Da Redação
Com Lusa
Um grupo informal com artistas e técnicos criou uma plataforma de conteúdos artísticos para disponibilizar ‘online’, apelando aos donativos do público no sentido de minimizar a ausência de renda dos artistas devido à pandemia de covid-19.
Em declarações à agência Lusa, André Gago, um dos elementos do grupo, disse que o coletivo, intitulado Teia 19, “reúne várias pessoas que de alguma maneira estão ligadas às artes — programadores ou artistas — e que estão a tentar fazer alguma coisa, abrindo a possibilidade de haver contrapartidas por parte do público para espetáculos”.
A primeira iniciativa realiza-se em 07 de abril e consiste num recital que faz parte da iniciativa mensal “As primas terças” e vai incidir sobre os poetas de Amália.
O recital está a ser filmado em casa de André Gago e conta com a participação de Pedro Dias, na guitarra portuguesa, que, em sua casa, está a criar temas improvisados a partir de fados de Amália Rodrigues, acrescentou o ator à agência Lusa.
Questionado pela Lusa sobre a forma como se irão processar os donativos, André Gago disse que a plataforma — que está a criar uma página virtual — não irá gerir qualquer donativo, já que cabe a cada artista indicar o meio para que este seja feito diretamente.
“Nós não tocamos em dinheiro, queremos é fornecer uma plataforma técnica onde possa ser facilitada a forma de fazer o donativo”, frisou.
Segundo André Gago, o grupo está a “receber propostas de bandas de música e de artistas plásticos, embora não haja nenhuma exclusão de qualquer género nem de nacionalidades”, disse.
Segundo o ator, o grupo tem já “propostas muito interessantes, mas só serão divulgadas quando tudo estiver concretizado e definido”.
Até ao momento, a única forma de aceder à Teia 19 é através do Facebook, embora os artistas à medida que forem aderindo também vão colocando a respetiva ligação nas suas redes sociais, referiu.
André Gago alegou que a ideia resulta do facto de haver artistas que veem as suas remunerações asseguradas, “os que recebem subsídios da Direção-geral das Artes (DGArtes) e os teatros nacionais, e os que não vão ter qualquer remuneração já que com a pandemia de covid-19 viram-se obrigados a cancelar ou a adiar trabalhos “sine die”.
“E estes têm uma quebra total de rendimentos; há que não esquecer”, sublinhou.
André Gago disse ainda que a intenção não é transmitir as iniciativas da Teia 19 em ´streaming`. “Vamos tratar sempre de construir emissões com qualidade técnica que não seja de ´live streaming`”, disse, sublinhando que a ideia é o público assistir e “contribuir com o donativo que queira e se quiser”.
O nome da plataforma — Teia 19 — é inspirado no termo grego ´areté` que, segundo André Gago, expressa o conceito de excelência assim como a força e coragem de ultrapassar as adversidades.
Daí surgiu o nome Areteia que foi depois para Teia e ao qual se juntou o número alusivo à pandemia que assola o globo.
Numa primeira fase, a Teia 19 privilegiará os artistas e técnicos que tenham visto as suas apresentações canceladas nos meses de março, abril e maio.
Será também organizada uma grelha de emissão dos formatos de transmissão e cada artista deverá indicar o MBway, IBAN ou outra forma de pagamento para onde os donativos deverão ser transferidos ou depositados.
Pretende-se que os formatos sejam tecnicamente otimizados, e que sejam difundidos com a chancela TEIA19, com genérico inicial e créditos finais.
Os vídeos e áudios deverão ter uma duração entre 10 a 30 minutos, lê-se a página da Teia 19 no Facebook.
A equipa da Teia19 é coordenada por André Gago e Shilá Quadros Fernandes (produção e programação), Teresa Leiria Pinto (gestão de projetos e programação), Luís Pargana (gestão de projetos e programação), Amélia Bentes (dança e Programação), Ana Figueira (dança, gestão de projecos e programação), Ana Zivick (design gráfico), Luna Barreto (comunicação) e Leonardo Patrício (produção e gestão multimédia).
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infecção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço da Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).
Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.