Situação “preocupante” na Guiné-Bissau será discutida pelos embaixadores da CPLP

Da Redação
Com Lusa

O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse que a situação na Guiné-Bissau “é preocupante” e será analisada na próxima reunião do Comité de Concertação Permanente (CCP-CPLP), marcada para dia 18.

“A situação na Guiné-Bissau é preocupante. Nós vamos ter proximamente uma reunião aqui em Lisboa, ao nível dos embaixadores, onde certamente essa matéria será abordada”, afirmou o embaixador Francisco Ribeiro Telles, em declarações aos jornalistas, após ter recebido as credenciais da embaixadora Isabel Amaral Guterres, enquanto representante permanente de Timor-Leste junto da CPLP, em Portugal.

A CPLP tem estado em Bissau “de uma forma bastante ativa” a acompanhar a evolução da situação no país, acrescentou.

O secretário-executivo da CPLP recebeu as cartas credenciais da embaixadora Isabel Amaral Guterres, enquanto representante permanente de Timor-Leste junto da CPLP, cargo para o qual foi nomeada em janeiro deste ano.

A Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló ter ganho as eleições e sido reconhecido pelos parceiros internacionais como Presidente da República, apesar de existirem queixas de irregularidades pela candidatura de Domingos Simões Pereira.

Na sequência da sua tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Aristides Gomes, e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido -Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

O dirigente da APU-PDGB formou um Governo com o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), o Partido da Renovação Social (PRS) e elementos do movimento de apoio ao antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, e do antigo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

No âmbito da mediação da crise política na Guiné-Bissau, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu, em abril, um comunicado no qual reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente e instou as autoridades a nomear um novo Governo, que respeite os resultados das legislativas de 2019, num prazo que terminou em 22 de maio.

Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não aceitou a derrota na segunda volta das presidenciais de dezembro e considerou que o reconhecimento da vitória do seu adversário é “o fim da tolerância zero aos golpes de Estado” por parte da CEDEAO.

A União Europeia, União Africana, ONU, Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Portugal elogiaram a decisão da organização sub-regional africana por ter resolvido o impasse que persistia no país, mas exortaram a que fossem executadas as recomendações da CEDEAO, sobretudo a de nomear um novo Governo.

O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Além de Timor-Leste e da Guiné-Bissau são Estados-membros da CPLP, Portugal, Angola, Moçambique, Brasil, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

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