Da Redação
Com Lusa
O Dia de Portugal em Lisboa vai ser assinalado com uma “cerimônia simbólica” no Mosteiro dos Jerónimos, às 11:00 de 10 de Junho, com discursos do presidente das comemorações, cardeal Tolentino Mendonça, e do chefe de Estado.
Segundo a Presidência da República, “as comemorações que estiveram previstas para a Região Autónoma da Madeira e África do Sul, foram alteradas, para assim respeitar as regras de precaução sanitária no quadro da pandemia da doença covid-19”.
O programa terá início “no exterior do Mosteiro dos Jerónimos onde, pelas 11:00 e sob a presidência do chefe de Estado, decorre a cerimônia do içar da bandeira nacional, com a execução do hino nacional, 21 salvas por unidade naval da Armada Portuguesa fundeada no rio Tejo e sobrevoo de homenagem por uma esquadrilha de aeronaves F-16 da Força Aérea”.
Segundo a mesma nota, “depois, na Igreja de Santa Maria de Belém, o Presidente da República deposita uma Coroa de Flores no Túmulo de Luís Vaz de Camões, e guarda um minuto de silêncio em homenagem aos mortos ao serviço da pátria”.
“Nos claustros do Mosteiro, irá usar da palavra o cardeal D. José Tolentino de Mendonça, presidente da comissão organizadora do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a que se segue a intervenção do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que encerra as cerimônias”, lê-se no texto.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha divulgado, no dia 17 de abril, que o Dia de Portugal seria assinalado com uma “cerimônia simbólica” junto ao Mosteiro dos Jerónimos.
Na altura, o chefe de Estado divulgou uma nota a reafirmar que iria assinalar o 10 de Junho, assim como participaria na sessão comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, então envolta em polêmica devido ao número de presenças face às restrições impostas para combater a propagação da covid-19.
3 meses depois
Os primeiros doentes com covid-19 foram anunciados em Portugal há três meses, depois de mais de meia centena de casos suspeitos terem dado negativo e numa altura em que o mundo unia esforços para combater um vírus desconhecido.
O primeiro caso foi comunicado pela ministra da Saúde, Marta Temido, em 02 de março, cerca de três meses depois de terem sido anunciados os primeiros casos na China, onde começou o surto num mercado em Wuhan que rapidamente se propagou pelo mundo, paralisou a economia dos países e levou a “uma guerra” para obter máscaras cirúrgicas e outros equipamentos essenciais para conter a sua disseminação.
Três meses passados, Portugal regista 1.396 mortos e 32.203 casos de infeção resultantes da covid-19, declarada no dia 11 de março pela Organização Mundial da Saúde como pandemia pelos “níveis alarmantes de propagação e inação”.
Os números colocam Portugal no 14.ºlugar a nível mundial no número de óbitos por um milhão de habitantes, à frente de países como o Brasil ou a Alemanha, e no 19.º no número de casos, com 3.043 casos por milhão de habitantes, mais do que, por exemplo, a França, segundo dados da plataforma EyeData Covid-19, um projeto da agência Lusa e da Social Data Lab, referentes a 27 de maio.
Dez dias após o anúncio dos primeiros casos foi noticiado o primeiro doente recuperado no Hospital de São João, no Porto. Atualmente, 19.186 foram dados como curados em Portugal e cerca de 2,2 milhões no mundo.
A luta contra esta doença pôs o mundo em suspenso e obrigou os países a tomarem medidas de emergência. Os portugueses foram obrigados a ficar em casa, as escolas e universidades encerraram, muitas empresas colocarem os funcionários em teletrabalho, outras recorreram ao ‘lay-off’, o turismo parou e a maioria dos voos foi anulada.
As visitas a instituições de saúde, lares e prisões foram cortadas e os hospitais tiveram de se reorganizar para acolher os doentes com covid-19. Cancelaram consultas e cirurgias não urgentes e recorreram à teleconsulta para continuar a acompanhar os doentes.
Cerca de 540 mil consultas hospitalares e 51 mil cirurgias ficaram por realizar entre 16 de março e o final de abril, face ao mesmo período de 2019, bem como 840 mil consultas nos centros de saúde e cerca de 400 mil episódios de urgência, um trabalho que os hospitais já começaram a recuperar.
Para os especialistas, “Portugal atuou cedo” ao decretar o confinamento quando ainda só tinha registado 62 casos e nenhum óbito e os portugueses aderiram às medidas, reduzindo a sua mobilidade em cerca de 80%.
As medidas de confinamento contribuíram para que, na primeira quinzena de abril, Portugal tivesse registado menos 5.568 casos (-25%), menos 146 mortes (-25%) e menos 519 (-69%) internamentos em cuidados intensivos do que seria de esperar se não tivessem sido decretadas, salienta.
A situação mais preocupante neste momento é na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde tem crescido o número de infetados, uma situação já comentada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: A “fotografia” da situação do país “é favorável”, “não há uma situação de descontrolo” nesta região, mas sim de “atenção e preocupação”.
Em 03 de maio foi decretada em Portugal a situação de calamidade, após três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março,
Esta nova fase de combate à covid-19 previa o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
A 18 de maio entraram em vigor novas medidas, entre as quais a retoma das visitas nos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.