Mundo Lusíada
Com agencias
Nesta quarta-feira, o mundo celebra o centenário de Nelson Mandela, um dos maiores líderes do século 20. O primeiro presidente negro da África do Sul, que teve papel determinante no fim do sistema de segregação racial conhecido como “apartheid”, completaria 100 anos em 18 de julho.
O homem, também chamado de Madiba, que nasceu livre para correr pelos campos ao redor da cabana onde morava e que passou 27 anos atrás das grades por seu engajamento na luta contra o racismo deixou lições para a humanidade.
Como outros países, também Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) diz em nota que considera “o exemplo e o legado do ex-Presidente sul-africano Nelson Mandela continuam a ser hoje da maior relevância para a cultura de paz e da liberdade a nível mundial”, salientando que este “é um símbolo maior da luta contra o regime injusto e repressivo do ‘apartheid’ na África do Sul.
“Nesse combate de muitos, Nelson Mandela fez a diferença enquanto líder agregador e inspirador, que confrontou quando necessário e dialogou sempre que possível. Quando pôde escolher, escolheu reconciliar, sem com isso perder o rumo da democracia multirracial em que sempre acreditou”, lê-se na nota.
A exemplo de Lisboa, várias homenagens especiais são realizadas no mundo inteiro em memória ao centenário. Uma extensa programação foi preparada e inclui exposições, debates, iniciativas de incentivo à educação, ao voluntariado, publicação de livros, lançamento de filmes, músicas e concertos em tributo ao líder que dedicou sua vida à luta pela liberdade e abriu caminho para a consolidação da democracia no continente africano.
Na África do Sul
O ícone mundial da luta pela liberdade, pela democracia e pela igualdade, deixou um grande legado, e há formas bem interessantes de conhecer a sua trajetória, percorrendo seus passos em uma viagem à África do Sul.
Para isso, o Turismo da África do Sul criou o aplicativo “Madiba’s Journey” (ou “a Jornada de Madiba”), que indica, com riqueza de detalhes, 100 experiências relacionadas à vida de Mandela na África do Sul. É possível acessar textos e áudios, mapas e galerias de fotos. Além disso, utilizando dados de localização dos usuários, o app indica em tempo real a que distância eles se encontram das atrações, podendo ajudar também na organização de itinerários.
Para quem passa por Joanesburgo, vale a pena começar a viagem com uma ida ao Soweto. O bairro é uma das chamadas “townships”, áreas urbanas criadas no período do Apartheid para a habitação de não-brancos, já que estes não podiam viver nos centros das cidades. Soweto foi um importante foco de resistência ao regime de segregação racial, abrigando líderes como Nelson Mandela, que morou lá por 15 anos. É possível visitar sua casa, museu que está localizada na Vilakazi Street¸ única rua do mundo onde viveram dois vencedores do Prêmio Nobel da Paz: o arcebispo emérito Desmond Tutu e Nelson Mandela.
Ainda em Joanesburgo, merece destaque o Museu do Apartheid, que conta de forma interessante e emocionante a história do regime de segregação racial: de como ele começou às histórias de resistência e luta pelo seu fim. Vale visitar também Liliesleaf, fazenda onde se encontravam os principais ativistas contra o Apartheid e onde foram presos alguns deles. Por fim, é interessante ir ao Constitution Hill. Hoje sede do Tribunal Constitucional da África do Sul, foi uma prisão pela qual passaram importantes líderes políticos, como Mahatma Gandhi e Nelson Mandela.
Indo para a Cidade do Cabo, também não faltam experiências relacionadas à vida do líder e à história do Apartheid. É imperdível a ida até a Robben Island, ilha localizada a 30 minutos de barco do V&A Waterfront. Ela já foi base militar, colônia de leprosos e uma das prisões mais importantes do período de segregação racial, onde Mandela passou 18 dos 27 anos em que ficou encarcerado. O tour na ilha permite uma melhor compreensão de como era a vida dos que viveram por lá, sendo dividido em duas partes: uma a pé por dentro da prisão, guiada por um ex-prisioneiro político, e uma de ônibus pela ilha.
No centro da cidade, é interessante conhecer o Museu District Six, que conta a história do bairro de mesmo nome, onde ocorreu uma remoção forçada de pessoas. Os moradores não-brancos foram levados pelo regime do Apartheid para o subúrbio da cidade, para as já citadas “townships”, e suas residências foram completamente destruídas. É possível visitar o museu ou mesmo o bairro sendo guiado por um antigo morador da região com histórias importantes e emocionantes para contar.
Quem estender a viagem até a cidade de Port Elizabeth pode visitar a escultura Volting Line, que representa as primeiras eleições democráticas da África do Sul, realizadas em 1994. Já para aqueles que vão até a província de KwaZulu-Natal, um ponto interessante é Howik, local da captura de Mandela, onde há uma escultura em sua homenagem. O local fica há 1h30 de Durban, principal cidade da região.
Mais experiências espalhadas por toda a África do Sul podem ser encontradas no aplicativo.
Mandela nasceu em Mvezo, pequeno vilarejo tribal localizado na província sul-africana de Eastern Cape, em 1918. Ainda jovem se envolveu no ativismo político e, com o passar dos anos, se tornou uma das mais importantes figuras na luta contra o Apartheid, regime de segregação racial que perdurou em seu país de 1948 a 1994. Depois de passar 27 anos na cadeia, saiu para ser eleito presidente da África do Sul nas primeiras eleições democráticas do país, em 1994. A partir dali, comandou o fim do regime de Apartheid e iniciou o movimento para acabar com a segregação racial. Antes disso, em 1993, ganhou um Prêmio Nobel da Paz. Faleceu aos 95 anos, em 2013.
O aplicativo Madiba’s Journey está disponível para download no iTunes da Apple (para smartphones com sistema iOS) e no Google Play (para Android).