Portugal pode sofrer com preço do aumento do gás

Rua quase sem pessoas com o comércio e os hotéis quase todos fechados em Fátima, 9 de maio de 2020. A GNR iniciou às 09:00 de hoje a operação “Fátima em casa”, que se prolongará até quarta-feira, com o objetivo de impedir o acesso de peregrinos ao santuário. O Santuário de Fátima irá estar encerrado aos peregrinos durante as celebrações religiosas de 12 e 13 de maio. PAULO CUNHA /LUSA
Rua quase sem pessoas com o comércio e os hotéis quase todos fechados em Fátima, 9 de maio de 2020. A GNR iniciou às 09:00 de hoje a operação “Fátima em casa”, que se prolongará até quarta-feira, com o objetivo de impedir o acesso de peregrinos ao santuário. O Santuário de Fátima irá estar encerrado aos peregrinos durante as celebrações religiosas de 12 e 13 de maio. PAULO CUNHA /LUSA

Da redação com Lusa

O ministro das Finanças, João Leão, disse nesta sexta-feira que Portugal pode sofrer as consequências do aumento dos preços do gás devido à invasão russa da Ucrânia e que Europa deve aproveitar este momento para apostar na transição energética.

“Para Portugal, a dimensão das exportações para a Rússia é menos de 1%, a utilização do SWIFT entre bancos portugueses e bancos russos é muito limitado, mas a questão é que não somos independentes, portanto, se o abastecimento de energia a estes países como a Alemanha ou Itália for muito afetado, vão ter de procurar alternativas e o preço do gás nos mercados mundiais vai fazer subir o preço do gás para todos nós”, afirmou hoje o ministro em Paris.

João Leão está na capital francesa para participar na reunião informal dos ministros da Economia e Finanças da União Europeia, que teve a agenda modificada devido à recente invasão russa na Ucrânia.

Os ministros da Economia e das Finanças europeus decidiram hoje novas sanções adicionais contra a Rússia, ficando de estudar o impacto da exclusão da Rússia do sistema SWIFT, com a França a anunciar o congelamento de todos os bens de figuras da elite russa como dirigentes políticos e oligarcas.

“Não houve países contra a medida do SWIFT, o que se mostrou foi a necessidade de estudar o seu impacto e todos mostraram disponibilidade para reforçar as suas sanções à Rússia, todos os países mostraram abertura para isso e eventualmente incluir o SWIFT nesse pacote de sanções”, explicou.

Tal como no mercado energético, as sanções à Rússia podem ter outras implicações para as economias europeias.

“As sanções vão ter também impactos econômicos e a população europeia tem de estar preparada para sofrer as consequências econômicas das sanções, porque é algo muito importante que temos aqui em causa, que é a defesa da democracia”, detalhou o ministro.

No entanto, esta pode ser também uma oportunidade para Portugal, produtor de energias renováveis.

“A Europa tem que fazer a mudança na transição ambiental para fazer investimentos massivos nas energias renováveis, ficou presente para todos que isso é algo que deve ser reforçado financeiramente e que é importante reforçar a diversificação das fontes de energia”, explicou o ministro, referindo que Portugal tem de melhorar “a intercomunicação com a França” para exportar as energias renováveis.

No próximo mês, o governante português espera que sejam conhecidas as medidas mitigadoras para aplicar nos orçamentos do Estado dos 27, já que é preciso medidas coordenadas para fazer face aos impactos deste conflito.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e desnazificar” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus “resultados” e “relevância”.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

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