Da Redação
Com Lusa
Responsáveis de Portugal, Espanha e França comprometeram-se, numa cimeira em Lisboa, a ter “rapidamente” uma interligação elétrica a ligar os três países, projeto que vai receber “o maior apoio financeiro europeu de sempre” dado a uma infraestrutura energética.
Este projeto envolve Portugal, Espanha e França e tem o intuito de cumprir a meta europeia de 10% do nível de interligações elétricas até 2020, prevendo ligações entre Portugal e Espanha (pela Galiza) e Espanha e França (pelo Golfo da Biscaia e pelos Pirenéus).
No acordo assinado sexta-feira no âmbito da II Cimeira para as Interligações Energéticas que decorreu em Lisboa, “os signatários [Portugal, Espanha e França] congratulam-se com o progresso do projeto estratégico do Golfo da Biscaia”, ao qual foi atribuído “o maior apoio financeiro europeu de sempre a uma infraestrutura energética”.
“Nesse quadro, insistem na necessidade de rapidamente garantir a sua operacionalidade” e “saúdam a prioridade que o BEI [Banco Europeu de Investimento] se compromete a dar na avaliação do financiamento desta infraestrutura”, refere o mesmo documento.
Em causa está um investimento de 578 milhões de euros para a primeira fase, montante que será suportado por fundos comunitários já aprovados pela Comissão Europeia.
A estas verbas acresce financiamento adicional do BEI, ainda não quantificado, para avançar com o projeto, bem como infraestruturas que liguem Portugal e Espanha, entre Vila Fria-Vila do Conde-Recarei (Portugal) e Beariz-Fontefría (Espanha).
No acordo, os países signatários “manifestam, ainda, o seu pleno apoio à aceleração dos trabalhos de preparação e identificação de fontes de financiamento no quadro europeu para avaliar e implementar novos projetos de interligação elétrica entre França e Espanha”, ao mesmo tempo que “reconhecem que as novas interligações necessitarão também de reforços adicionais das redes existentes a fim de usar plenamente a sua capacidade”.
“Comprometidos com a criação da União Europeia da Energia e com a transição energética europeia, os signatários reafirmam o objetivo estratégico das interligações para a concretização de um mercado interno da energia, plenamente operacional, seguro, competitivo, limpo e interligado, e comprometem-se com o incremento da sustentabilidade da energia”, lê-se no documento.
Além das elétricas, preveem-se interligações para o gás, através do “desenvolvimento de infraestruturas de transporte, armazenamento e importação que permitam à Europa beneficiar plenamente desta fonte de energia”, segundo o acordo.
Assim, “Portugal, França e Espanha reconhecem a importância das interligações de gás na região, tanto para fins regionais como enquanto contributo chave para a segurança do abastecimento do mercado europeu do gás natural”.
O documento foi assinado pelos chefes de Governo de Portugal, António Costa, e de Espanha, Pedro Sánchez, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, bem como pelo comissário europeu responsável pela pasta Ação Climática e Energia, o espanhol Miguel Arias Cañete.
Em declarações à agência Lusa, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, salientou que o projeto em causa vai ter “consequências muito importantes como a descida dos preços”.
“A Península Ibérica tem tido, historicamente, preços de energia elétrica mais elevados do que os preços que se praticam no centro da União Europeia, e este isolamento do mercado contribuía para esses preços mais elevados”, justificou.
Ao mesmo tempo, “este aumento de capacidade de interligação vai permitir que cada vez mais Portugal possa escoar uma parte da sua energia, em particular da energia produzida a partir de renováveis”, referiu Caldeira Cabral.
Passo significativo
O primeiro-ministro português afirmou que na cimeira foi “dado um passo significativo” com a definição do financiamento do projeto de infraestruturas e o estabelecimento de metas ambiciosas.
“Esta II Cimeira das Interligações Energéticas não se limitou a reafirmar conclusões anteriores. Foram agora estabelecidas novas metas ambiciosas: até 2020, atingir um nível de 10% de interligações entre a Península Ibérica e a Europa, mas de 15% em 2030”, disse Antonio Costa.
“Creio que esta segunda cimeira, em relação à anterior realizada em Madrid, dá um passo concreto com a assinatura do contrato, fixa novas metas e estabelece um roteiro para termos uma política energética que visa a segurança, a competitividade e a descarbonização da nossa economia”, sustentou o líder do executivo luso.