Ucrânia: Portugal tem preparada força militar para missões de dissuasão da NATO

Mundo Lusíada com Lusa

Neste dia 24, o primeiro-ministro afirmou que Portugal dispõe de uma força militar que será disponibilizada para missões de dissuasão, caso seja essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, mas afastou uma intervenção da NATO na Ucrânia.

António Costa falava em conferência de imprensa, em São Bento, depois de uma reunião com os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e com o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro.

A reunião destinou-se a preparar o Conselho Superior de Defesa Nacional, convocado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para as 12:00.

O primeiro-ministro sinalizou que está reunido o Conselho do Atlântico Norte ao nível de embaixadores e que definirá “qual é a medida de empenho de forças de dissuasão que a NATO adotará para proteger todos os países membros da Aliança Atlântica que têm fronteira com a Ucrânia ou que estão no conjunto de toda uma vasta região que se estende da Islândia à Turquia”.

“Como é sabido, Portugal integra este ano as forças de reação rápida da NATO e nesse quadro temos um conjunto de elementos que estão disponibilizados, e a prontidão a cinco dias, para, se for essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, serem colocados sob as ordens do comando da NATO para a realização dessas missões de dissuasão”, disse.

No entanto, logo a seguir, António Costa salientou que “a NATO não intervirá nem agirá na Ucrânia”.

“E a posição que a NATO terá e em que as forças portuguesas poderão estar empenhadas são missões de dissuasão, em particular junto dos países da NATO que têm fronteira com a Ucrânia”, indicou, numa conferência de imprensa em que teve ao seu lado Augusto Santos Silva, João Gomes Cravinho e o almirante Silva Ribeiro.

Costa ainda afirmou que Portugal tem um plano de evacuação de cidadãos portugueses e luso-ucranianos da Ucrânia e que há abertura para o acolhimento de familiares dos ucranianos residentes no país.

Perante os jornalistas, o líder do executivo português transmitiu “uma palavra de confiança à comunidade ucraniana que reside em Portugal”.

“Contarão com toda a nossa solidariedade, têm sido muito bem-vindos a Portugal. Os seus familiares, os seus amigos, os seus conhecidos que entendam que devem procurar em Portugal a segurança e o destino para dar continuidade às suas vidas são muito bem-vindas. Essas são, aliás, instruções transmitidas às nossas embaixadas quer na Ucrânia quer nos países vizinhos para serem agilizadas emissões de vistos para quem pretenda vir para Portugal”, declarou o primeiro-ministro.

Relativamente aos portugueses e luso-ucranianos residentes na Ucrânia, de acordo com o primeiro-ministro, “está estabelecido um processo de evacuação e que será ativado se e quando for solicitado que assim aconteça”.

“Obviamente aquilo que todos desejamos é que esta ação não seja mais um passo numa escalada que tenha continuidade. Pelo contrário, tal como tem sido o apelo muito veemente do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] em nome de toda a humanidade, que a Rússia pare o ataque, retire as suas forças e dê espaço para que o diálogo diplomático prossiga de forma a garantir a paz e a segurança no conjunto da Europa e naturalmente também na Rússia”, declarou.

Resposta

O Parlamento Europeu vai ter, na terça-feira em Bruxelas, uma sessão plenária extraordinária para uma “resposta europeia sem precedentes” após a invasão russa da Ucrânia, anunciou hoje a presidente da instituição, condenando a “agressão russa”.

“Uma sessão extraordinária do Parlamento Europeu realiza-se a 01 de março [próxima terça-feira] em Bruxelas. A decisão foi acordada pelos grupos políticos em reunião da Conferência de Presidentes e pelos presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen”, anunciou Roberta Metsola.

Numa mensagem na rede social Twitter, a líder do Parlamento Europeu vincou: “Permanecemos firmes na nossa unidade, determinação e resposta à agressão russa não provocada”.

O anúncio surge após uma reunião de urgência da Conferência dos Presidentes do Parlamento Europeu, hoje de manhã em formato híbrido, que decorreu horas depois do início da invasão da Rússia da Ucrânia.

“O Parlamento Europeu apoia uma resposta europeia e internacional sem precedentes, incluindo novas e severas sanções que garantirão que o Kremlin será responsabilizado pelas suas ações”, refere a instituição, em comunicado à imprensa.

Os chefes de Governo e de Estado da UE discutirão hoje à noite, numa cimeira de urgência em Bruxelas, novas sanções à Rússia, depois de Moscovo ter ordenado uma operação militar em grande escala na Ucrânia, iniciada de madrugada, com bombardeamentos em várias cidades e a entrada de forças russas em território ucraniano.

Os embaixadores dos 27 Estados-membros junto da UE já estão reunidos em Bruxelas, para discutir a escalada da ofensiva militar russa na Ucrânia e preparar o Conselho Europeu extraordinário de hoje à noite, com novas sanções sobre a mesa.

O Presidente ucraniano pediu hoje aos líderes mundiais que deem ajuda à defesa da Ucrânia e protejam o espaço aéreo dos ataques russos, sublinhando que a Rússia “desencadeou uma guerra com a Ucrânia e com o mundo democrático”.

As tropas russas lançaram, hoje de madrugada, um amplo ataque à Ucrânia, tendo o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, alertado outros países que qualquer tentativa de interferência terá “consequências nunca antes vistas”.

Grandes explosões foram ouvidas antes do amanhecer em Kiev, Kharkiv e Odessa, enquanto os líderes mundiais denunciavam o início de uma invasão que pode causar muitas vítimas, derrubar o Governo democraticamente eleito da Ucrânia e ameaçar o equilíbrio pós-Guerra Fria no continente.

Os ucranianos começaram a fugir de algumas cidades, e os militares russos alegaram ter incapacitado todas as defesas aéreas e bases aéreas da Ucrânia em poucas horas.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que o país está agora sob lei marcial, e afirmou que a Rússia tem como objetivo as infraestruturas militares da Ucrânia.

Os ucranianos, que há muito se preparavam para um possível ataque, sem nunca saber exatamente quando aconteceria, foram instados a ficar em casa e não entrar em pânico, mesmo quando a guarda fronteiriça do país reportou a existência de uma “parede” de artilharia e de tropas russas na vizinha Bielorrússia.

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