Brasileiro Zé do Pedal cruza África em busca de acessibilidade

Divulgação / Zé Pedal

Da Redação

Caminhando de 35 a 60 quilômetros por dia, para cobrir uma distância de 13 mil quilômetros, desde Jagersrust –Kwazulu Natal, no Sul da África, a Alexandria, no Egito (Norte da África), o ativista social José Geraldo de Souza Castro, 62 anos, membro do Lions Club de Viçosa de Minas Gerais, iniciou um novo projeto no último dia 3 de novembro.

Empurrando uma cadeira de rodas, ele saiu de Jagersrust, uma pequena vila nas montanhas na província de Kwazulu –Natal, na África do Sul, cruzando 12 países da Africa – África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia, Malawi, Tanzânia, Quênia, Etiópia, Sudão do Sul, Sudão e Egito, exatamente na cidade de Alexandria. Ele calcula que dará mais de 17.000.000 de passos durante o percurso, quando anotará as barreiras que a pessoa com deficiência encontra no seu dia a dia.

Zé do Pedal completou, na cidade de Nelspruit 1300km – 10% do trajeto total, e estava cruzando as montanhas de Mapugalanga, na região do Parque Nacional Kruger, África do Sul, rumo ao Zimbábue “Apesar do calor extremo – 45 graus na Swazilandia, e das fortes chuvas nos últimos dias, que causou destruição e morte em boa parte da África do Sul, estou muito feliz com a caminhada. Completar 10% da caminhada em um das regiões mais lindas do planeta, com certeza tem que ser motivo de felicidade” Declarou zé.

O ativista informou que o Projeto “Walking Africa – A World for Them” (Caminhando pela África – um mundo para eles), tem por objetivo chamar a atenção para um dos principais problemas que afetam as pessoas com deficiência em todo o mundo – as barreiras arquitetônicas – e conscientizar as pessoas, a terem mais respeito com as pessoas com deficiência. Para José, só mesmo eliminando as barreiras arquitetônicas e sociais que dificultam a participação ativa das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida social, o mundo será mais justo e humano.

Dividido em sete etapas, o projeto será focado principalmente em ministrar palestras nas escolas das comunidades visitadas para atrair a atenção das crianças acerca dos principais problemas que afetam as pessoas com deficiência: “As pessoas com deficiência não querem piedade, mas igualdade, dignidade e respeito”, afirma o Zé. Durante as visitas, serão entregues cópias digitais da “Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”.

Dentre as metas que o ativista procura alcançar constam combater os estereótipos, os prejuízos e às práticas nocivas respeito das pessoas com deficiência, incluídos os que se baseiam no gênero (bullyng); Promover a tomada de consciência respeito da capacidade das pessoas deficiente, em relação com o mercado e o lugar de trabalho; Estimular os lideres dos municípios visitados a promoverem programas de sensibilização sobre as condições das pessoas com deficiências e os seus direitos; incentivar os governos locais a promover programas de conscientização sobre as condições das pessoas com deficiência e seus direitos; aumentar a conscientização sobre o respeito pelas pessoas com incapacidade física; promover em todos os níveis do sistema educacional o respeito ao direito das pessoas com deficiência; e incentivar a sociedade a refletir sobre a realidade das pessoas com deficiência, contribuindo assim para a redução do estigma, discriminação e marginalização daquelas pessoas. com deficiência e outras deficiências.

A sugestão de padrões técnicos, com o objetivo de remover barreiras do planejamento urbano e arquitetônico de prédios públicos e privados, instalações coletivas (banheiros, caixas eletrônicos, etc.) e vias públicas, também consta no projeto. José lembra que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 500 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo – um décimo da raça humana – e 80% das pessoas com deficiência vivem em países em desenvolvimento. O ativista divulgará também o projeto da Special Olympics (Olimpíadas Especiais).

Com foco na Pessoa com Deficiência Intelectual, a Special Olympics baseia-se na crença de que pessoas com deficiência intelectual podem, com instruções e incentivos adequados, aprender, aproveitar e se beneficiar da participação em esportes individuais e em equipe. A Special Olympics também acredita que, através de milhões de atos individuais de inclusão, onde pessoas com e sem deficiência intelectual são reunidas, mitos antigos são dissipados, atitudes negativas mudadas e novas oportunidades para abraçar e celebrar pessoas com deficiência intelectual são criadas, inspirando pessoas de todo o mundo a abrir suas mentes para aceitar as pessoas com deficiência intelectual.

Esta é a segunda passagem de Zé do Pedal pela África. Entre 10 de maio de 2008 e 5 de junho de 2010, ele realizou sua primeira viagem transcontinental em um Kart a Pedal, passando por 23 países da Europa e África em direção à Copa do Mundo de futebol “África do Sul 2010”. O objetivo daquela viagem foi o de: chamar a atenção da comunidade internacional para a campanha mundial do Lions Club International, “sigth first”, de combate à catarata e glaucoma.

