Problemas de acessos e de fornecimento de energia e água travam turismo em Angola

Foto Agencia Lusa

Da Redação
Com Lusa

Os operadores do setor turístico e hoteleiro angolano apontaram as vias de comunicação, energia, água e formação de recursos humanos como “vias cortadas” que “impedem o desenvolvimento” do setor e “ofuscam as enormes potencialidades” do país.

Segundo Graciete Marina Antes, empresária hoteleira no município do Libolo, província angolana do Cuanza Sul, as vias de acesso aos municípios, onde se encontram as melhores belezas do país, contribuem negativamente para a promoção do turismo em Angola.

“O nosso país tem várias atrações turísticas, mas também temos várias vias cortadas que são as vias de acesso para os municípios onde se encontram as melhores belezas e não na capital”, disse hoje à Lusa, à margem da abertura do 1.º Congresso Nacional de Hotelaria.

Para a empresária, as vias de acesso melhoraram muito, mas não ainda o suficiente, exemplificando que para se fazerem 40 quilômetros são necessárias “aproximadamente três horas”.

“E então, a partir daí o turista já pensa um bocado em ir para ao Libolo”, frisou, referindo que a localidade recebe anualmente cerca de 10.000 turistas, entre nacionais e estrangeiros, sobretudo, devido ao Santuário de Fátima ali localizado.

Graciete Marina Antes, há 12 anos na atividade, considerou igualmente que a malária, maior causa de mortes em Angola, constitui um dos fatores que “retrai turistas”, sobretudo para a capital do país, junta-se a problemática da segurança.

“Luanda é um foco muito grande para a malária e acho que a partir daí os turistas recuam, juntando-se aos assaltos, a segurança do turista”, apontou.

O 1.º Congresso Nacional de Hotelaria é organizado pela Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA) com o apoio do Ministério do Turismo angolano e decorre até sexta-feira, em Luanda.

Por seu lado, Manuel de Paula Sebastião, empresário hoteleiro de Luanda, assumiu que o quadro do turismo em Angola “não é muito bom, muito em particular devido às vias de comunicação terrestre”.

“E porque há uma enorme dificuldade de as pessoas se deslocarem via aérea, até mesmo por causa dos preços que não são muitos concorrentes e ainda temos outros fatores como problemas de luz e água que são essenciais para o desenvolvimento da hotelaria”, referiu.

Em relação ao preço dos serviços, o operador do setor há 25 anos, referiu que “não são muito altos”, mas a desvalorização do kwanza em relação ao dólar tem implicações diretas no preço dos serviços prestados.

“Porque se formos ver a taxa de câmbio atual, os nossos preços são mais atrativos em relação aos da região, o problema é a desvalorização do kwanza”, realçou, reconhecendo que muito ainda deve ser feito do domínio da formação.

A empresária Ana Eunice Constantino de Almeida destacou que portugueses, brasileiros, cubanos continuam a eleger Angola nas preferências turísticas, referindo que com o desenvolvimento de estradas, energia e água o turismo traria muitas divisas ao país.

“Tudo está ligado, porque não adianta termos só os sítios ou locais bonitos, mas os acessos são importantes”, sublinhou, em declarações à Lusa, afirmando que o turismo angolano “é saudável e precisa de mais incentivos e apoios”.

Há dez anos no setor, a empresária considerou que os atuais preços praticados “até não estão mal”, o problema, argumentou, “são os acessos às divisas, porque tudo o que é utilizado em hotelaria “requer custos” e em Angola “não se produz quase nada”.

“E é isso que encarece. Quanto a formação ainda é algo que precisamos, temos poucas escolas “, concluiu.

O 1.º Congresso Nacional de Hotelaria decorre em paralelo à Angola Expo Hotel, uma feira que conta com expositores de todo o país com oferta de produtos nacionais ligados à agricultura, indústria, artesanato, mobiliário, entre outros.

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