Da Redação com Lusa
Os arquitetos Álvaro Siza, Eduardo Souto Moura e Nuno Sampaio, diretor executivo da Casa da Arquitetura, em Matosinhos, participam na sessão de abertura do maior fórum mundial de arquitetura, que acontece no Brasil em formato online, e homenageia Paulo Mendes da Rocha.
O 27.º Congresso Mundial de Arquitetos, promovido pela União Internacional de Arquitetos (UIA), que o Brasil organiza pela primeira vez, desde março, com semanas temáticas de debate realizadas mensalmente, dá início à última etapa, no domingo, em formato ‘online’, cabendo ao arquiteto Álvaro Siza, o único português laureado com a Medalha de Ouro da UIA, dar as boas-vindas do Comité de Honra do Congresso.
Ao prêmio Pritzker que concebeu a Piscina das Marés sucede outro, Eduardo Souto de Moura, que dá continuidade ao programa do encontro com Nuno Sampaio, em diálogo com a arquiteta brasileira Carla Juaçaba.
Os três protagonizam a primeira mesa do Congresso num debate sobre a arquitetura contemporânea, com referências ao arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, que morreu em maio passado, aos 92 anos, e a quem a União Internacional de Arquitetos atribuiu este ano a Medalha de Ouro.
Mendes da Rocha, um dos arquitetos brasileiros mais premiados de sempre, era sócio honorário da Casa da Arquitetura de Matosinhos, instituição a que doou a totalidade do seu espólio. Em Portugal, Mendes da Rocha assinou o projeto do Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.
“A abertura era para ser feita pelos dois sócios honorários da Casa da Arquitetura, Eduardo Souto de Moura e Paulo Mendes da Rocha”, disse à agência Lusa o diretor executivo da Casa da Arquitetura. “Infelizmente o arquiteto Paulo Mendes da Rocha veio a falecer e, de alguma maneira, irei trazer a memória dele na mediação que irei fazer”.
Antecipando o tema em discussão na mesa inaugural do Congresso, Nuno Sampaio disse à Lusa que, utilizando a estratégia de Mendes da Rocha, de olhar o Universo e depois fazer “resumos da realidade”, os arquitetos vão abordar o contexto atual marcado pela pandemia da covid-19, assim como o panorama da arquitetura global, partindo da experiência pessoal dos convidados para uma reflexão sobre a contemporaneidade.
Para Nuno Sampaio, a pandemia veio acelerar algumas transformações já em curso, nomeadamente na “maneira de produzir a arquitetura” e de habitar os espaços.
“Vem aí uma ferramenta de transformação, o Plano de Recuperação e Resiliência, a chamada ‘bazuca’. E é preciso vermos como nós – arquitetos e construção – vamos produzir em tão pouco tempo, sendo que existe naturalmente uma escassez de meios, neste momento, no mundo. Temos o aço e o ferro com preços que estão a subir na casa dos 80%. Isto implica uma reflexão”, disse, acrescentando que é “tempo de a Europa repensar as suas estratégias produtivas”.
Por outro lado, aquele responsável, considera que a pandemia deixou a porta aberta para introduzir alterações que já vinham a ser preconizadas pelo setor, nomeadamente quanto à valorização do espaço público, com a criação de jardins e praças; e também do espaço privado, através da criação de áreas de estar, comuns, como, por exemplo, nas coberturas dos edifícios.
Reunindo alguns dos nomes maiores da arquitetura mundial, como Francis Kéré, Solano Benitez, Marina Tabassum, Francine Houben, Jeanne Gang e Kengo Kuma, entre muitos outros, a derradeira etapa do 27.º Congresso da UIA tem como tema “Todos os Mundos, um só Mundo. Arquitetura 21”.
A cerimônia de abertura desta derradeira etapa – inicialmente prevista para decorrer de forma presencial – também conta com a diretora-geral da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, o presidente da União Internacional de Arquitetos, Thomas Vonier, a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Maria Elisa Baptista, e o presidente do Comité Executivo do congresso do Rio de Janeiro, Sérgio Magalhães.
A decorrer desde março, em versão digital, o congresso tem vindo a reunir profissionais dos cinco continentes, em semanas temáticas de debate, que abordaram “Fragilidades e Desigualdades”, “Diversidade e Mistura”, “Mudanças e Emergências” e “Transitoriedades e Fluxos”.
Durante a derradeira etapa, será feita a transferência da bandeira do congresso para a Dinamarca, que o acolherá em 2023, assim como do título de Capital Mundial da Arquitetura, para Copenhaga.
O 27.º Congresso Mundial de Arquitetos encerra no próximo dia 22 de julho.
Marcado inicialmente para 2020, o congresso teve de ser adiado para este ano, por causa da pandemia de covid-19, decorrendo de forma virtual desde março. Excecionalmente, a sessão de domingo, segundo Nuno Sampaio, será em formato misto, alternando entre o digital e o presencial.