Da Redação Com Lusa
Espanha já enfrenta uma “segunda onda” da pandemia do novo coronavírus, defende um estudo desenvolvido por um hospital e uma universidade da Catalunha, alertando que esta pode chegar aos outros países europeus nos próximos dias.
Conhecido dia 06, este estudo, datado de 02 de setembro (passada quarta-feira), é assinado pelo Hospital Universitário Germas Trias i Pujol, de Badalona (Barcelona), e pela Universidade Politécnica da Catalunha e foi entretanto enviado à Comissão Europeia.
Intitulado “Análise e previsão da covid-19 para a União Europeia (UE) — Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) — Reino Unido, na tradução em português”, o estudo adverte as autoridades europeias de que o atual momento é crucial para travar uma segunda vaga.
Caso nada seja feito nesse sentido, advertem os investigadores, a Europa poderá regressar a uma situação semelhante à de março, quando eclodiu uma transmissão descontrolada do novo coronavírus.
No documento, os investigadores questionam-se por que razão Espanha está a liderar o número de novos casos de infecção nesta “segunda vaga”, uma vez que é um país com altas temperaturas e com fortes costumes culturais que privilegiam as atividades ao ar livre.
Os dois centros de investigação da comunidade autónoma espanhola da Catalunha explicam que “o efeito dos bares e dos restaurantes pode ter grandes repercussões na evolução das epidemias”, espaços onde as medidas de prevenção são muito menos respeitadas pelas pessoas do que em outras circunstâncias, nomeadamente o distanciamento físico e a utilização de máscaras de proteção individual.
O relatório menciona que a taxa de contágio é 20 vezes mais baixa em espaços ao ar livre quando comparada com a incidência em espaços fechados.
Segundo os últimos dados oficiais, divulgados na sexta-feira pelo Ministério da Saúde espanhol, Espanha contabilizou nesse dia 10.476 novos casos da doença covid-19, um aumento de quase 1.500 em relação a quinta-feira, elevando para 498.989 o número de infetados desde o início da pandemia.
Para os investigadores, a chave para compreender a atual situação em Espanha passa pelo fato de o país ter levantado as restrições à mobilidade, especialmente entre províncias, antes que os outros países da UE, numa altura em que “a taxa de casos positivos podia ser três vezes superior ao que estava a ser efetivamente detectado“.
E como tal, frisaram os investigadores, a atividade social aumentou significativamente.
Com perto de meio milhão de casos de infecção confirmados desde o início da crise pandêmica, Espanha segue distanciada em relação a outros países europeus, como é o caso de Itália (mais de 277 mil casos), França (324.777), Reino Unido (347.152) ou Portugal (60.258), de acordo com os dados mais recentes.