Entidade diz que desta vez é o último aniversário depois de fusão ainda não concretizada oficialmente.
Por Odair Sene Mundo Lusíada
Mundo Lusíada
>> Alberto Tavares Barreiros, o Cônsul Honorário de Santos, Armênio Mendes, José Duarte de Almeida Alves, Custódio Tavares Barreiros, José Narciso Fernandes Inácio, o Juiz Federal Dr. Luis Gustavo Bregalda Neves, Juliana Lopes- Conselheira do Conselho da Comunidade, Miguel Coelho da Silva- diretor do escritório de representação em São Paulo do Banco Millennium bcp e o ex-presidente do CCP Mundial- Dr. Antonio de Almeida e Silva, atual presidente do Conselho da Com. Luso Bras. do Est. de SP.
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Dia 1º de dezembro de 2009 o presidente do Centro Português de Santos, Alberto Tavares Barreiros, recebeu diretores conselheiros e convidados no salão principal (Camoniano) do Centro Português, para a comemoração de 114 anos de fundação. Para marcar a data, foi convidado o Dr. Antonio de Almeida e Silva, presidente do Conselho da Comunidade Luso Brasileira do Estado de São Paulo para falar sobre associativismo, luso brasilidade e especialmente sobre a centenária entidade. O protocolo esteve a cargo do diretor Vasco de Frias Monteiro e a apresentação do orador foi feita pelo apresentador Gabrielo Gabbrielleschi, do Programa Portugal e Sua Gente. Nesta noite o presidente da casa falou aos presentes após a formação da mesa e execução dos hinos nacionais de Brasil e Portugal. Alberto Barreiros adotou o tom de “fim de ciclo” à frente da casa. Em dezembro de 2008 durante a comemoração de 113 anos, a entidade divulgou para o Mundo Lusíada que seria seu “último aniversário”, porém, com atraso na documentação e consequentemente na formação e oficialização da nova entidade, este foi, segundo o presidente, o último aniversário como “Centro Português”. Em seu discurso, Alberto Barreiros, disse que o Centro será “sepultado” para dar vez ao “Centro Cultural Português” e teria, segundo ele, sido mal interpretado, esclarecendo que se referiu ao nome simplesmente. A gestão de Barreiros termina no final de dezembro, mas terá ainda que responder pelo Centro jurídica e economicamente, em conjunto com a comissão de transição, até a oficialização da nova entidade. O presidente lembrou de seu início em meados de 2002, “na altura ninguém queria assumir a presidência”. Ao assumir, inexperiente, tentou implementar seu método, o qual foi contestado por diretores da oura gestão [anterior]. Alberto Barreiros lembrou que nesta altura tinha três caixas: departamento de folclore, depto feminino e a do Centro; “e cada um puxava para seu lado”, referiu. Ao se deparar com a situação, disse que tomou posição e com isso se indispôs com várias pessoas que saíram e o deixaram já no primeiro ano praticamente sozinho. “Foi realmente muito duro”, lembrou dizendo que foi muito criticado por isso. “Por isso tenho um pouco de ressentimento sim, mas eu vim para me dedicar e fazer algo por uma instituição portuguesa, dei o meu melhor, tenha certeza”, disse projetando um ótimo futuro para a nova casa que nasce: “vai ser muito mais forte, mais associados, mais caixa, enfim mais estruturada”. Depois da participação do orador Almeida e Silva, o Cônsul Armênio Mendes também falou dizendo ter se identificado “muito” com o discurso do orador porque lembrou muito da sua história de vinte anos só no Centro Português e de seus 40 anos de Brasil. Armênio Mendes ainda se referiu ao presidente Barreiros dizendo que a história da casa deve ser encarada, depois da fusão, como uma história renovada, para a qual a entidade deve “reviver”. A fusão segundo ele, deve revitalizar a obra erguida pelos portugueses e disse ter a certeza que mais entidades virão para não se dissolverem. Sobre o funcionamento do Consulado de Santos, Armênio lembrou da situação há dois anos, quando o órgão quase foi fechado. Após sua nomeação e aceitação, o Consulado se