Casa da Arquitectura prepara duas mostras dedicadas a Paulo Mendes da Rocha em 2023

Da Redação

Com a doação do acervo de Paulo Mendes da Rocha à Casa da Arquitectura no Porto, a instituição portuguesa anunciou a realização de duas exposições simultâneas sobre a obra do Pritzker brasileiro que vão abrir portas em maio de 2023, acompanhadas por “ambicioso plano de atividades” dentro e fora de Portugal.

As mostras vão ocupar os dois espaços expositivos da instituição, a Nave Expositiva e a Galeria da Casa. A exposição maior, na Nave, vai ter a curadoria do arquiteto e historiador de arquitetura Jean-Louis Cohen e de Vanessa Grossman, arquiteta brasileira sediada em Roterdão, sendo o projeto expositivo da autoria de Eduardo Souto de Moura, Prêmio Pritzker 2011.

Esta será uma grande exposição retrospectiva do trabalho do arquiteto Paulo Mendes da Rocha a partir de uma leitura do acervo doado à Casa da Arquitectura – que engloba todo o material produzido durante a sua longa vida profissional, desde a década de 50 do século passado até os dias atuais – e ficará patente até outubro de 2023.

Simultaneamente, na Galeria da Casa haverá uma exposição com curadoria da arquiteta brasileira Marta Moreira e do engenheiro português Rui Furtado, com projeto expositivo de Ricardo Bak Gordon, equipe que em conjunto com Paulo Mendes da Rocha e Nuno Sampaio, realizou o projeto do Museu dos Coches de Lisboa.

Paralelamente a estas duas exposições vai decorrer um programa de atividades com curadoria do arquiteto Nuno Sampaio, Diretor-executivo e Comissário-geral da CA, e da arquiteta Catherine Otondo, responsável pela organização do acervo de Paulo Mendes da Rocha, que chegou ao Porto em setembro de 2020.

Este programa paralelo conta com debates, conferências, visitas de obra e pretende-se que seja realizado durante cinco meses em seis países distintos, além de Portugal, Brasil, Itália, Inglaterra, Estados Unidos e Japão, “transformando-se numa grande festa da arquitetura e de celebração da obra e da pessoa de Paulo Mendes da Rocha” divulgou a CA.

O Prêmio Pritzker 2006, que foi primeiro sócio honorário da Casa da Arquitectura em setembro de 2018 e o mais recente galardoado com a medalha de ouro do Congresso da UIA – União Internacional de Arquitetos, faleceu no último 23 de maio.

“Esta será uma grande realização da Casa da Arquitectura para celebrar a pessoa e a obra universal de Paulo Mendes da Rocha, os seus princípios éticos, estéticos e técnicos em todo o mundo e que fará com que estas exposições em Matosinhos sejam de visita incontornável para quem gosta de arquitetura e, particularmente, da obra de Paulo Mendes da Rocha”, realça o Diretor-executivo, Nuno Sampaio.

A organização é da Casa da Arquitectura, que está a estabelecer parcerias com diversas entidades de todo o mundo para a prossecução do plano de atividades.

 

Biografias

Catherine Otondo é arquiteta graduada pela FAU_USP em 1994. Em 2013 recebeu o titulo de doutora pela mesma instituição com a apresentação da tese: “Desenho e espaço construído; relações entre pensar e fazer na obra de Paulo Mendes da Rocha”. Sobre a obra do arquiteto publicou ainda os livros: Maquetes de Papel, Itinerários de Arquitetura –Paulo Mendes da Rocha e o curta metragem 29 minutos com PMR. Atualmente é sócia do escritório base urbana em parceria com a arquiteta Marina Grinover. O escritório desenvolve projetos nas varias escalas da arquitetura e do desenho urbano, com foco no processo completo de projeção desde os primeiros desenhos até a execução da obra. Foi professora de Projeto no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP), e atualmente leciona a mesma disciplina na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 2020 foi eleita juntamente com um grupo de 156 mulheres, Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo, CAU/SP, para a gestão do triênio 2021-2023.

Eduardo Souto de Moura nasceu no Porto (Portugal) a 25 de Julho de 1952. Licencia-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto em 1980.

Colabora com o arquiteto Noé Dinis em 1974. Colabora com o arquiteto Álvaro Siza Vieira desde 1975 a 1979. Colabora com o arquiteto Fernandes de Sá de 1979 a 1980. De 1981 a 1991 trabalha como Professor Assistente do curso de Arquitectura na FAUP.

