Presidente de Angola diz que país “está aberto ao mundo”

Foto ONU/Cia Pak

Da Redação

O presidente de Angola, João Lourenço, discursou esta terça-feira no primeiro dia do debate de alto nível da 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Em Nova Iorque, o chefe de Estado afirmou que “Angola está hoje aberta ao mundo” e destacou “profundas reformas em curso”.

“Tem como objetivo construir de facto um Estado democrático de direito, combater a corrupção e a impunidade, promover a cultura da responsabilização e prestação de contas pelos servidores públicos, criar um ambiente de negócios mais atrativo ao investimento privado e estrangeiro e, deste modo, aumentar a produção interna de bens e serviços, reduzir as importações de bens de primeira necessidade, aumentar o leque e quantidade de bens exportáveis e aumentar a oferta de emprego.”

João Lourenço afirmou que o seu governo “encara todos esses desafios com seriedade e transparência.” e disse que o país defende “o multilateralismo nas relações internacionais, pois só ele contribui efetivamente para a segurança e a paz.”

O chefe de Estado angolano defendeu a necessidade de uma “reforma profunda” da ONU para que melhor possa cumprir o seu papel. A este nível, reiterou a necessidade de se alargar o número de membros permanentes do Conselho de Segurança, para incluir países de África e América do Sul. Ele afirmou que o Conselho “não reflete um mais justo equilíbrio geoestratégico mundial.”

O presidente referiu depois o papel que Angola tem desempenhado na resolução de alguns problemas de segurança e paz em África. A Comunidade de Países da África Austral, Sadc, é uma das áreas de maior foco.

“Angola tem procurado dar a sua modesta contribuição, na medida do possível, na prevenção e resolução de conflitos, sobretudo na região da Sadc, nos Grandes Lagos ou da África Central, como foi o mais recente caso no Memorando de entendimento entre o Ruanda e Uganda, assinado em Luanda, que nos parece ser um passo importante na prevenção de um conflito que se estava a incubar e na eminência de eclodir.”

Ameaças
O presidente angolano referiu um conjunto de desafios à paz e segurança internacionais. Sobre a Coreia do Norte, João Lourenço disse que deve continuar como uma das grandes preocupações da comunidade internacional, destacando os esforços dos Estados Unidos, Rússia e China.

Em relação ao conflito no Oriente Médio, o presidente de Angola disse que a situação “se vai eternizando” e pediu que as resoluções das Nações Unidas sejam respeitadas. No Golfo Pérsico, o apelo foi para a contenção de todas as partes envolvidas.

Lourenço também referiu África, ao destacar que o continente “vem sendo assolado pelo terrorismo”, e pediu à comunidade internacional que preste atenção à situação na Líbia.

A nível internacional, João Lourenço pediu ainda o fim do embargo econômico imposto a Cuba e o fim da guerra comercial entre China e Estados Unidos, afirmando que produz “consequências nefastas que já se fazem sentir na economia mundial.”

Mudança climática
O presidente também falou sobre a ameaça climática, dizendo que “o mundo assiste impotente” a essa situação.

“Os exemplos concretos desse fenômeno multiplicam-se pelo mundo fora, o que nos leva a associar-nos àqueles que denunciam a irresponsabilidade daqueles que persistem em ignorar esses sinais e se sentem no direito de continuar a sustentar indústrias poluentes.”

Sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, João Lourenço considera que “apesar de nobres e justos, não são por si só a garantia de melhores resultados no futuro.”

“Os conflitos, a fome, a miséria e a doença não se eliminam apenas com soluções políticas e burocráticas, mas também através da boa governação, do combate a corrupção, da defesa do ambiente e do reforço de valores como a dignidade humana, a cidadania responsável e inclusiva, a justiça social e a igualdade de oportunidades.”

Em relação a esse tema, Lourenço destacou o papel da juventude, dizendo que “é a única forma matriz capaz de vencer todos esses desafios.”

O presidente de Angola terminou o discurso dizendo que “é com profunda esperança nessa juventude” que mantém o otimismo e continua a acreditar que se pode “deixar um mundo melhor” para as gerações futuras.

Encontro
O início do debate de alto nível da Assembleia Geral foi marcado pelo discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres.

O chefe das Nações Unidas disse que se está “vivendo num mundo de inquietudes.” Segundo ele, “muitas pessoas temem ser pisoteadas, frustradas, abandonadas, deixadas para trás.”

Discursou depois o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, o chefe de Estado brasileiro disse que estava apresentando “um novo Brasil”. Ainda esta terça-feira, discursou o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

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