Da Redação
Com EBC
No segundo dia da visita oficial a Israel, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro condecorou 136 militares israelenses da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna com a medalha da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.
O grupo esteve no Brasil para atuar nas operações em Brumadinho, a 57 quilômetros de Belo Horizonte (MG).
Os homens e mulheres da brigada vieram em janeiro para ajudar nas buscas pelos desaparecidos na tragédia com o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão. Pelo último levantamento, 217 pessoas morreram e 87 estão desaparecidas.
Bolsonaro irá ainda à Basílica do Santo Sepulcro, um templo cristão localizado no Quarteirão Cristão da Cidade Velha de Jerusalém. Segundo o cristianismo, ali Jesus foi crucificado, sepultado e, no terceiro dia, teria ressuscitado.
O local é um dos principais pontos de peregrinação em Israel por turistas e religiosos que pagam promessas na basílica. Há peregrinos que levam cruzes de madeira para pagar promessas.
O último compromisso será a visita do presidente ao Muro das Lamentações, acompanhado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O local é sagrado para os judeus, pois foi construído com parte do que restou do Templo de Herodes – símbolo para o povo judeu de retorno à terra sagrada.
No Muro das Lamentações, os judeus depositam seus desejos e fazem orações. Mesmo os homens não judeus devem usar o kipá, espécie de pequeno chapéu utilizado por religiosos. As mulheres devem se vestir com saias ou vestidos abaixo dos joelhos.
Acordos
No dia 31, os governos do Brasil e de Israel firmaram cinco acordos de cooperação em áreas distintas. Foram assinados acordos nas áreas de defesa, serviços aéreos, prevenção e combate ao crime organizado, ciência e tecnologia e um memorando de entendimento em segurança cibernética.
O presidente e o primeiro-ministro israelense, Benajmin Netanyahu, teve encontro privado e depois ampliado com os ministros de ambos os países. À noite, aconteceu uma cerimônia de homenagem a Bolsonaro, oferecida por Netanyahu e sua mulher, Sara.
Os dois governos concordaram em cooperar em diversos setores, como petróleo e gás, termoeletricidade e energias renováveis. No campo da energia e da mineração, Bolsonaro e Netayahu reconheceram o papel transformador da inovação, da robótica e da segurança cibernética. O Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que como produtores relevantes de gás natural, os dois países “intercambiarão melhores práticas sobre a concepção dos mercados domésticos de gás natural”.
Bolsonaro e Netanyahu também firmaram parceria na área de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento de startups. Eles ressaltaram que os intercâmbios entre Brasil e Israel nos campos da ciência, tecnologia e inovação sustentam as “sinergias existentes em diversas áreas” que deverão ter investimentos recíprocos.
Os dois líderes também destacaram a celebração de um acordo de serviços aéreos, que busca a conectividade entre os dois países, garantindo ampla liberdade operacional às companhias aéreas. Eles enfatizaram a determinação de adotar iniciativas militares conjuntas e abre caminho para laços mais estreitos neste campo.
Durante a declaração, Bolsonaro e Netanyahu reiteraram o reconhecimento do Brasil e de Israel por Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, como “líder legítimo”. Eles enfatizaram o comprometimento dos dois países a apoiar o povo venezuelano em sua luta pelo fim do regime de Nicolás Maduro.
Bolsonaro e Netanyahu afirmaram que a parceria entre Brasil e Israel está baseada sobre valores comuns da liberdade, da democracia, da economia de mercado, da justiça e da paz, e na determinação comum de buscar a prosperidade para seus povos.
Durante a declaração, Netanyahu reiterou seu forte apoio à adesão do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Israel lembrou com apreço o papel fundamental desempenhado pelo Brasil durante a Assembleia Geral das Nações Unidas que aprovou a Resolução 181, em 1947, sob a presidência do então chanceler Oswaldo Aranha, que abriu caminho para a recriação do Estado de Israel na terra ancestral do povo judeu, em 14 de maio de 1948.
Representações
No primeiro dia da visita a Israel, o presidente anunciou a criação de um escritório de representação comercial em Jerusalém. Ao lado do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, Bolsonaro detalhou que o escritório será responsável pelas áreas de ciência, tecnologia e inovação e negócios.
Após ressaltar que a abertura de um escritório do Brasil em Tel Aviv, que não significa um reconhecimento por parte do Brasil de Jerusalém como capital de Israel, o porta-voz da Presidência Rêgo Barros disse que Bolsonaro ainda não descartou a possibilidade, inclusive com a transferência da embaixada brasileira para a cidade.
“O nosso presidente continua avaliando essa possibilidade, mas no momento isso não foi colocado para apreciação e não foi colocado à mesa”, disse.
Reconhecendo os vínculos históricos de Jerusalém com a identidade judaica e também que a cidade é o coração político do Estado de Israel, anunciei hoje que o Brasil abrirá lá um escritório brasileiro para promoção do comércio, investimentos e intercâmbio em inovação e tecnologia. pic.twitter.com/RfMKEl9XtB
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 31, 2019