Inicia a atividade como profissional liberal em 1980. Professor convidado em Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurich, Lausanne e Mantova. Recebeu vários prêmios e participou em vários Seminários e Conferências em Portugal e no estrangeiro. Em 2011 recebe o Prémio Pritzker, em 2013 o Prémio Wolf e em 2017 o Prémio Piranesi.

Em 2018 recebe o Leão de Ouro na Bienal de Veneza.

Jean-Louis Cohen é arquiteto, historiador e curador, com um longo histórico de pesquisa em arquitetura moderna e planeamento urbano. Desde 1994, leciona a cadeira Sheldon H. Solow de História da Arquitetura no Instituto de Belas Artes da Universidade de Nova York. Foi curador de várias exposições no Museum of Modern Art, no Canadian Centre for Architecture, no Centre Georges Pompidou, na Cité de l’architecture et du patrimoine e no MAXXI.

Os mais significativos entre os quarenta livros que publicou são: Building a New New World: Amerikanizm in Russian Architecture, 2020. Frank Gehry; Catalogue Raisonné of the Drawings; Volume One, 1954-1978, 2020. Le Corbusier: an Atlas of Modern Landscapes, 2013. The Future of Architecture. Since 1889, 2012. Architecture in Uniform; Designing and Building for WWII, 2011.

Marta Moreira é arquiteta graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP em 1987. Professora de projeto na Escola da Cidade desde 2001; integrante da presidência da Associação desde 2019.

Sócia fundadora do MMBB Arquitetos desde 1990. Principais projetos: Centro Cultural e Recreativo do Esporte Clube Pinheiros, São Paulo, Brasil, 2017; Complexo de Habitação Social Jardim Edite, São Paulo, Brasil, 2008/2012; Auditório e Escola de Música em Campos do Jordão, Brasil, 2009; Reurbanização do Córrego do Antonico em Paraisópolis, São Paulo, Brasil, 2009; Casa City Boaçava, 2004/2008 e Casa Vila Romana, São Paulo, Brasil, 2004/2006; Escola Pública Campinas F1, Campinas, Brasil, 2003/2004; Garagem Trianon, São Paulo, Brasil, 1995/1999; Sede da DPTO – Propaganda e Marketing, São Paulo, Brasil, 1993/1994; Concurso Nacional de Projetos para o Pavilhão do Brasil em Sevilha, Espanha, 1991.

Colaboração com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha de 1995 a 2021. Principais projetos: SESC 24 de Maio, São Paulo, Brasil, 2002/2017; Museu Nacional dos Coches, Lisboa, Portugal, 2007/2009; Plano Diretor da Universidade de Vigo, Espanha, 2004/2005; Paço Alfândega, Recife, Brasil, 2000/2003; Poupatempo Itaquera, São Paulo, Brasil, 1998/1999; Centro Cultural FIESP, São Paulo, Brasil, 1996;Terminal de Ônibus D. Pedro II, São Paulo, Brasil, 1996.

Nuno Sampaio, arquiteto no Porto e mestre em “Arquitectura de Grande Escala” na Escola de Arquitetura de Barcelona, desenvolve atividade profissional como arquiteto desde 2000 no atelier “Nuno Sampaio – Arquitetos”.

Atualmente e desde 2014 é o Diretor-Executivo da Casa da Arquitectura, onde assume a direção e curadoria da instituição que é hoje o Centro Português de Arquitectura.

Foi membro do Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Arquitectos de 2008 a 2010. Foi presidente da “Estratégia Urbana” – Laboratório de Inovação de Arquitetura e Cidade, e Vice-presidente da Associação “Trienal da Arquitectura de Lisboa” de 2010 a 2020.

Paralelamente foi júri em diversos concursos de arquitetura onde se destacam os Prémios FAD 2013.

Ricardo Bak Gordon nasceu em Lisboa em 1967, tendo-se licenciado em 1990 na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa. Durante os seus estudos frequentou também a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e o Instituto Politécnico de Milão.

Foi professor do Mestrado Integrado de Arquitetura no Instituto Superior Técnico entre 2009 e 2019 e na Escola de Arquitectura da Universidad de Navarra, Pamplona, Espanha entre 2017 e 2019. Foi Visiting Design Critic, em Harvard Graduate School of Design entre 2015-17, Cambridge, Massachusetts. Foi ainda conferencista e/ou professor convidado em diversas universidades e instituições internacionais tais como a Academia de Arquitetura de Mendrisio, a Universidade IUAV de Veneza e a Escola Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona.

