Vírus: Turismo na UE perdeu 2 milhões de hóspedes e 1.000 milhões de Euros

Turistas na Torre de Belém. Foto Mundo Lusíada

Da Redação
Com Lusa

O setor turístico da União Europeia (UE) perdeu dois milhões de dormidas e 1.000 milhões de euros desde o início de janeiro devido à ausência de turistas chineses, indicou o comissário europeu do Mercado Interno.

Numa entrevista ao canal BFMTV, Thierry Breton, citado pela agência Efe, disse haver “um abrandamento importante da economia mundial” relacionado com a epidemia do coronavírus, dado o elevado peso econômico da China.

Esse impacto, disse, sente-se ao nível das cadeias de fornecimento de muitas empresas, que dependem de mercadorias fabricadas na China, mas também no turismo, já que os chineses deixaram de viajar.

Segundo o comissário francês, como resultado registaram-se menos dois milhões de dormidas nos estabelecimentos turísticos dos 27 países da União Europeia desde janeiro, o que se traduz num recuo de 1.000 milhões de euros das receitas mensais.

PIB

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reviu em baixa de 0,5 pontos percentuais, para 2,4%, as estimativas para o crescimento mundial este ano, devido ao surto do novo coronavírus.

“Na assunção que os picos de epidemia na China no primeiro trimestre de 2020 e os surtos noutros países se provem moderados e contidos, o crescimento mundial poderia ser decrescido em cerca de 0,5 pontos percentuais [p.p.] este ano relativamente ao esperado nas previsões econômicas de novembro de 2019”, pode ler-se no relatório das previsões econômicas intercalares divulgado neste dia 02.

Segundo o documento, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na zona euro para 2020 também foi revisto em baixa, mas de 0,3 p.p., sendo agora estimado em 0,8%, à ‘boleia’ das desacelerações da Alemanha (0,1 p.p. para 0,3%), França (0,3 p.p. para 0,9%) e Itália (0,4 p.p para uma estagnação da atividade econômica – 0%).

O crescimento econômico do Reino Unido foi também revisto em baixa de 0,2 p.p. para 0,8%, o dos Estados Unidos em 0,1 p.p. para 1,9%, o do Japão em 0,4 p.p. para 0,2% e o da Coreia do Sul, um dos países mais afetados pela doença Covid-19, em 0,3 p.p. para 2,0%.

Relativamente à China, a OCDE prevê reviu em baixa de 0,8 p.p. o crescimento econômico de 2020, estimando agora 4,9% de aumento do PIB.

Apesar da revisão em baixa de 0,5 p.p. do crescimento econômico mundial em 2020 devido ao surto do novo coronavírus, a OCDE adverte que um surto “mais duradouro e intensivo, alargado às regiões Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte enfraqueceria as perspetivas consideravelmente”.

“Neste caso, o crescimento mundial poderia descer para 1,5% em 2020, metade do número projetado antes do surto do vírus”, assinala a organização sediada em Paris.

Relembrando que a província chinesa de Hubei, origem do novo coronavírus, contribui para 4,5% da produção local, a OCDE destaca que “os declínios na produção na China foram sentidos rapidamente pelas empresas por todo o mundo, dado o papel chave da China nas cadeias de produção mundiais como produtora de bens intermediários, particularmente computadores, eletrônica, fármacos e equipamento de transporte”.

“Restrições às viagens e o cancelamento de muitas visitas, voos e eventos de trabalho e lazer estão a afetar severamente muitos serviços. É provável que isto persista por algum tempo”, segundo a OCDE, que assinala que os turistas chineses representam cerca de 10% do turismo internacional.

A organização presidida por Ángel Gurría defende ainda, no seu relatório, que “estímulos à política macroeconômica nas economias mais expostas ajudarão a restaurar a confiança, à medida que os efeitos do surto do vírus e as disrupções no lado da oferta desvanecem”.

“As baixas taxas de juro devem ajudar a amortecer a procura, apesar do impacto das mudanças recentes e projetadas na política de taxas de juro na atividade [econômica] deva permanecer modesto nas economias avançadas”, segundo a OCDE.

Tanto na China como nas economias mais afetadas, a OCDE recomenda ainda que no curto prazo seja providenciada “liquidez ao sistema financeiro” por parte dos bancos, particularmente às pequenas e médias empresas, e que não deixem empresas abrir falência durante a aplicação de medidas de contenção do surto.

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