Da Redação com Lusa
Em sua visita a Santa Catarina, o secretário Regional da Agricultura dos Açores defendeu a criação, por parte da União Europeia, de taxas alfandegárias “isentas ou mais baixas” para regiões ultraperiféricas como o arquipélago expedirem agroalimentos para as comunidades no Brasil, por exemplo.
“A nossa ambição é que possamos, enquanto Região Ultraperiférica [REP], poder expedir agroalimentos para Santa Catarina [Brasil], onde não temos os nossos queijos, mel, vinhos ou chá. Era interessante que, como REP, pudéssemos exportar com taxas alfandegárias isentas ou mais baixas. Admito que possam existir quotas, mas o importante era garantir que os nossos produtos possam chegar às nossas comunidades e raízes”, afirmou António Ventura.
O governante falava aos jornalistas depois da apresentação de um projeto de divulgação dos Açores no Estado de Santa Catarina, bem como das raízes açorianas daquela região brasileira, no âmbito do 275.º aniversário do povoamento açoriano.
Ventura defendeu um “passaporte institucional e universal na questão de produtos”. “O setor comercial deve ser mais facilitado para marcar presença nas nossas comunidades com aquilo que produzimos”, observou.
O governante lembrou que, quando foi deputado da República, tentou “trabalhar este assunto” para que “para que as REP tivessem um tratamento preferencial e ter produtos acessíveis nas suas comunidades”.
O secretário regional indicou ainda a possibilidade de intercâmbios noutras áreas, como a tecnologia, turismo ou ensino.
“Podemos transmitir o que sabemos melhor e receber o que de melhor se faz aqui”, explicou.
O secretário regional da Agricultura do Governo dos Açores, António Ventura, substitui nesta visita o presidente do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, que ficou nos Açores por causa da crise sísmica na ilha de São Jorge, enquanto o vice-presidente do Governo, Artur Lima, não o pode substituir por motivos de saúde.
Da comitiva açoriana presente no Estado de Santa Catarina faz ainda parte o diretor regional das Comunidades, o presidente da Casa dos Açores do Estado de Santa Catarina, Sérgio Luiz Ferreira, e o Conselheiro da Diáspora Açoriana no Estado de Santa Catarina, Willian Agostinho Marques.
Durante a visita, foi entregue à Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus uma Coroa do Divino Espírito Santo. Esta era a única das 14 festas do Divino na cidade de Florianópolis que ainda não tinha Coroa própria.
Entre 1748 a 1756, mais de 4.500 açorianos fixaram residência no litoral do Estado de Santa Catarina e aproximadamente 1.500 açorianos migraram para o Rio Grande do Sul, descreve o Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina, na sua página da internet.
Estes ilhéus, provenientes principalmente do grupo central do arquipélago (ilhas Terceira, Pico, São Jorge, Faial e Graciosa), asseguraram a efetiva ocupação do litoral do Estado e “fixaram raízes culturais profundas que até hoje constituem a essência cultural” da região, acrescenta.
Atualmente, estas raízes culturais estão muito presentes numa faixa de mais de 500 quilômetros de costa com uma área de mais de 15.000 quilômetros quadrados e uma população de aproximadamente um milhão de habilitantes.