Da Redação
Com Lusa
O presidente da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), Luís Silva Ribeiro, revelou que o último concerto da banda pop U2 poderia ter sido encurtado devido a problemas com a partida do aeroporto de Lisboa.
“Grande parte do meu tempo é utilizado para receber a Federação Portuguesa de Futebol e representantes das estrelas de rock que não conseguem chegar ou sair de Lisboa”, disse o responsável, numa discussão sobre o aeroporto Humberto Delgado, na IV Cimeira do Turismo Português, em Lisboa.
Como na maioria não são voos comerciais, atletas e artistas viajam em aviões sem ‘slots’ (período para movimentos de aviões) atribuídos, como foi o caso dos U2.
“Não há ‘slots’, porque estamos completamente lotados. Há umas semanas, recebi um representante dos U2 na ANAC a dizer que não ia conseguir fazer a banda sair no fim do último concerto e teria que reduzir seis músicas e que iam dizer a toda a gente que a culpa era da aviação civil portuguesa”, relatou.
Como não recebeu “‘hate mail’ (correio de ódio) no seu ‘email'”, a estimativa do responsável é que a situação foi resolvida, mas avisou que as situações de constrangimentos estão a ser conhecidas lá fora e “há problemas reais”.
Luís Silva Ribeiro sublinhou que a “otimização que tem sido feito tem limites” e que “há limites de segurança”.
“A pressão de rotação de cumprir os horários aumenta a pressão e agrava a probabilidade de erro e um erro pode ser fatal naquele tipo de ambiente [aeroporto]. Há limite para aquilo que é a otimização”, sublinhou.
O presidente da ANAC referiu a necessidade de “urgentemente se seguir uma solução” e que todos rumem para o mesmo lado, até porque “fazer nada é uma solução muito pior”.
Intervenções “ontem”
Também o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, defendeu que as intervenções no aeroporto de Lisboa eram “precisas para ontem” e lamentou estar a comprar aviões e, em simultâneo, ter que “mendigar saídas rápidas” da pista.
https://www.mundolusiada.com.br/turismo/tap-com-atrasos-em-37-voos-diarios-devido-a-restricoes-em-lisboa/
“A questão das saídas rápidas há uma década que é conhecida”, referiu o responsável da transportadora, lamentando que a questão ainda não esteja resolvida e dizendo que era “preciso ter sido feito ontem”.
“Se não avançar na velocidade que Portugal precisa, Portugal vai ficar para atrás”, disse o presidente executivo (CEO) da TAP, num debate sobre o aeroporto de Lisboa na Cimeira, referindo que o Turismo já está a sofrer.
“Todos os que estamos aqui já estamos perdendo para outros países”, acrescentou o responsável, notando que, com a atual situação, a “TAP não vai conseguir crescer mais depois do próximo ano”.
Antonoaldo Neves lamentou que a situação esteja dependente “de 30/50 milhões de euros” em investimentos e que, ao mesmo tempo que está a comprar aeronaves, “mendiga uma saidinha rápida”.
No mesmo painel, o presidente da ANA-Aeroportos de Lisboa, Thierry Ligonnière respondeu que se está a “planejar para o futuro, não para amanhã de manhã, para evitar o que aconteceu no aeroporto de Lisboa”.
Sobre datas para alterações nomeadamente nas pistas de Lisboa, como o aumento do espaço para aviões rolarem (taxiway), respondeu apenas: “o mais breve possível”.