COP26 junta o mundo em ponto de partida de uma “nova era de resiliência”

Da Redação
Com ONU News

A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP26, abriu formalmente este domingo, antes da realização da cúpula dos líderes mundiais na segunda e terça-feira em Glasgow, na Escócia.

O bater do martelo marcou o início de série de questões de procedimento para as próximas duas semanas de intensas negociações diplomáticas, envolvendo cerca de 195 países, sobre como enfrentar o aquecimento global.

Na maior cidade escocesa, a secretária executiva da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança Climática, Unfccc, fez um apelo para que o evento seja um ponto de partida de uma “nova era de resiliência” para se evitar a catástrofe climática.

Na abertura formal do encontro, Patrícia Espinosa disse que o mundo está num ponto crucial da história. Ela destacou que a humanidade enfrenta escolhas rígidas, mas claras.

Nesse cenário, as opções são “alcançar reduções rápidas e em grande escala das emissões limitantes para manter a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 ° C ou aceitar que a humanidade enfrente um futuro sombrio no planeta.

Para a chefe do Unfccc, a alternativa está entre impulsionar esforços de adaptação para lidar com desastres climáticos e criar resiliência, ou “aceitar que mais pessoas morrerão, mais famílias sofrerão e mais prejuízos econômicos seguirão”.

Espinosa mencionou ainda as metas acordadas no Acordo de Paris, lembrando que por muito tempo ficou por se concluir o compromisso de “limitar o aquecimento global a 2 ºC, com a ambição de trabalhar em direção a 1,5 ºC”.

A chefe da convenção do clima lembrou, no entanto, que os atuais planos nacionais para contribuir para o Acordo de Paris, excederiam o compromisso 2ºC.

Ela acrescentou que cada dia que passa sem se implementar o acordo de forma integral é um “dia perdido”, cuja acumulação “tem repercussões no mundo real para as pessoas em todo o mundo, especialmente as mais vulneráveis.”

Em mensagem aos líderes mundiais, Espinosa enfatizou que o sucesso é possível, mas pediu mais ambição “para que todas as nações participem e cumpram os compromissos” definidos no acordo.

Intensificar a adaptação
Outro alvo é garantir que economias em desenvolvimento tenham o auxílio para realizar ações de adaptação, sem o qual não seria possível “embarcar nas transformações necessárias para atingir a meta de 1,5 ºC”.

Espinhosa destacou ainda que a transição necessária para proteger o mundo das mudanças climáticas está “além da finalidade, escala e velocidade de qualquer coisa que a humanidade realizou no passado”.

No evento, o presidente da COP26 Alok Sharma disse que somente com ação imediata e conjunta a humanidade pode proteger o planeta.

Para ele, diante da rapidez da mudança do clima “está soando um alarme para o mundo intensificar a adaptação para lidar com perdas e danos”.

O representante destacou que todos sabem que a conferência de Glasgow é a última e melhor esperança de se manter o limite de aquecimento de 1,5 ºC ao alcance, e expressou confiança na capacidade de se resolver questões pendentes e levar negociações adiante lançando uma década de ambição e ação cada vez maior.

Com início na segunda-feira, a reunião de líderes deverá destacar esforços nacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e lidar com os efeitos das alterações do clima.

Chefes de Estado e representantes de mais de 190 países se reúnem até 12 de novembro em Glasgow, para discutir os compromissos firmados para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e frear o aquecimento global.

Brasil

Integrante da equipe de especialistas responsável pelo IPCC, a vice-diretora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Suzana Kahn acredita que o Brasil será cobrado a dar uma resposta mais firme ao crescimento do desmatamento.

“A gente ainda tem uma matriz energética favorável e muito limpa, apesar de que a gente já foi melhor e estamos cada vez mais incluindo termelétricas. Nosso maior problema é a questão da floresta, do desmatamento. A gente começou a reverter uma tendência positiva que tínhamos desde 2005 em que começamos a reduzir muito o desmatamento, e, de uns anos para cá, só piora, então vai ser cobrado muito isso.” declarou à Agencia Brasil.

No início deste mês, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou que o país vai apresentar na COP26 o objetivo de zerar o desmatamento ilegal até 2030, o que poderá levar a uma redução de 50% das emissões. Em entrevista ao programa A Voz do Brasil na última quarta-feira (27), o ministro adiantou um pouco de qual será o posicionamento do Brasil na conferência global e afirmou crer que o país chegará à economia verde antes de outras nações.

“O Brasil vai buscar consenso em temas relevantes, como o financiamento climático. Esse problema tem que ser reconhecido. Encontrada a solução, nada melhor que um crescimento verde, para que a gente faça uma transição para uma economia verde – neutra em emissões até 2050, como é a meta brasileira”, afirmou Joaquim Leite. “Temos uma pressão internacional, mas não é verdade. O Brasil cuida sim das suas florestas, em especial os recursos naturais. Temos a maior biodiversidade, uma das maiores áreas oceânicas do mundo e de florestas nativas. Isso são vantagens competitivas no mercado mundial.”

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