Um pouco do Zé do Pedal
Fotógrafo, técnico em turismo, ativista social, ambientalista e ciclista, o mineiro de Guaraciaba e cidadão honorário de Viçosa, também em Minas Gerais, a historia de José Geraldo de Souza Castro, o Zé do Pedal, começa em novembro de 1981, quando decidiu viajar do Brasil à Espanha, de bicicleta, para assistir a copa do mundo de futebol “Espanha ‘82”, onde a Seleção brasileira, não teve muita sorte. De volta ao Brasil, foi imaginando uma volta ao mundo em bicicleta. Imaginou e cumpriu. A partir dai, não parou mais. De lá até o momento, visitou 78 países em cinco Continentes; percorreu 145.000km a “base de pedaladas”; assistiu a três copas do mundo de futebol; passou por quatro guerras civis; enfrentou chuvas torrenciais, terremotos e sobreviveu a cinco furacões; venceu uma maratona, em Lima, Peru; conheceu ilhas paradisíacas e vivenciou os sofrimentos de crianças e adultos em campos de refugiados da guerra do Vietnam; conheceu a seca, a fome e a miséria dos povos da África e do povo nordestino do Brasil. Em contrapartida, conheceu lugares que marcaram a historia, como: Torres Gêmeas, Pirâmides do Egito, Parthenon de Atenas, Torre Eiffel, Taj Mahal, a ponte sobre o Rio Kwai-Ai, Torre de Pisa, e tantos outros. Tudo registrado pelo www.zedopedal.com.br.

Cronologia
– De bicicleta até a Copa do Mundo (1981/1982) – Saindo do Rio de Janeiro, ele atravessou a América do Sul, Central e do Norte, voou até a Inglaterra e foi pedalando pela Europa até a Espanha. Minutos antes da chegada dos jogadores para a Copa de 1982, chegou de bicicleta em frente à concentração da seleção brasileira. Este fato chamou a atenção de jornalistas do mundo inteiro, fazendo-o ganhar notoriedade no Brasil. Foi neste momento que ele recebeu o apelido de Zé do Pedal.

– Volta ao mundo de bicicleta (1983/1986) – Logo que retornou da Espanha, decidiu dar a volta ao mundo de bicicleta. Nesta viagem, divulgou uma campanha de Combate ao Câncer nos 54 países pelos quais pedalou. O fim da aventura se deu no México, onde novamente assistiu a uma copa do mundo de futebol.

Japão em um velocípede (1985) – Durante a “Volta ao Mundo”, cruzou o País do Sol Nascente em um velocípede infantil, enquanto chamava a atenção da mídia para a condição das crianças na Etiópia.

– De Chuí a Brasília em um velocípede (1987) – Após conhecer o mundo, Zé decidiu viajar pelo Brasil. Optou, novamente, pelo velocípede, e cruzou o Brasil para chamar a atenção dos parlamentares constituintes para as condições sub-humanas das crianças do nordeste.

– América do Sul em uma motocicleta (1996) – Em uma motocicleta, percorreu 8 países da América do Sul: Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Bolívia. A viagem foi uma comemoração do seu vice-campeonato de motociclismo no Equador.

– Pedalando no Velho Chico (2002) – Viajou por todo o Rio São Francisco, em um barco tipo pedalinho, de Três Marias (MG) até o Pontal do Peba (AL). Nesta viagem, procurou chamar a atenção do país para a poluição do Rio São Francisco.

– Da Liberdade ao Cristo (2004/2005) – Saindo da estátua da liberdade, em Nova Iorque, Zé tinha o objetivo de chegar ao Rio de Janeiro, percorrendo a costa litorânea das Américas em um barco a pedal. Nesta aventura, buscava alertar a comunidade internacional para a poluição das águas do planeta. Entretanto, na cidade de Dzilam de Bravo, no México, 18 meses depois da partida, sua embarcação sofreu danos irreparáveis ao enfrentar o furacão Rita, impedindo o término da viagem. Pedalou cerca de 10 mil dos 23 mil quilômetros programados.

– Zé do Pedal 50 anos (2007) – Na comemoração de seus 50 anos, construiu uma embarcação a pedal feita com garrafas pet, um quadro de bicicleta encontrado em um lixão e algumas barras de aço. Com ela, realizou uma inusitada travessia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a poluição das águas e a importância do Protocolo de Kyoto.

– Extreme World (2008/2010) – Em um kart a pedal, viajou da França até a África do Sul. Nesta aventura, de cerca de 17 mil quilômetros, divulgou uma campanha internacional de combate ao Glaucoma e à Catarata em países pobres.

– 2014 “Extremas Fronteiras, Barreiras Extremas” – Cruzada pela Acessibilidade – Uma caminhada, de 10.700km, dando 15 milhões de passos, empurrando uma cadeira de rodas, de Uiramutã, (RR) fronteira norte com a Venezuela, até Chui (RS). Visitando 327 cidades de 20 estados, visando conscientizar o povo brasileiro sobre um dos principais problemas que afetam às pessoas com deficiência: as barreiras arquitetônicas.

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