História da diáspora portuguesa na América do Norte em livro

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa, Embaixador de Portugal nos EUA , Domingos Fezas Vital durante a cerimônia do Içar da Bandeira Nacional durante as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na Praça do Município “City Hall” de Boston, Estados Unidos, 10 junho 2018. ANDRÉ KOSTERS / LUSA
Arquivo: Visita do Presidente português e Primeiro-Ministro aos EUA.

Da Redação
Com Lusa

O historiador Gilberto Fernandes aborda no seu primeiro livro a história da ‘Nação Peregrina’ e a influência do Estado Novo na formação da diáspora portuguesa na América do Norte.

“Há vários estudos e ainda há muitos por fazer sobre a história da emigração, mas existem muito poucos sobre a história da formação da diáspora ou de comunidades transnacionais, pelo menos na abrangência que este livro traz”, disse Gilberto Fernandes, de 40 anos, natural de Lisboa, no Canadá desde 2004.

‘This Pilgrim Nation – The Making of the Portuguese Diaspora in Postwar North America’ (Esta Nação Peregrina – A Criação da Diáspora Portuguesa no pós-guerra da América do Norte) surge na sequência da investigação da tese de doutoramento na Universidade de York de Gilberto Fernandes, completado em 2009.

O livro acaba por focar “não só a criação da diáspora portuguesa na América do Norte, mas também a diáspora no seu pleno”, explicou.

O historiador realçou ainda a “influência que o Estado Novo teve através do Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Colónias ou Províncias Ultramarinas, na formação da diáspora portuguesa”, num período pós-guerra, entre as décadas de 50 a meados dos anos 70, até à revolução de abril de 1974.

“O papel que alguns agentes dentro, ou próximos do Estado Novo, tiveram na formação da diáspora portuguesa, tanto a nível institucional, como na formação de supostos líderes ou elites políticas e culturais, e na própria criação consciência de diáspora, é um dos aspetos mais importantes do livro”, destacou o investigador.

O livro destaca a história transnacional das comunidades portugueses no Canadá e nos Estados Unidos num contexto da Guerra Fria, do movimento dos direitos civis americanos, da guerra colonial portuguesa, e do multiculturalismo canadiano.

“Os emigrantes e os seus descendentes fazem parte de uma comunidade que vai além-fronteiras, que é transnacional e que atravessa o mundo inteiro, onde existem comunidades portuguesas”, continuou.

Nesse sentido, a obra literária foca em “como todos estes fatores estão associados com a defesa do Império no período da Guerra Fria”.

Uma das conclusões da pesquisa que o escritor revelou, é que o livro procura “acabar com alguns estereótipos, que ainda existem dentro da própria comunidade portuguesa”.

“Vai acabar por combater alguns estereótipos que talvez ainda existam especialmente dentro da própria comunidade, que ainda se mantêm dentro da comunidade que se auto considera uma comunidade com pouca intervenção política, ou com pouca mobilidade social, quando na verdade sempre houve muito ativismo variado”, destacou.

A relação “complexa e bastante interessante” de interesses triangulares entre os diplomatas, líderes comunitários e autoridades do Canadá ou dos Estados Unidos, é outra das novidades.

O livro vai ficar disponível para comercialização nas plataformas digitais no dia 09 de dezembro.

A apresentação oficial terá lugar no dia 15 de janeiro, às 19:00, no Supermarket, um bar localizado na Kensington market, área onde a comunidade portuguesa se instalou quando chegou a Toronto.

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