Mundo Lusíada com Lusa
Cerca de um milhar de conchas marítimas e terrestres compõem a oferta “simbólica” do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC) ao Museu Nacional do Rio de Janeiro.
É “uma coleção que se traduz num grande simbolismo”, referiu o Vice-Reitor para as Relações Externas e Alumni da Universidade de Coimbra, João Nuno Calvão da Silva durante a cerimônia, na presença de Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional do Rio, espaço que sofreu um grande incêndio em 2018.
“O mundo é feito de símbolos, o que está em causa é a importância deste momento”, acrescentou João Nuno Calvão, que acredita que a doação simboliza o “estreitar das relações de cooperação entre os dois museus e das duas instituições e de Portugal e do Brasil”, referiu
Para o Museu da Ciência “é um momento muito marcante, porque reflete a compreensão que temos da nossa história e deste museu no desenvolvimento da ciência fora de Portugal, em particular no Brasil”, admitiu o diretor do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Paulo Trincão.
“O que aconteceu com o Museu Nacional foi uma tragédia, que transcendeu as fronteiras do nosso país, e com isso temos de aprender as lições”, afirmou o diretor do Museu Nacional. De acordo com Alexander Kellner, “o Museu Nacional não será reconstruído se não tivermos a participação internacional, e temos à nossa frente uma oportunidade de mostrar o que ações culturais e cientificas podem fazer”.
“É um gesto, mas é um gesto concreto, que demonstra a união de dois povos que estão intimamente ligados”, conclui o responsável.
Presente também na cerimônia esteve o Embaixador de Portugal no Brasil. Luís Faro Ramos salientou que “o simbolismo também conta” e o gesto de uma oferta simbólica “vai ser motivador e percursor de outras ações que esperemos que se sigam”.
Também a Cônsul-Geral do Brasil no Porto, Maria Dulce Silva Barros, admitiu que o ato “enobrece as lides acadêmicas dentro desta instituição de renome mundial”.
Para o Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, “a cultura e a ciência andam de braço dado” e a doação dos exemplares é a “nossa manifestação de vontade e de interesse de estreitar as relações e de sermos úteis”. O momento simbólico “tem uma marca forte”, continuou o Reitor da UC.
“Não poderia ser mais apropriado [todo este simbolismo] para o que estamos a celebrar – que é o renascimento do Museu Nacional, depois da tragédia que sofreu”. “Estamos cá para ajudar”, acrescentou Amílcar Falcão.
De acordo com o diretor do Museu da Ciência da UC, Paulo Trincão, trata-se de uma doação com “mil exemplares com 40 ou 50 espécies”.
Na sua intervenção, Paulo Trincão referiu que é possível que os portugueses se tenham “cruzado com alguns destes tipos de caracóis”, mas, de fato, “no Brasil, os caracóis, a natureza, a vegetação, são outros”.
“E aquilo que para nós é um conhecimento empírico, para os nossos colegas do outro lado do oceano é uma novidade”.
O Museu Nacional do Brasil era reconhecido como o maior museu de história natural da América Latina até ter sido atingido por um grande incêndio em 2018.
Segundo o diretor do museu brasileiro, é necessário reconstruir o museu, dando as “melhores condições de segurança não só para os visitantes, mas também condições seguras para as coleções.
“Estamos aqui, no fundo, a celebrar o renascimento do Museu depois da tragédia que sofreu. Entendemos que devemos ser solidários e o museu do Brasil conta conosco”, concluiu o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.
Conferência
O Embaixador de Portugal no Brasil também esteve na Universidade a participar das Conversas na Casas da Lusofonia. A 16.ª edição do evento, ao tema “Portugal e o Brasil – uma relação com passado, presente e futuro” contou com Luís Faro Ramos, como orador, neste dia 29.
O jornalista e membro do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Francisco Azevedo e Silva moderou o debate que contou com a abertura do Vice-Reitor João Nuno Calvão da Silva e do presidente da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros, Felippe Vaz.