Mundo Lusíada com Lusa
O Presidente português realçou nesta quinta-feira o apoio unânime dos membros do Conselho Superior de Defesa Nacional a uma eventual participação “muito significativa” de meios militares portugueses em missões da NATO “numa função de dissuasão”.
“Tratava-se de autorizar a projeção nos termos das missões da NATO, em território da NATO, numa função de dissuasão – e não de intervenção agressiva, obviamente, fora do território da NATO. Mas é muito significativa esta projeção, na medida em que comporta forças quer da Armada, quer do Exército, quer da Força Aérea”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa perante a comunicação social, no Palácio de Belém, em Lisboa.
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas, que falava na Sala das Bicas, depois de ter recebido a embaixadora da Ucrânia em Portugal, considerou que esta disponibilidade militar no quadro da NATO “mostra o empenho e a solidariedade portuguesa, do mesmo modo que ela tem sido expressa, como se verá ainda hoje, no plano da União Europeia em termos econômicos e financeiros”.
Marcelo Rebelo de Sousa, que não respondeu a perguntas dos jornalistas, reiterou na sua declaração a “condenação veemente” da ofensiva militar lançada hoje de madrugada pela Federação Russa em várias partes do território da Ucrânia, “pela violação ostensiva e flagrante do direito internacional”.
Sobre o parecer favorável dado pelo Conselho Superior de Defesa Nacional às propostas do Governo para a participação das Forças Armadas Portuguesas em forças de prontidão da NATO, o Presidente luso sublinhou a “unanimidade que houve na deliberação dos conselheiros” e a “dimensão do contributo português”.
“Tratou-se de autorizar a projeção – uma vez que já estava autorizada, e o senhor primeiro-ministro o tinha dito, a pertença a uma força de intervenção rápida”, assinalou o chefe de Estado.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros alertou que os países ocidentais e membros da NATO têm de estar preparados “para todos os cenários”, trabalhando ao mesmo tempo no plano da defesa e no das sanções econômicas e financeiras.
“Temos que estar preparados para todos os cenários. Lamento dizê-lo, mas não posso dizer outra coisa: hoje temos que trabalhar com todos os cenários em cima da mesa porque o que acontece é que a ação de [Vladimir] Putin não apenas excede as suas palavras, a ação de Putin em cada momento está a exceder o máximo que prevíamos como possível nessa mesma ação”, sustentou Augusto Santos Silva.
Na reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República, ministro insistiu na necessidade de trabalhar “ao mesmo tempo em dois pilares”. “O pilar da nossa própria defesa, que passa pela nossa própria capacidade de dissuasão, e o plano das sanções econômicas e financeiras propriamente ditas”, acrescentou.
Santos Silva considerou ainda que “qualquer que seja o objetivo” da ofensiva russa, “ele é ilegítimo, é ilegal e é condenável”.
FMI
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que a invasão russa da Ucrânia representa “um importante risco econômico para a região e para o mundo” e pode afetar a recuperação econômica.
“Estou muito preocupada com o que se passa na Ucrânia e, acima de tudo, com as consequências para pessoas inocentes. Isto adiciona um importante risco econômico para a região e o mundo. Avaliamos as implicações e estamos prontos para apoiar os nossos membros se for necessário”, afirmou Georgieva, em mensagem na rede social Twitter.
A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.
Após o avanço das tropas russas, os mercados mundiais entraram em turbulência, com a queda das bolsas e a subida das matérias-primas.
Situação
O Ministério da Defesa russo confirmou hoje que as suas forças terrestres se movimentaram da Crimeia para a Ucrânia, no que foi a primeira confirmação de Moscou de que tropas da Rússia concretizaram a invasão do país vizinho.
Até agora, a Rússia apenas tinha admitido alguns ataques aéreos e com mísseis contra bases ucranianas, tendo anunciado a destruição de 83 instalações militares no país vizinho.
Pela primeira vez desde o início da invasão, o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, confirmou que as tropas russas entraram na Ucrânia, informando que avançaram em direção à cidade de Kherson, a noroeste da Crimeia.
“Todas as tarefas atribuídas aos grupos militares das Forças Armadas da Federação Russa para este dia foram coumpridas com sucesso”,, disse Konashenkov.
A Ucrânia reconheceu que 13 civis e nove soldados foram mortos hoje na região de Kherson, que está parcialmente controlada por forças militares russas.
Catástrofe
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o risco de a guerra na Ucrânia provocar uma catástrofe humanitária na Europa, salientando que o acesso aos serviços de saúde “devem ser sempre protegidos”.
“Qualquer nova escalada pode resultar numa catástrofe humanitária na Europa, incluindo um número significativo de vítimas e mais danos nos sistemas de saúde já frágeis”, refere a OMS Europa.
A delegação regional da OMS na Europa adianta que está a trabalhar “em estreita colaboração com todos os parceiros” da ONU para “aumentar rapidamente” a prontidão de resposta à “emergência de saúde” esperada com o conflito.