revigorou, renasceu, a comunidade se fortaleceu e hoje está atendendo toda a população. “Eu quero parabenizar o responsável que é o José Augusto do Rosário, aqui presente. Ele é o verdadeiro Cônsul de Portugal aqui em Santos, ele que desenvolve todas as tarefas, eu apenas cobro para que ele atenda cada vez melhor a comunidade e nem é preciso, ele se cobra a si mesmo”. Sobre o tempo de administração do presidente Alberto no Centro Português, Armênio Mendes disse que para ele, Alberto Barreiros “deu o melhor de si”, assim como ele próprio, o José Duarte, o Ernesto, enfim, outros ex-presidentes, e todos deram o melhor em prol do Centro. Da mesma forma, todos darão o melhor para a nova entidade que nasce. “Este deve ser o espírito de todos nós, levar adiante esta obra que nos foi legada e nós temos a responsabilidade de passar este legado aos nossos filhos para que eles dêem a continuidade”, disse. Ao Mundo Lusíada o orador Dr. Almeida e Silva, elogiou a entidade pela tradição que representa. 114 anos, conforme disse, é algo “respeitável”. Hoje a fusão, na visão do orador, fortalece mutuamente. “Acho que a unificação não é remédio para qualquer situação, mas aqui, pelas circunstâncias eles acertaram”, referiu defendendo que São Paulo, pelo seu tamanho com status de país, ter pequenas instituições espalhadas por todo seu território é uma maneira de levar a presença portuguesa às partes mais longínquas. “Eu sou favorável que tenhamos várias capelinhas com uma velinha acesa do que termos uma catedral às escuras”. Almeida em seu discurso fez questão de lembrar o saudoso Valentim dos Santos Diniz, para quem trabalhou durante quinze anos como secretário geral. Lembrar do ex-patrão é uma questão emotiva. “Ele foi uma pessoa que eu admirei muito, foi o único e verdadeiro fundador do Pão de Açúcar, ninguém mais fundou, não vemos esta condição reconhecida e isso me revolta muito”, comentou dizendo ainda que a figura de Valentim representa os portugueses da diáspora. “Tem muita gente que representa mas ele é uma referência muito especial”, disse. Almeida e Silva falou aos presentes que ser português é esta maneira especial de estar no mundo. Em sua análise, o português tem um poder de assimilação, de se integrar à sociedade que o recebe mais que ninguém. “Ele consegue superar obstáculos, problemas e se molda muito facilmente à sociedade que o acolhe, isso é a maior característica do nosso povo”, referiu. Neste sentido convocou a todos para que olhem para o futuro lembrando que as associações estão envelhecidas e seus dirigentes também “e ainda dá para passar este testemunho às gerações vindouras. Porém é um trabalho a ser feito de maneira séria, não só nas palavras”. “Tenho defendido que só vamos conseguir passar essas associações se colocarmos nossos jovens em cargos de responsabilidade, não apenas em movimentos de juventude, distantes e sem qualquer poder, mas colocá-los em cargos que eles possam assumir responsabilidades e tomar decisões de futuro”, finalizou. A diretora de folclore- Ana Maria, que comanda o Grupo Folclórico Verde Gaio, estando há 18 anos só no Centro Português, foi homenageada com uma placa entregue pelo José Duarte. Ela reestruturou o grupo numa posição de destaque em termos de folclore. Ana Maria fez questão de agradecer algumas gestões, inclusive com intensa participação de seus familiares e agradeceu pelo apoio que tem recebido, dizendo ser “determinante” para a manutenção da cultura. A música portuguesa também esteve presente através das irmãs Cleide e Cléia, com teclado, voz, e ao violão o músico Leandro Amaral. A fadista Cleide, curiosamente, foi componente do Verde Gaio, há 45 anos. Ela cantou fados a meia luz e arrancou efusivos aplausos de todos. Cerca de 200 pessoas estiveram presentes e, ao final, participaram do coquetel oferecido pelo diretor Alberto de Pinho. Pães, queijos, frios e bebidas foi o que prevaleceu.
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