Guterres alerta para “emergência alimentar global” que pode afetar centenas de milhões

Antonio Guterres. UN Photo/Mark Garten

Da Redação

O secretário-geral da ONU afirmou que, a menos que sejam tomadas medidas imediatas, “é cada vez mais claro que existe uma emergência alimentar global iminente que pode ter impactos a longo prazo em centenas de milhões de crianças e adultos.”

António Guterres lançou esta terça-feira o Documento Político sobre o Impacto da Covid-19 na Segurança Alimentar e Nutricional. Segundo ele, “os sistemas alimentares estão a falhar e a pandemia está a agravar a situação.”

Em mensagem vídeo, o chefe da ONU afirma que “há alimentos mais do que suficientes no mundo para a população de 7,8 bilhões de pessoas.”

No entanto, mais de 820 milhões de pessoas passam fome. E cerca de 144 milhões de crianças com menos de 5 anos têm problemas de crescimento, mais do que uma em cada 5 em todo o mundo.

Este ano, cerca de 49 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema devido à crise da Covid-19. O número de pessoas expostas a grave insegurança alimentar e nutricional vai crescer rapidamente.

A queda de um ponto percentual no Produto Interno Bruto, PIB, global significa mais 700 mil crianças com problemas de crescimento. Mesmo em países com abundância de alimentos, existem riscos de interrupções na cadeia de abastecimento alimentar.

Para António Guterres, é preciso “agir agora para evitar os piores impactos dos esforços para controlar a pandemia.”

Conclusões
O Documento Político contém três conclusões.

Primeiro, a comunidade internacional precisa se mobilizar para salvar vidas e meios de subsistência, concentrando a atenção nos locais onde o risco é maior.

Para Guterres, isso significa “designar os serviços de alimentação e de nutrição como essenciais, implementando proteções adequadas para os trabalhadores.”

Também é preciso garantir alimentos humanitários essenciais, meios de subsistência e assistência nutricional a grupos vulneráveis.

Os países precisam reforçar o apoio ao processamento de alimentos, ao transporte e aos mercados locais. Os corredores comerciais devem continuar abertos para garantir o funcionamento contínuo dos sistemas alimentares.

Segundo o chefe da ONU, os Estados-membros “devem garantir que os pacotes de ajuda e de estímulo cheguem aos mais vulneráveis, incluindo as necessidades de liquidez dos pequenos produtores de alimentos e das empresas rurais.”

Proteção social
Em segundo lugar, é preciso fortalecer os sistemas de proteção social na área da nutrição.

Os países precisam garantir o acesso a alimentos seguros e nutritivos, especialmente para crianças, mulheres grávidas e que amamentam, idosos e outros grupos de risco.

Também precisam adaptar e expandir os esquemas de proteção social para beneficiar grupos de risco. Isso inclui apoiar crianças que não têm agora acesso às refeições escolares.

Por fim, é preciso investir no futuro. António Guterres afirma que existe “a oportunidade de construir um mundo mais inclusivo e sustentável.”

Ambiente
O secretário-geral diz ainda que “é necessário reequilibrar a relação entre os sistemas alimentares e o meio ambiente, transformando-os para trabalhar melhor com a natureza e com o clima.”

Os sistemas alimentares contribuem com até 29% de todas as emissões de gases de efeito estufa, incluindo 44% de metano, e têm um impacto negativo na biodiversidade.

Para terminar, o chefe da ONU afirma que, se todas estas recomendações forem seguidas, é possível evitar alguns dos piores impactos da pandemia e apoiar a transição para uma economia mais amiga do ambiente.

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