Da redação com agencias
Neste dia 07, a diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Meiruze Freitas minimizou o conflito entre a agência e governadores de estados brasileiros que já adquiriram mais de 66 milhões de doses da vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. No dia 26 de abril, a Anvisa negou a autorização para a importação e o uso emergencial do imunizante russo.
“A Anvisa está sempre aberta ao diálogo. Ainda há processos em discussão, inclusive, com os importadores”, disse Meiruze em audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado, em Brasília, que debateu a aquisição de vacinas pelo Brasil.
Aos senadores, o relator da matéria sobre a importação da Sputnik V na Anvisa, Alex Campos, lembrou que a agência trabalha com modalidade regulatória excepcional para vacinas com um rito mais acelerado.
Apesar disso, especificamente sobre o imunizante russo, Campos destacou que não foi apresentado relatório técnico da vacina à Anvisa, que notificou todos os importadores, enviando expediente para 62 países que aprovaram o uso emergencial da Sputnik para saber os motivos das aprovações. A garantia da eficácia, segurança e qualidade, indispensáveis ao processo, também não foi apresentada à agência.
“A previsão de que a Anvisa deve se manifestar na autorização de importação é uma previsão legal. A exigência do relatório técnico da vacina, que é para analisar itens de segurança, eficácia e qualidade, também não veio. Então, nós tínhamos que ir ao encontro desse tripé, segurança, eficácia e qualidade, a partir de outros elementos. Sabíamos da angústia dos governadores, sabíamos da ansiedade; também estamos ansiosos por prover vacinas, aliás, é a missão número um nossa aqui, hoje, é ir ao encontro disso” completou, segundo informação da Agência Senado.
Governadores
Durante a audiência, o representante do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias, atribuiu o não cumprimento do plano estratégico de vacinação, elaborado pelos estados em 2020, a não aprovação do imunizante pela agência. O plano previa que, em 30 de abril deste ano, pelo menos 25% da população brasileira estariam vacinados.
“Estou aqui tratando, em nome das 27 unidades da Federação. Nós trabalhamos um plano estratégico, e o fato é que o plano furou. E quando um plano fura, ele tem efeitos. No caso do Brasil, uma tragédia”, disse.
Também convidado para a discussão, o representante da União Química, Fernando Marques, responsável pelo imunizante russo no país e por enviar os dados de eficácia e segurança da vacina para a Anvisa, disse que a farmacêutica vai apresentar um novo pedido para uso emergencial de mais 10 milhões de doses da Sputnik V.
“Já que não perdemos esses 10 milhões [de doses] que não pudemos importar no primeiro trimestre, conseguimos 10 milhões com o governo russo embarcando de lá. Ao mesmo tempo, o nosso processo industrial está caminhando. Os nossos técnicos estiveram em Moscou, os técnicos russos estiveram aqui, tivemos reuniões no Ministério da Saúde com os executivos russos, lá com o Programa Nacional de Imunização (PIN), eles esclareceram, fizeram as exposições, e nós demos seguimento ao nosso processo industrial, com vistas a cumprir o nosso contrato com o fundo soberano russo de produção da vacina para o Brasil e para demais países da América Latina” afirmou.
Dezessete estados dos consórcios da Região Nordeste e da Região Amazônica compraram a vacina russa Sputnik, segundo Wellington Dias. E afirmou ainda que houve um mal-estar internacional com a Rússia diante da não aprovação do imunizante pela agência reguladora brasileira.
Vacina chinesa na OMS
Também nesta sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou o uso de emergência da vacina chinesa contra a covid-19 da Sinopharm, anunciou o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Trata-se da primeira vacina chinesa a ser aprovada pela OMS e a sexta do conjunto de todas as vacinas contra a covid-19 homologadas pela organização. São as demais as vacinas Johnson & Johnson, Pfizer/BioNTech, AstraZeneca/Oxford e Moderna.
A vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinopharm é recomendada a pessoas com mais de 18 anos, devendo ser administrada em duas doses com um intervalo de duas a três semanas.
Apesar de continuar a avaliar os dados sobre a vacina, à medida que são facultados pelo laboratório, o grupo de peritos da OMS considera que a fórmula da Sinopharm cumpre os requisitos de segurança, eficácia e qualidade.