 6% do total de óbitos.
Nos últimos dois meses, o país entrou na sexta vaga da pandemia, registrando, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), um total de 988.307 casos: 288.059 em abril e 700.248 em maio, que significam 21% das 4.717.243 infeções notificadas por Portugal à Organização Mundial da Saúde (OMS) à data de quarta-feira.
Apesar de um em cada cinco casos de infecção pelo SARS-CoV-2 ter sido registado nos últimos 60 dias, os 1.455 óbitos registados nesse período representam apenas cerca de 6% do total de 23.150 mortes comunicadas à OMS desde que, em 16 de março de 2020, se verificou a primeira vítima mortal por covid-19 em Portugal.
O aumento significativo de infeções registado nas últimas semanas deve-se, segundo os especialistas, ao fim da obrigatoriedade generalizada do uso de máscara desde 21 de abril, numa altura em que a incidência estava nos 556 casos por 100 mil habitantes, mas também ao crescimento de uma nova linhagem da variante Ómicron do SARS-CoV-2.
Detectada pela primeira vez entre o final de março e o início de abril, a BA.5, que tem revelado uma maior capacidade de transmissão, ganhando terreno à antecessora BA.2, é esta semana já responsável por cerca de 87% das infeções confirmadas no país, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Henrique Oliveira, matemático do Instituto Superior Técnico (IST) e que integra o grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia dessa instituição, adiantou à Lusa que Portugal está agora com um índice de transmissibilidade (Rt) do vírus de 0,96 e “numa situação de planalto” que se deve manter ao longo desta semana, sendo expectável uma “queda acentuada de casos a partir de meados de junho”.
O especialista em sistemas dinâmicos projetou que, apesar da prevista redução do número de infeções, os “internamentos em enfermaria e cuidados intensivos e os óbitos vão manter-se elevados até 25 de junho”, uma vez que o país deve ter cerca de 200 mil pessoas infectadas atualmente.
O matemático, que é também um dos responsáveis pelo Indicador de Avaliação da Pandemia desenvolvido em colaboração entre o IST e a Ordem dos Médicos, reforçou ainda a previsão de que, devido a isolamentos e baixas médicas por covid-19, esta sexta vaga levou à perda de “30 milhões de horas de trabalho” em Portugal, sendo este valor o “limiar mínimo” para esse indicador.
A sexta onda pandêmica agravou-se em maio, com Portugal a registar um total de 700.248 contágios nesse mês, mais 143% do que os 288.059 casos confirmados em abril, um crescimento que foi ainda extensivo aos óbitos.
De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde, morreram por covid-19 em abril 592 pessoas, o que representa uma média de 19,7 óbitos diários, mas em maio foram registados 863, o que fez subir a média para 27,8 mortes por dia no último mês.
Em termos pandêmicos, maio de 2022 apresentou uma situação muito mais desfavorável em relação ao mesmo mês de 2021 em termos de infeções diárias pelo SARS-CoV-2 e de mortes específicas por covid-19.
Em maio de 2021, com apenas cerca de dois milhões de pessoas com vacinação completa, registaram-se 12.600 contágios e 51 mortes por covid-19.
Ou seja, na grande maioria dos dias de maio de 2022 registou-se mais casos de infecção em cada dia do que no total do mês de maio de 2021.
Além disso, em maio de 2022 morreram 17 vezes mais pessoas do que no mesmo mês de 2021 por covid-19.
Também a pressão hospitalar foi em maio deste ano maior do que no mês homólogo, com os últimos dados oficiais disponíveis a indicarem 1.842 internados e 99 doentes em cuidados intensivos a 23 de maio de 2022, quando no mesmo dia de 2021 estavam hospitalizadas 220 pessoas, das quais 58 em medicina intensiva.
Apesar de o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus estar a baixar, a DGS e o INSA alertaram, na última sexta-feira, que a epidemia de covid-19 mantém uma incidência muito elevada, com tendência crescente, sendo expectável o aumento da procura de cuidados de saúde e da mortalidade, em especial nos grupos mais vulneráveis.
Perante esta projeção, estas entidades salientam que deve ser mantida a vigilância da situação epidemiológica, recomendando também fortemente o reforço das medidas de proteção individual e a vacinação de reforço.
Em 18 de maio entrou em vigor a contabilização das suspeitas de reinfeção, com a atualização retrospectiva dos casos acumulados.
De acordo com a DGS, os novos casos passam a incluir as primeiras infecções e as reinfecções pelo SARS-CoV-2.