Foto/Arquivo Lusa: Nuno com o pai e presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa.
“A retomada só não é maior porque a mensagem que chega a Portugal sobre o estado do Brasil é uma mensagem completamente deturpada” diz Nuno Rebelo.
Por Odair Sene
Mundo Lusíada
No encerramento do ano de 2018, o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, Nuno Rebelo de Sousa, fez um balanço muito positivo, em dezembro. A Federação conta, atualmente, com 17 Câmaras Portuguesas espalhadas pelo Brasil.
“Estamos na melhor época de sempre, a melhor fase na relação entre Brasil e Portugal. Não só voltamos a ressuscitar várias Câmaras Portuguesas que estavam desaparecidas há alguns anos, por exemplo Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraíba, estamos a ressuscitar também Rio Grande do Norte”, revelou o dirigente.
Além disso, Nuno Rebelo cita novas Câmaras Portuguesas pelo Brasil, como em Goiás, Espírito Santo, e conversações para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Muitos empresários hoje já estão fazendo a vida deles entre Portugal e Brasil, já estão organizando missões de empresários brasileiros a Portugal, e por isso nossa missão é aproveitar e fazer crescer as Câmaras. Para a Federação, tem sido um grande orgulho o trabalho que estamos fazendo em termos de expansão”.
Segundo o presidente da Federação, a Câmara Portuguesa de São Paulo teve um salto no crescimento dos últimos dois anos, o que “nunca aconteceu, não tem nem nada próximo na história dos 106 anos da Câmara de São Paulo”, disse ele referindo que são atualmente cerca de 500 associados e uma dinâmica “gigante” declarou.
“Temos um enfoque grande em associados brasileiros que querem levar seus negócios para Portugal, hoje muito mais do que empresas portuguesas que estão a chegar ao Brasil. Nos últimos anos, tivemos um declive grande junto de empresas portuguesas a chegar ao Brasil, uma ou outra vai aparecendo”, comentou.
A retomada dos investidores nos últimos seis meses também tem sido maior, e só não cresceu mais, segundo Nuno, porque a mensagem que chega sobre o Brasil no outro lado do Oceano é “deturpada”.
“A retomada só não é maior porque a mensagem que chega em Portugal sobre a situação do Brasil é uma mensagem completamente deturpada. As pessoas acham que o Brasil acabou, há um problema, e não é, pelo contrário, agora as empresas portuguesas tem que vir ao Brasil” defendeu Nuno garantindo que o momento “é bastante oportuno”.
No último mês, uma missão das Câmaras levou, pelo terceiro ano consecutivo, empresários brasileiros a Portugal, para participação da cimeira de tecnologia Web Summit em Lisboa. “A Federação das Câmaras começou a organizar em 2016 com 30 pessoas, em 2017 com 80 pessoas, e 180 pessoas este ano e foi um sucesso. Acredito que essa missão, enquanto tivermos Web Summit em Portugal, vai crescer todos os anos porque o interesse dos empresários brasileiros, startups e investidores por Portugal é cada vez maior”.
Uma movimentação acompanhada de perto pelo governo português. Como nesta última missão com 180 brasileiros em Lisboa, o grupo esteve com o Ministro-Adjunto e Economia, com o Secretário de Estado da Internacionalização, o Secretário de Estado da Economia, entre outros. “Por isso, temos tantas visitas de entidades públicas portuguesas ao Brasil, e espero que no novo governo aconteça o mesmo na ponta contrária, que o governo brasileiro também vá a Portugal ver os brasileiros que estão por lá”.
Confiança no Brasil de Jair Bolsonaro
As Câmaras Portuguesas estão “muito confiantes” com o Brasil para o próximo governo, que será liderado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro a partir de 1º de janeiro de 2019.
Nuno Rebelo diz estar otimista. “Muito confiante, eu passo isso a toda gente em Portugal. O ambiente está numa crescente confiança entre os empresários de maneira geral, os investidores internacionais voltaram a emitir notas de credibilidade de investimento no Brasil. Eu vejo um cenário muito positivo, não só na área de energia mas de forma global”, diz Nuno que é também executivo da EDP Energias no Brasil.
“O Brasil mostra que está num caminho de recuperação e portanto está na altura dos portugueses que querem voltar para o Brasil, pensar numa estratégia de entrada, porque para nós a expectativa é muito positiva”, encerrou.