Da Redação
Com Lusa
O Banco de Cabo Verde reconheceu nesta segunda-feira que o país registrou em 2020 o “pior desempenho econômico” da sua história, com uma recessão econômica de 14,8% provocada pela pandemia, projetando um crescimento de 5,8% para este ano.
No relatório sobre Política Monetária, libertado hoje, o banco central começa por reconhecer que a crise sanitária global, provocada pela pandemia de covid-19, “interrompeu” em 2020 o ciclo de crescimento que a economia cabo-verdiana vinha observando desde 2009.
“De acordo com as estatísticas disponíveis, Cabo Verde terá tido, no ano passado, o seu pior desempenho econômico enquanto país soberano. O Produto Interno Bruto [PIB] em volume decresceu 14,8%, o défice da balança corrente aumentou de 0,4 para 16,5% do PIB, o ‘stock’ de reservas internacionais líquidas do país reduziu cerca de 80 milhões de euros e o défice e a dívida pública inverteram a tendência de queda e fixaram-se, respetivamente, em nove e 156% do PIB em finais de 2020”, lê-se no documento.
Contudo, o Banco de Cabo Verde (BCV) reconhece que a “redução das pressões inflacionistas”, o “aumento das remessas dos emigrantes” e a implementação de medidas excecionais de apoio ao emprego, como é o caso do ‘lay-off’, e de apoio à tesouraria das empresas, com moratórias ao serviço de crédito, linhas de crédito com juros reduzidos e garantia do Estado, ou ainda a redução da carga fiscal, entre outras medidas governamentais, “terão contribuído para atenuar, em alguma medida, os efeitos do choque exógeno”.
“As perspetivas atualizadas para 2021 apontam para um crescimento da economia em torno de 6% [estimativa de 5,8%], garantidos o controle da pandemia no Ocidente, em particular nas economias parceiras de Cabo Verde, bem como no país”, estima o banco central.
No entanto, no mesmo relatório, é referido que as incertezas no processo da imunização da população mundial contra o novo coronavírus e, consequentemente, a recuperação da atividade econômica, “continuam excecionalmente elevadas”.
“Com efeito, em caso de um atraso no controle da pandemia a nível externo e interno, de algum constrangimento na execução do Orçamento do Estado e da retirada desapropriada de determinadas medidas de apoio às empresas e famílias, o crescimento poderá rondar os 3% em 2021”, acrescenta.
As projeções atuais do banco central de Cabo Verde apontam ainda para um “aumento ligeiro” da inflação, de 0,4 para 0,8%, e uma “contínua redução” do ‘stock’ das reservas internacionais líquidas do país, mas que “deverão continuar a financiar mais de seis meses das importações de bens e serviços”.
O banco central refere ainda que manterá inalteradas as taxas das facilidades permanentes de cedência de liquidez (0,5%), de absorção da liquidez (0,05%), bem como a taxa diretora (0,25%) e o coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa (10%) “nos próximos seis meses”.
Manterá, igualmente, inalterados o limite mensal e a taxa das operações monetárias de liquidez “nos níveis deliberados em dezembro passado”, ou seja, em 3.000 milhões de escudos (26,9 milhões de euros) e 0,7%, respetivamente, “encorajando os bancos “a proverem liquidez em condições adequadas às empresas e famílias”.