Da Redação com Lusa
Os clubes e as seleções russas de futebol foram hoje suspensas de todas as competições, por decisão conjunta da UEFA e da FIFA, devido à ofensiva militar do país na Ucrânia.
“Na sequência das decisões iniciais adotadas pelo Conselho da FIFA e pelo Comité Executivo da UEFA, que previa a adoção de medidas adicionais, a FIFA e a UEFA decidiram hoje em conjunto que todas as equipas russas, sejam seleções ou clubes, devem ser suspensas de participar nas competições da FIFA e da UEFA até nova ordem”, lê-se no comunicado dos dois organismos que regem o futebol mundial e europeu.
A exclusão das representações russas das competições europeias e mundiais foi decidida ao mais alto nível, pelo “Bureau do Conselho da FIFA e pelo Comité Executivo da UEFA, os dois mais altos órgãos decisórios das duas instituições em assuntos tão urgentes”.
“O futebol está totalmente unido e em total solidariedade com as pessoas afetadas na Ucrânia. Os dois presidentes esperam que a situação na Ucrânia melhore significativa e rapidamente, para que o futebol possa voltar a ser um vetor de união e paz entre os povos”, remata o comunicado das estruturas presididas por Gianni Infantino e Aleksander Ceferin.
Esta decisão ocorre um dia depois de a FIFA ter cancelado a realização de jogos de futebol na Rússia, admitindo que as seleções do país jogassem em campo neutro, sem espectadores e sem hino, e sob a designação da sua federação nacional e não do país.
“Nenhuma competição internacional será disputada no território da Rússia, devendo as partidas ‘em casa’ ser jogadas em território neutro e sem espetadores”, detalhou a FIFA em comunicado, no domingo.
Na ocasião, a FIFA dava conta do diálogo com a federação da Polônia, adversária da Rússia no ‘play-off’ de qualificação para o Mundial2022, e com as suas associações da República Checa e Suécia, possíveis adversárias na fase a eliminar, referindo ter “tomado nota das preocupações manifestadas”.
A Rússia deveria enfrentar em Moscou a Polônia numa das meias-finais, com o vencedor desse encontro a receber na final do ‘play-off’ para o Mundial a seleção vencedora do jogo entre Suécia e República Checa, em embate que poderia ser novamente em território russo.
O jogo entre Rússia e Polónia está agendado para 24 de março e a final desse ‘play-off’, com o vencedor da Suécia-República Checa, em 29 do mesmo mês.
Antes, já o Comité Olímpico Internacional (COI) tinha pedido a todas as federações desportivas internacionais que cancelem ou mudem de local quaisquer competições planeadas para solo russo ou bielorrusso, e da UEFA ter transferido para Paris a final da Liga dos Campeões, prevista para São Petersburgo.
Na quinta-feira, a Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscou.
Olimpíadas
Também o Comité Olímpico Internacional (COI) recomendou que federações desportivas e organizadores não convidem ou permitam a participação de atletas russos ou bielorrussos em quaisquer provas internacionais.
“Para proteger a integridade das competições desportivas globais, e para a segurança de todos os participantes, o Conselho Executivo do COI recomenda que as federações internacionais e organizadores de eventos não convidem, nem permitam a participação, de atletas russos e bielorrussos, bem como de oficiais, em competições internacionais”, pode ler-se em comunicado do organismo olímpico.
Quando não for possível excluir os atletas ou equipas, o COI sugere que estes não possam competir sob a bandeira e o hino quer da Rússia quer da Bielorrússia, mas como verdadeiramente “neutros”.
A guerra em curso na Ucrânia, alertam, “coloca o movimento olímpico num dilema”, pela forma como atletas daquele país ficam impedidos de participar em provas internacionais, ao contrário de russos e bielorrussos, o que justificou a decisão.
“Quando, em circunstâncias muito extremas, nem esta contingência seja possível, pelo curto prazo e questões organizativas ou legais, o COI delega na organização a capacidade de encontrar uma solução própria para responder a este dilema”, acrescentam.
Neste ponto, de resto, o Conselho Executivo aponta aos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim2022, que estão prestes a começar, indicando apenas que “apoia completamente o Comité Paralímpico Internacional” e o próprio evento.
A violação da trégua olímpica, em vigor até 20 de março, já tinha levado o Comité a pedir que os eventos na Rússia ou Bielorrússia fossem cancelados ou realocados, com um escalar do apelo a mais sanções desportivas a ser hoje tornado público.
Outra medida forte hoje anunciada é a retirada de condecorações com a Ordem Olímpica a “todas as pessoas com uma função importante no governo russo”, o que inclui, desde logo, o presidente, Vladimir Putin, agraciado em 2001.
A retirada estende-se ao ‘vice’ Dmitri Chernyshenko e a Dmitri Kozak, ambos condecorados em 2014, ano em que a Rússia recebeu os Jogos Olímpicos de Inverno Sochi2014.