Imigrantes brasileiros relatam querer continuar morando em igreja evangélica em Portugal

Mundo Lusíada

Após a notícia de três pastores evangélicos em Amadora, na Grande Lisboa, terem sido detidos sob acusação de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal, os imigrantes brasileiros relataram ao jornal Estadão o desejo de continuar morando no templo.

Na semana passada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em Lisboa deteve três pastores brasileiros por suspeita de tráfico humano. Os três elementos de uma igreja evangélica teriam convencido dezenas de brasileiros a embarcar para Portugal com a promessa de legalização.

Nos locais das buscas, foram identificadas cerca de 30 brasileiros, “alojados nos diferentes locais de culto, em condições muito precárias”. O esquema teria sido descoberto após denúncia anônima de um cidadão estrangeiro.

A reportagem desta quinta-feira do jornal brasileiro mostra que o espaço passou a abrigar famílias que se viram em situações difíceis e passavam necessidades. A igreja funciona no local há 15 anos, e os espaços como sala de reuniões e sala do coro deram lugar para brasileiros que não podiam pagar aluguel na capital portuguesa.

“Eu ia começar em um emprego no dia em que a SEF apareceu aqui. A dona da empresa viu a reportagem na TV, reconheceu que era a igreja onde eu estava morando e acabou desistindo de me contratar”, contou ao Estadão uma das brasileiras que mora com o marido e dois filhos em um dos quartos improvisados no templo, e não quis se identificar.

Uma outra família contou que saiu de Minas Gerais há três meses para morar na Espanha, para o marido trabalhar na construção civil, mas a obra foi embargada e não deu certo, por não falar espanhol, a família seguiu para Portugal.

“Em Portugal, para alugar um quarto, eles pedem fiador e vários meses adiantado. A gente não conseguia pagar” diz uma entrevistada, confirmando que as famílias pagam aluguel pela moradia, e o dízimo para a igreja, mas não são obrigados. “O pastor não me obriga a pagar o dízimo. Eu pago porque está na Bíblia. O pastor não vem pessoalmente me cobrar, olhar o recibo de quanto ganho” declarou ao Estadão.

Os pastores detidos foram ouvidos e liberados. O processo segue em andamento, e os cidadãos brasileiros estão na sua maioria em situação irregular em Portugal, mas aguardando o processo de regularização no SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).

De acordo com o jornal Público, o número de brasileiros a viver em Portugal subiu 43%, somando mais de 151 mil brasileiros no país.

No total, os estrangeiros a residir em Portugal ultrapassaram os 500 mil no ano passado, o que aconteceu “pela primeira vez na história” do país, segundo anúncio do ministro da Administração Interna.

“Os dados preliminares levam a dizer que em 2019, pela primeira vez na nossa história, é ultrapassada a barreira do meio milhão de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal”, disse Eduardo Cabrita na Assembleia da República.

Segundo o ministro, residiam em Portugal 580 mil cidadãos estrangeiros no final do ano passado e, em 2018, esse número situava-se nos 490 mil.

Diante disso, o sindicato dos trabalhadores do SEF dizem que os inspetores do órgão são “insuficientes” devido ao aumento de trabalho nas áreas de fronteira, asilo e fiscalização, além do aumento de cidadãos estrangeiros a viver em Portugal.

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