Educação: Motor para a Inserção

Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

As Relações Sociais entre as pessoas, serão tanto mais facilitadas e produtivas, quanto melhor for a preparação de cada interveniente e, em parte, tal desiderato, consegue-se, precisamente, a partir do nível de excelência da educação e formação integral, de todos os seres humanos.

Entendida não só no seu sentido de aquisição de conhecimentos, técnicas e cultura geral, mas também na sua vertente de formação profissional, para o exercício de uma atividade produtiva, para o próprio e para a sociedade, a educação/formação, que habilita para o exercício de uma profissão, e para as melhores relações sociais, é o primeiro grande instrumento facilitador da inclusão social, significando aqui o termo social a maior abrangência no contexto da sociedade humana.

A par e integrando uma educação formal, em ordem à preparação para uma vida ativa, pode (e deve) existir uma coeducação para a inclusão, de forma que cada pessoa, bem cedo na sua vida, interiorize este valor e direito humano, inalienável, que é a inclusão plena de todos os cidadãos na sociedade global, cujo processo se inicia na família, prossegue na escola, na Igreja, na empresa e na comunidade, na medida em que: «Coeducar para uma sociedade inclusiva pretende contrariar este princípio de exclusão a partir de uma verdadeira internalização do princípio da igualdade de oportunidades.» (PINTO, 2000:96).

O sistema formal educativo, em parceria com outras instituições, já mencionadas (família, Igreja, empresa, comunidade, esta representada nos seus órgãos eleitos, e/ou nomeados), comunicação social, instituições diversas,  tem, portanto, um papel central e decisivo: como motor, coordenador e avaliador das políticas educativas, para a inclusão dos cidadãos, não, necessariamente, os respetivos resultados, estes sim, a serem verificados pelos departamentos competentes,  específicos da natureza da exclusão social, política, económica, religiosa, cultural ou qualquer outra.

Nesse contexto, o poder político legal, legitimamente instituído, por exemplo, através do seu departamento específico para a educação, deve legislar sobre matérias a incluir nos currículos, de todos os níveis de ensino e cursos, com objetivos de promoção de um comportamento inclusivo, em todos os educandos e formandos, ao longo da vida, proporcionando, assim, uma educação para a mudança.

Obviamente que urge, em primeiro lugar, preparar os responsáveis pelo processo educativo, em contexto de ensino, aprendizagem e formação, que no professor/formador, tem a sua máxima e, desejavelmente, competência.

A educação/formação dos professores será, então, uma outra medida do instrumento facilitador da inclusão, genericamente denominado por educação. Concorda-se, por isso, que «A aprendizagem profissional é importante para aumentar a consciência e dotar os professores de capacidades para que sejam mais eficazes com os seus estudantes. Tal aprendizagem inclui os usuais seminários, as conferências e as sessões de formação interna, mas estende-se muito para além destes, para abarcar dúzias de outras práticas, incluindo o treino por pares, a investigação colaborativa, visitas entre as salas de aula, revisão da qualidade escolar, utilização de amigos críticos, portefólios individuais de aprendizagem profissional, planeamento conjunto, redes de trabalho computadorizadas de aprendizagem profissional, grupos de apoio para professores, parcerias entre a escola e a universidade e centros de professores.» (HARGREAVES et. al., 2001: 209-10).

Uma educação para a mudança determinará, a médio prazo, alterações significativas em vários paradigmas sociais, para que os cidadãos que beneficiem desta educação possam, quando investidos de funções e responsabilidades públicas, ter sensibilidade e competências técnico-sociais, para colaborarem em projetos de inclusão, quer promovidos pelos poderes públicos consignados ao Estado; quer pelas entidades privadas de solidariedade social.

É imprescindível que estes cidadãos, formados para o paradigma da mudança construtiva e inclusiva, sejam sensíveis aos problemas que a exclusão social origina e transporta consigo própria, qual “bola de neve”, sempre em crescendo.

O paradigma educativo-formativo é, portanto, o que vai conduzir o mundo nos próximos séculos, porque: «A educação é, fundamental, portanto, para a socialização do homem e sua humanização. Trata-se de um processo que dura a vida toda e não se restringe à mera continuidade da tradição, pois supõe a possibilidade de ruturas, pelas quais a cultura se renova e o homem faz história.» (ARANHA, 1996:18).

Impõe-se, portanto, uma educação-formação, que acompanhe as mudanças rápidas, que ocorrem num mundo em permanentes transformações, a caminho da globalização total, e para acompanhar esta aceleração científica e tecnológica: «A educação tem carácter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos.» (FREIRE, 1983:28).

No limite, por mais instrumentos que se tenham contra a discriminação, o preconceito e outras formas de exclusão, a verdade é que, ainda por muito tempo, continuaremos a ter Deuses Maiores e Deuses Menores, nas diversas sociedades, sejam estas aparentemente: mais evoluídas em algum aspeto; menos adiantadas noutras áreas; porém, em qualquer delas: a irradicação da exclusão; a eliminação da marginalização e a modificação civilizacional dos comportamentos, terão de passar por uma formação ao longo de toda a vida de cada pessoa e isso, certamente, demorará algumas décadas, contudo, é um projeto que toda a sociedade: sem Deuses Protetores para uns;  sem Deuses Castigadores para outros, todos deveremos abraçar, até alcançarmos um mundo justo e livre de preconceitos.

 

Bibliografia  

ARANHA, Maria Lúcia Arruda, (1996). Filosofia da Educação. 2a Ed. São Paulo: Moderna

FREIRE, Paulo, (1983). Educação e Mudança. 8ª Ed. Tradução de, Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra

HARGREAVES, Andy; EARL, Lorna; RYAN, Jim, (2001) Educação para a Mudança: Reinventar a escola para os jovens adolescentes, Tradução de, Inês Simões. Porto: Porto Editora

PINTO, Teresa, (2000). ”Coeducar para uma Sociedade Inclusiva no contexto do Projecto de Educação”, in: Actas do Seminário Internacional, Lisboa 29,30 e 31 maio 2000, Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres

 

Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Venade/Caminha – Portugal, 2021

Com o protesto da minha permanente GRATIDÃO

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

NALAP.ORG

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