Desenvolve atividade como arquiteto desde 1990, e cria no ano 2002 o atelier Bak Gordon Arquitetos que coordena e onde trabalha.

Foi autor do Pavilhão de Portugal na ExpoZaragoza 2008, do Pavilhão de Portugal na Bienal de São Paulo 2007 e do projeto expositivo da 1ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa 2007. É coautor do projeto para o novo Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.

Tem uma vasta obra construída no domínio privado e público, do qual se destacam as intervenções em escolas, realizadas em Portugal e na Suíça.

O seu trabalho como arquiteto foi apresentado em diferentes exposições em Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha, República Checa, México, Equador, Brasil, Macau, Coreia do Sul e Japão; e publicado em prestigiadas revistas da especialidade.

Foi vencedor do prêmio FAD 2011 (Barcelona, Espanha), do prémio BIAU 2012 (Cádiz, Espanha), prémio CICA BA 2015 (Buenos Aires, Argentina) e o prémio APCA (São Paulo, Brasil), e foi nomeado para o prémio Mies van der Rohe em 2009 e 2011; Foi também representante de Portugal na Bienal de Veneza de 2010, 2012, 2018, e na Bienal de Arquitectura de Chicago de 2017.

O seu trabalho integra a coleção de Arquitectura do Art Institute of Chicago (AIC).

No ano de 2019 foi vencedor do prêmio da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA) pelo conjunto da sua obra.

Rui Furtado nasce no Porto em 1959 e licencia-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia Civil da Universidade do Porto em 1982, altura em que inicia a sua atividade profissional. Hoje é Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros e Especialista de Estruturas.

Em 2012 foi Professor Convidado da cadeira “Analysis of Structures” do Curso de Arquitetura lecionado na “University of Saint Joseph” em Macau. Nesse mesmo ano aceita o convite para lecionar as cadeiras de “Sistemas Estruturais I” e “Estática I” no curso de Arquitetura da Universidade Lusófona, o que faz até hoje.

Tem como sua principal ocupação a direção da Afaconsult – Empresa de Projetos Multidisciplinares – onde promove a prática de uma filosofia de projeto integrado como forma de melhorar o resultado final – O Edifício.

Na prática da sua atividade profissional vê a integração da Estrutura como potencializadora do resultado Arquitetónico dos Edifícios. A leveza dos edifícios e a racionalidade da sua construção tem sido os principais objetivos dos projetos que tem desenvolvido nos últimos anos.

Durante os últimos 39 anos, participou e liderou numerosos projetos de estruturas destacando-se: o Estádio Municipal de Braga, a Casa da Música no Porto, 2 Torres em Zenghzou, China, 2 Torres em Milão (Lotto Rd), o MAC – Museu de Arte Contemporânea para a USP em São Paulo, o Novo Museu dos Coches em Lisboa, a Sede da EDP em Lisboa, o Museu MAAT em Lisboa, as Instalações SP21 da SAKTHI em Águeda, a Estação Brasileira “Comandante Ferraz” na Antártica (em construção), estando atualmente a trabalhar nos projetos Museu MUDAC e Elysée em Lausanne (em construção) e a “Cité de la Musique” em Geneve.

Em 2005 ganhou o Prémio “Secil Engenharia Civil” com o Estádio Municipal de Braga.

Vanessa Grossman é arquiteta, historiadora e curadora cujas pesquisas abordam as interseções da arquitetura com a ideologia e os Governos, com foco especial nas práticas globais na era da Guerra Fria na Europa e na América Latina. É professora assistente na Faculdade de Arquitetura e Ambiente Construído da Delft University of Technology. Foi curadora de exposições do Centro Cultural São Paulo, da Cité de l’architecture et du patrimoine, do Sesc 24 de Maio e da Bienal de Arquitetura de Veneza.

Entre seus livros podemos destacar as coedições Oscar Niemeyer en France. Un exil créatif, 2021, e Everyday Matters: Contemporary Approaches to Architecture, 2021 e AUA, une architecture de l’engagement, 1960–1985, 2015. É também a autora de Le PCF a changé! Niemeyer et le siège du Parti Communiste, 2013 e A arquitetura e o urbanismo revisitados pela Internacional situacionista, 2006.

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