Da Redação
Com Lusa
O número de novos casos diários confirmados de coronavírus no resto do mundo ultrapassou pela primeira vez o que se verifica na China, anunciou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com 411 casos na China e 427 no resto do mundo registrados na terça-feira, “o número de novos casos fora da China ultrapassou pela primeira vez o número de novos casos na China”, declarou o diretor-geral daquela agência das Nações Unidas, Tedros Ghebreyesus, na sede da organização em Genebra.
“O aumento do número de casos fora da China incitou certos meios de comunicação e políticos a pressionarem para que seja declarada uma pandemia. Não devemos estar pressionados para a declarar sem uma análise aprofundada”, afirmou, ressalvando que não hesitará em declará-la se a situação o exigir.
O diretor-geral da OMS frisou que “utilizar a palavra pandemia de forma imprudente não tem nenhuma vantagem, antes um risco importante de amplificação do medo e dos estigmas inúteis e injustificados”.
Dos novos casos na China, 10 verificaram-se fora da província de Hubei, onde o surto começou em dezembro passado.
“O momento não é de complacência, mas de vigilância”, afirmou Ghebreyesus, salientando que “o vírus pode ser contido”.
Os peritos de uma missão conjunta OMS/China concluíram que as medidas drásticas tomadas pelo Governo chinês, como a construção de novos hospitais e quarentena aplicada a dezenas de milhões de pessoas permitiram evitar que surgissem mais casos no país.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.
Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registro de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irã nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.
O único caso conhecido de um português infectado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilômetros a sudoeste de Tóquio.
Já na Itália, foi confirmada a 12.ª vítima mortal por Covid-19, sendo o número de pessoas infectadas com o novo coronavírus em Itália é de 374.
O anterior balanço da Proteção Civil italiana, divulgado na terça-feira à tarde, dava conta de 322 casos de infecção e 10 mortos. Todas as vítimas mortais registadas até à data eram pessoas idosas que sofriam de outras doenças graves, precisaram as autoridades italianas.
Proteção
A diretora de saúde pública da OMS, Maria Neira, classificou como “irracional e desproporcionado” que se esgotem as máscaras e os desinfetantes nas farmácias por medo do coronavírus. Em declarações à emissora espanhola RAC-1, Neira recordou que as máscaras são para uso do pessoal de saúde e sublinhou que a diminuição de vítimas e contagiados que está a registrar-se na China “poderá significar que a epidemia chegou ao cume e atingiu o pico epidêmico”.
Neira afirmou que a medida mais efetiva para prevenir o contágio é lavar as mãos com frequência e insistiu que não se justifica que se esgotem as máscaras e os geles desinfetantes, referindo que a situação se baseia no “medo e na angústia das pessoas”, o que deve ser evitado. A responsável explicou que o uso de máscaras é para pessoal de saúde e apelou para que se evite o uso de forma irracional.
Sobre a situação na China, Neira indicou que há já “quase a confirmação de que o número de casos parece ter atingido o topo”. “Nos últimos dias, temos visto uma descida na incidência e no número de mortos”, acrescentou.
Globalmente, afirmou, o vírus circula, mas em quantidades muito racionais, pequenas, e os casos têm uma sintomatologia entre “leve e moderada”, semelhante a uma gripe sazonal.
A diretora geral de saúde pública da OMS disse que as medidas tomadas em Espanha, onde se diagnosticaram oito casos nos últimos dias, são totalmente proporcionais. “Oitenta por cento das pessoas que estão em contacto com o vírus não desenvolvem qualquer sintomatologia. Cerca de 15% terá uma sintomatologia leve a moderada. Entre 4% a 5% requer assistência clínica mais sofisticada”, referiu a especialista.