Da Redação
Com Lusa
O Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas defendeu que o número de emigrantes do Brasil reflete o dinamismo da população e não deve ser confundido com falta de oportunidades, por ser uma percepção errada.
Um novo relatório publicado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas estima que o Brasil é origem de cerca de 1,9 milhões de emigrantes instalados noutros países.
O número de migrantes com origem no Brasil é o terceiro maior número da América do Sul, precedido por Venezuela, origem de 5,4 milhões de migrantes, e Colômbia (mais de três milhões de emigrantes).
Pelo contrário, o Brasil recebeu cerca de 1,08 milhões de pessoas de outros países.
Clare Menozzi, que participou na criação do relatório “International Migration 2020 Highlights”, disse hoje em resposta à Lusa, numa conferência de imprensa, que “o facto de Brasil, como a Índia, ter uma larga e rica diáspora, não é sinal de falta de oportunidades em casa, mas do dinamismo do país”.
A pesquisadora da Divisão de População do DESA considerou que “uma visão equivocada que é comum é a de que migração é uma reação a falta de oportunidades”.
“Nalgum contexto, pode ser o caso, mas é também sinal de dinamismo, sinal de que as pessoas fazem escolhas de perseguir oportunidades”, explicou Clare Menozzi.
Portugal tem um número mais elevado de migrantes fora do país do que o Brasil (2,08 milhões), mas como indica o relatório, a Europa é o continente onde existe mais “trocas” intra-regionais e onde a população sai para outros países vizinhos ou dentro da comunidade da União Europeia.
A coautora do relatório sobre migrações acrescentou que “já não se aplica” a noção de que “uma pessoa sai do país, mas não volta”, porque algumas pessoas são migrantes fora do país quando têm um período determinado para fazer estudos ou investigação noutro país e as novas tecnologias e o desenvolvimento dos transportes ajudam ao regresso.
Num mundo confrontado com a pandemia de covid-19, o número global de migrantes internacionais atingiu no ano passado os 281 milhões, avançou o relatório da ONU, que também destacou as fortes repercussões desta crise sanitária na mobilidade humana.
Outras das fortes repercussões da pandemia será o recuo no fluxo de remessas dos migrantes para países de baixo e médio rendimento.
“Prevê-se que a pandemia provoque um declínio de 14% nos fluxos de remessas para países de baixo e médio rendimento até 2021, em comparação com os níveis pré-pandemia”, apontou o documento, frisando que para muitos países esta redução “é suscetível de ter graves impactos financeiros e sociais que, juntamente com a contração de outros fluxos financeiros internacionais devido à pandemia, exigirá estratégias nacionais e de cooperação internacional para mitigar esses efeitos”.